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CPI quer saber quem é o superior que barrou alertas da Sabesp

Vereadores também querem que MPE investigue Dilma Pena; em gravação ela diz que recebeu ordens para não informar sobre crise

Por Rafael Italiani
Atualização:

Atualizada às 22h29

SÃO PAULO - A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) na Câmara Municipal vai pedir que a presidente da companhia, Dilma Pena, revele quem foi o superior que a orientou a não informar à população sobre a crise hídrica. Ela também será ouvida pelo Ministério Público Estadual (MPE) no inquérito que investiga a responsabilidade do governador Geraldo Alckmin (PSDB) na seca dos reservatórios. 
Na Câmara, os vereadores aprovaram nesta quarta-feira, 29, um requerimento endereçado à presidente da Sabesp. Os parlamentares pedem explicações sobre os áudios da reunião da Sabesp que vazaram na sexta-feira passada. Na gravação, Dilma afirma que “superiores” barraram ações na mídia para estimular a economia de água. 
“Queremos saber quem a orientou a não fazer o que ela deveria ter feito. Ela não é subordinada a ninguém além do interesse público. É essa norma que ela tem de seguir”, afirmou o vereador Laércio Benko, presidente da CPI. 

Na última sexta-feira, 24, foram divulgados áudios de uma reunião entre Dilma Pena e o diretor metropolitano da companhia, Paulo Massato, com outros membros da cúpula da Sabesp Foto: Nilton Fukuda/Estadão

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Dilma foi ouvida pela comissão no dia 8 e disse que todas as decisões tomadas pela Sabesp tinham sido técnicas. Benko entende que a gravação diz o contrário e que as escolhas têm sido políticas. Caso fique comprovado que ela prestou um falso testemunho na CPI, os vereadores podem pedir que Dilma seja denunciada pelo MPE pelo crime de falso testemunho. 
O gabinete do vereador Nelo Rodolfo (PMDB), relator da comissão, vai pedir que os promotores investiguem a presidente da Sabesp por improbidade administrativa e prevaricação. 
Procurada, a assessoria de imprensa da Sabesp respondeu com a mesma nota sobre o vazamentos da gravação, afirmando que o áudio diz respeito a uma reunião com o objetivo de atualizar as equipes sobre a crise e ampliar as ações “operacionais e de comunicação para o uso racional da água”.
A companhia voltou a repetir que o áudio “foi extraído de forma distorcida”.
Mais pressão. Na semana passada, os deputados estaduais de oposição da Assembleia Legislativa já tinham feito o mesmo pedido ao MPE, após o vazamento dos áudios. O PSOL e o PT solicitam que Alckmin seja investigado na crise hídrica. 
Agora, a Comissão de Infraestrutura da Assembleia Legislativa - que é permanente - também quer levar a presidente da companhia para prestar esclarecimentos sobre os áudios. “Esperamos que o governo do Estado tenha mais transparência. Há muitas dúvidas e informações contraditórias no trato com a água tão importante”, disse Alencar Braga (PT), presidente da comissão. 

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