PUBLICIDADE

Zeca do PT desiste de alianças com PFL e PSDB

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

Depois de uma semana de crise e cinco horas de reunião com a executiva nacional do PT, o governador de Mato Grosso do Sul, José Orcírio Miranda dos Santos, fez um recuo tático e admitiu ter cometido "falhas" ao defender a ampliação do leque de alianças em sua equipe, do PFL ao PSDB, para enfrentar o "cerco" do PMDB à sua administração. Ao mesmo tempo, a cúpula petista admitiu que precisa ajudar mais o governador, conhecido como Zeca do PT, a enfrentar as dificuldades políticas e administrativas. Foi um mea-culpa coletivo para encerrar o impasse que, na visão dos dirigentes, estava prejudicando a imagem do PT para as eleições de 2002. Antes de adotar um tom mais cauteloso, Zeca já havia conversado com o presidente de honra do PT, Luiz Inácio Lula da Silva. O governador chegou a São Paulo no domingo à noite. Jantou com Lula, em São Bernardo do Campo e, ontem, tomou café da manhã com o líder petista e com o deputado José Dirceu, presidente do PT. "O desafio não é cometer falhas, mas, sim, ter humildade para reconhecê-las, e eu tenho", disse Zeca, um moderado que integra a tendência Articulação/Unidade na Luta, a mesma facção de Lula e Dirceu. Em nota divulgada na tarde de ontem, a executiva do PT condenou o convite feito pelo governador ao ex-deputado Saulo Queiroz, diretor-executivo do PFL. Na semana passada, Zeca chamou Saulo para assumir a Secretaria Extraordinária de Articulação Institucional, mas o pefelista recusou a oferta. Candidato à reeleição, em 2002, o governador falava em ampliar as alianças sem enxergar barreiras ideológicas à sua frente. Ontem, porém, ele mudou um pouco o discurso. "A partir de agora, vamos construir a política de alianças no Estado de acordo com o que o encontro nacional do PT definiu, em 1999", observou Zeca, numa referência ao veto de seu partido a namoros e casamentos com o PFL e com partidos que rezam pela "cartilha neoliberal" do governo de Fernando Henrique Cardoso. Ele não deixou de manifestar, porém, seu desagrado a respeito da citação do nome de seu amigo Saulo Queiroz na nota da executiva. "Discordando da questão do Saulo, de comum acordo com os companheiros eu considero este caso encerrado", afirmou. Não foi sem motivo que Zeca do PT iniciou a aproximação com o PFL e admitiu procurar os tucanos e até setores do PMDB. Seu maior rival é o prefeito de Campo Grande, André Puccinelli (PMDB). Bem-avaliado pela população, Puccinelli quer concorrer à sucessão de Zeca, no ano que vem, e está conseguindo montar ampla rede de apoio para sua candidatura, deixando o governador isolado. "Esse caso concreto acendeu uma luz na direção do PT e vamos manter uma nova relação com o Zeca", disse José Dirceu. "Mas, se é para chorar as dificuldades eleitorais, choraremos todos juntos", provocou a senadora Heloísa Helena (PT-AL). "Também estou isolada e nem por isso acho que devemos mutilar as decisões do partido", completou a senadora, que planeja disputar o governo de Alagoas. De qualquer forma, a nota do PT sustenta que é preciso "construir instrumentos e mecanismos de articulação e de maior entrosamento político" com a administração de Mato Grosso do Sul. Uma das medidas acertadas foi a criação de um conselho político no governo de Zeca - formado por integrantes do PT, PPS, PDT, PSB e PC do B. Além disso, o PT terá uma Secretaria de Assuntos de Estado, a ser comandada pelo deputado Jorge Bittar (PT-RJ). Zeca garantiu que não sairá do PT. "Se, eventualmente, eu fizesse isso, voltaria para casa, pois carrego o PT até no nome", argumentou ele. Leia Também: Faz parte do show

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.