FRANCA - A família de Guilherme Longo, principal suspeito da morte do garoto Joaquim Marques Ponte, de 3 anos, instalou cerca de arame farpado no entorno da casa onde ele morava com o menino, a mulher e o filho de três meses do casal, em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo. O imóvel, no Jardim Independência, será palco de uma reconstituição do suposto assassinato de Joaquim, cujo corpo foi encontrado no dia 10 em um córrego em Barretos, a 150 quilômetros de Ribeirão.
O motivo da cerca, que está sobre o muro e o portão, seria evitar invasões à residência, desocupada há mais de uma semana, desde que o casal foi preso após o corpo de Joaquim ser encontrado boiando no Rio Pardo. Antes disso, o menino havia desaparecido misteriosamente de seu quarto, em Ribeirão, durante a madrugada do dia 5. A mãe de Joaquim, a psicóloga Natália Ponte, também é investigada.
O imóvel onde a família morava pertence a Dimas Longo, pai de Guilherme. O padrasto deve participar da reconstituição, mas a presença de Natália ainda não foi confirmada. Segundo a polícia, falta acertar apenas alguns detalhes relacionados à segurança para que isso seja feito. Desde a morte do menino, a frente da casa tem sido ponto de peregrinação e recebido muitas homenagens de populares.
Ponto-chave. A Polícia Civil diz já ter elementos importantes na investigação capazes de incriminar Guilherme Longo. "Vamos prosseguir nas diligências, mas já temos um ponto-chave que não podemos revelar", afirmou o delegado Paulo Henrique Martins de Castro, responsável por tentar elucidar o caso.
Nessa segunda-feira, 18, ele voltou a ouvir os dois suspeitos, mas não revelou o conteúdo dos depoimentos. Garantiu, porém, que ajudaram a evoluir nas investigações.
Cronologia do caso:
5 DE NOVEMBROJoaquim Ponte Marques, de 3 anos, desaparece de casa, em Ribeirão Preto, durante a madrugada, após ser colocado para dormir pelo padrasto, por volta da meia-noite, segundo a mãe, a psicóloga Natália Ponte, de 29 anos. Eles afirmam não ter saído de casa. Um dia antes, o padrasto Guilherme Rayme Longo, de 28, foi internado após tentar o suicídio tomando uma cartela de calmante.
DIA 6A Polícia Civil pede a prisão do casal por contradição. Um cão farejador aponta que Guilherme e Joaquim percorreram a pé o trajeto de casa até um córrego. O padrasto afirma ter saído de casa a pé depois da meia-noite, sem que a mulher visse, para comprar cocaína - ele é viciado - e voltado 40 minutos depois sem encontrar a droga.
DIA 7A Justiça nega o pedido de prisão do casal e o desaparecimento ganha repercussão nacional. A cidade comovida se envolve nas buscas. A polícia revela que o menino pode estar morto e que o corpo teria sido jogado em um rio.
DIA 8A polícia pede a quebra do sigilo telefônico do casal e de parentes. O padrasto afirma ter trocado dias antes o telefone celular por quatro cápsulas de cocaína.
DIA 10O corpo de Joaquim, em decomposição, é encontrado boiando no Rio Pardo, em Barretos, a cerca de 150 quilômetros de Ribeirão. A Justiça decreta a prisão temporária do casal por 30 dias
DIA 11Imagens das câmeras de segurança mostram no trajeto feito pelo cão farejador uma pessoa passando com um pano no colo e voltando sem ele depois. Natália presta depoimento e revela que o padrasto era agressivo e tinha ciúmes de Joaquim. Ela afirma também que ele disse ter se autoaplicado 30 doses da insulina no menino
DIA 13O padrasto presta depoimento e nega participação no crime. Ele diz que aplicou nele mesmo as 30 doses de insulina para conter a vontade de usar cocaína. Longo nega também as agressões a Natália