SÃO PAULO - O motorista Alfredo José dos Santos, de 36 anos, o homem que fez a juíza Tatiane Moreira Lima refém e ameaçou incendiá-la, na tarde de quarta-feira, 30, responde a processo criminal por agressão contra a ex-mulher na Vara de Violência Doméstica presidida pela magistrada, no Fórum do Butantã, na zona oeste. O ato foi repudiado nesta quinta pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski.
O Fórum do Butantã ficou fechado na quinta-feira, 31, e não se sabe se haverá expediente nesta sexta, 1º. Para Lewandowski, o crime contra a juíza “expõe de maneira explícita e cruel a intolerância e brutalidade e é motivo de preocupação para o País”, disse em nota. O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) informou, sem detalhar, que serão tomadas medidas para garantir a segurança dos funcionários do fórum.
Na rua. O primeiro crime envolvendo o motorista aconteceu em 21 de agosto de 2013. A auxiliar de serviços gerais Andréa Conceição, de 42 anos, voltava para casa a pé quando foi atacada por Santos, na Rua Frederico Lecor. Ela foi agredida com socos, chutes e só conseguiu escapar porque gritou por socorro. Uma amiga dela ouviu os gritos e a socorreu. Santos fugiu. O caso foi registrado no 33.º DP (Pirituba) como violência doméstica e lesão corporal.
Um mês depois, Santos registrou dois boletins de ocorrência na mesma delegacia acusando Andréa de maus-tratos contra o filho de 4 anos. Afirmou também que ela o proibia de visitar a criança. As acusações não foram confirmadas pela polícia. Santos acabou indiciado por crime de violência doméstica e passou a ser processado no Fórum do Butantã.
Ele não se conformava com a postura rigorosa da magistrada nas audiências. Segundo a polícia, Santos prestaria depoimento à juíza às 14h15 de quarta-feira. Chegou antes, no entanto, e entrou correndo pela saída.
Ele carregava material explosivo e incendiou um dos corredores, o que impediu uma ação mais rápida dos seguranças. Em seguida, correu para a sala de audiência onde estava a juíza e a dominou dando numa “gravata”. Tatiane foi agredida e jogada no chão.
O agressor jogou gasolina e um produto químico inflamável no corpo da magistrada e ameaçou queimá-la com um isqueiro. Policiais militares e civis passaram a negociar a libertação da juíza. A ação foi gravada a pedido do criminoso. Em uma das cenas, o homem obriga a juíza a dizer que ele é inocente das acusações de agressão. Santos acaba detido pelos policiais em um momento de distração. Ele foi preso por tentativa de homicídio e resistência.