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Espaços públicos, caminhadas e urbanidade.

Agora em português, o guia que ensina a fazer ruas mais seguras, agradáveis e economicamente viáveis

Por Mauro Calliari
Atualização:
 

Intervenção em Fortaleza. Foto Global Designing Cities/Marcos Moura

Amanhã será lançado a versão em português do "Guia Global de Desenho de Ruas ", que tem tudo para ajudar arquitetos, urbanistas, engenheiros, paisagistas a desenharem ruas com mais qualidade.

 

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O livro é patrocinado pela Bloomberg Philantropies, uma ONG financiada por Michael Bloomberg, o ex-prefeito de Nova York que promoveu uma pequena revolução na cidade, ao abrir espaços para calçadas e ciclovias e provar, com resultados mensuráveis como isso fez bem para a economia das ruas.

Com uma enormidade de exemplos de cidades em 42 países diferentes, incluindo o Brasil, dezenas de fotos ANTES-DEPOIS, dicas práticas em edição primorosa, o livro é uma inspiração para quem vai construir e reformar as ruas, mas tem muito mais do que isso:

O papel das ruas na cidade contemporânea

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As ruas ocupam a maior parte do espaço público das cidades. Elas servem para nos movermos para lá e para cá, claro. Mas são muito mais que isso.São também o lugar onde as crianças brincam, onde adultos encontram vizinhos, onde se celebra em bares, onde se vende mercadorias, onde se experimenta a cidade.  É preciso levar em consideração isso tudo para restaurar o papel da nossas ruas. Para desenhar uma rua, é preciso pensar no ponto de vista das pessoas e no lugar.

 A importância de saber o que medir

O livro ressalta a importância das métricas. O pessoal que trabalhou com Michael Bloomberg conta que ele sempre foi obcecado com resultados: "Para algumas coisas, é bom ter fé em Deus. Para todas as outras, melhor trazer números". Na prática, isso obriga as pessoas a pensarem antes em quais são as variáveis que se quer melhorar e a partir daí, medir tudo: movimento das lojas, imposto, número de turistas, faturamento. Qualidade da vida na rua também pode ser medida: número de acidentes, quedas, tempo em que a pessoa fica na rua, etc.

O paradigma de eficiência no transporte está mudando rapidamente em toda parte.

Hoje não se pensa só em quantos carros passam por tal lugar por hora, mas sim quantas pessoas. Isso inclui pedestres e passageiros em ônibus e muda dramaticamente a clareza no que deve ser prioridade.

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Propostas para becos e mega-avenidas

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Não há solução igual para problemas diferentes, cadarua tem suas particularidades. Com esse raciocínio, o livro oferece um menu enorme de propostas de soluções, desde becos de 4 metros de largura, ruas de bairro, avenidas, até chegar à Avenida 9 de Julho em Buenos Aires, de 140 metros de largura, que passo por uma mega-reforma nos últimos anos e hoje é um exemplo de uso mais racional do espaço.

Uso compartilhado

Nós já conhecemos bem as ruas de pedestre no centro de São Paulo, implantadas ainda na década de 1970, inspiradas na experiência pioneira de Curitiba. De lá para cá, muitas novas soluções estão sendo criadas pelo mundo. O livro mostra dezenas de casos de usos compartilhados, em que os carros são obrigados a andar a 10km/hora para poder dar mais tranquilidade aos pedestres.

O espaço é fixo. Seu uso, não

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Pedestres podem ter mais espaço Bicicletas e transporte público idem. Normalmente, quem perde espaço nos redesenhos é o carro, mas principalmente aqueles que ficam parados na rua, ocupando um espaço importante por oito horas seguidas sem trazer nenhum benefício à cidade.

 
 

9a avenida, NY. Antes e depois do redesenho

 

Desenho é tudo

A prática no Brasil mostra que gestores públicos e legisladores muitas vezes acham que mudando a lei, todo o resto vai acontecer. Nos casos mostrados, o livro demonstra que o bom projeto é o que dá concretude a boas intenções.

 

O guia explica como o desenho pode induzir mudanças no comportamento de motoristas e no uso da rua.

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Participação ativa na discussão e implantação rápida

Há muitos casos de ruas que foram mudadas na base da negociação. Boas ideias aparecem de todos os envolvidos. Muitas vezes, gestores públicos acham que envolver comunidades, comerciantes, moradores, passantes é perda de tempo, mas é justamente essa fase que dá a segurança de uma implantação rápida no futuro.

O comércio pode aumentar o faturamento com ruas completas

O livro tem dezenas de dados sobre varejistas que aumentaram o volume de venda com implantação de calçadas mais largas e ciclovia. Se, em tese, é possível pensar em casos opostos, a verdadeira lição do livro é: meça tudo. Sem medir, tudo vira achismo. Alguns casos mostram que mesmo os comerciantes foram surpreendidos ao descobrir que mais compradores chegavam a pé do que de carro aos seus negócios. Boas reflexões para nortear pesquisas e discussões entre os comerciantes brasileiros.

Testar antes, medir resultados e tomar decisão

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Segundo Skye Duncan, diretora da NACTO, um braço da fundação Bloomberg, que está no Brasil para o lançamento, as pessoas ficam apreensivas quando se deparam com mudanças no seu cotidiano. Essa é a razão para testar primeiro, antes de fazer a implantação definitiva.

É o caso da emblemática mudança na Times Square, em Nova York. Apenas depois de meses de teste, com resultados e medições, a prefeitura teve o respaldo para implantar as mexidas mais definitivas.

É um exemplo para nós, brasileiros, nos dois sentidos:não demorar para implantar definitivamente o que já deu certo e mexer rapidamente no que deu errado.

 

Times Square, NY, após a mudança. Foto Escritório Snohetta

 

A versão em PDF, inglês, está disponível em https://globaldesigningcities.org/publication/global-street-design-guide/https://globaldesigningcities.org/publication/global-street-design-guide/

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