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Pernambuco pega 110 anos por morte de Liana e Felipe

Comparsa de Champinha é o último acusado a ir a julgamento pela morte do casal em novembro de 2003

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Por Camilla Haddad e Camilla Rigi

Paulo César da Silva Marques, o Pernambuco, foi condenado nesta quinta-feira, 9, a 110 anos e 18 dias de prisão pelo seqüestro e morte do casal Liana Friedenbach e Felipe Caffé, em 1º novembro de 2003, em Embu-Guaçu, na Grande São Paulo. Ele era acusado de ter rendido o casal, matado Felippe com um tiro na nuca e estuprado Liana. Pernambuco, que estava preso desde a época do crime no Cadeião de Pinheiros, zona oeste da capital, foi o último dos cinco envolvidos no crime a ser julgado. Os sete jurados - quatro mulheres e três homens - condenaram o réu por todos os crimes pelos quais foi indiciado - homicídio qualificado, seqüestro, estupro e cárcere privado. O homicídio de Liana foi triplamente qualificado, devido ao meio cruel com que foi cometido, à impossibilidade de defesa da vítima e também porque a morte foi para ocultar o crime. No caso da morte de Felipe, houve os mesmos qualificadores, menos o de meio cruel de execução. O julgamento foi iniciado na quarta-feira e só terminou nesta quinta, às 20h30. A defesa poderia recorrer da sentença, mas o advogado de Pernambuco, Bernardo Carvalho, disse que ele prefere cumprir a pena. No segundo dia de julgamento, os trabalhos foram reiniciados por volta das 10 horas. A acusação utilizou integralmente as três horas a que tinha direito para demonstrar a culpa de Pernambuco. Já a defesa argumentou durante 1h45. Na quarta-feira, Carvalho havia anunciado que apresentaria "uma ‘bomba’" que poderia mudar a opinião do júri popular. "Infelizmente não conseguimos realizar (o plano). Era uma pessoa que viria ao júri e isso poderia ter dado um outro resultado", disse o advogado, sem entrar em detalhes. Para o promotor Norberto Joia, "a única novidade foi a coragem do réu de, após ter confessado em juízo, dizer que, na verdade, ele teria sido coagido a tanto". Em seu depoimento na quarta-feira, Pernambuco negou sua participação nos crimes e afirmou que teria confessado sob forte pressão e tortura cometidas pela polícia. Os outros participantes dos crimes já haviam sido julgados em julho do ano passado - Antonio Caetano da Silva, Agnaldo Pires e Antônio Mathias de Barros foram condenados, respectivamente, a 124, 47 e 6 anos de prisão. Considerado o líder do bando, R.A.A.C., o Champinha, era menor de idade na época da morte do casal e, por isso, não será julgado pelo crime. Ele completará 21 anos em 9 de dezembro, o que impede, do ponto de vista legal, sua permanência na Unidade Experimental de Saúde da Fundação Casa (antiga Febem), na Vila Maria, zona norte da capital. No entanto, o Estado ainda não definiu qual será seu destino. Alívio Ao saber da condenação, a mãe de Felipe, Lenice Caffé, disse que estava aliviada. "Estava vivendo dois pesadelos. Agora passo a viver só com um, que é a morte do meu filho." A advogada Andrea Zuppo Franco, assistente de acusação, chorou antes mesmo de saber a pena. "Foi além das expectativas. Meu sentimento é de dever cumprido." Ela contou que, durante a leitura da sentença, o réu ficou de cabeça baixa e ficou calado o tempo todo. Assim que chegou a Embu-Guaçu, o pai de Liana, Ari Friedenbach, disse que esperava uma pena de cerca de 150 anos. Após saber que Pernambuco havia pegado 110 anos, ele considerou a sentença adequada. "É do tamanho que ele merece. Minha sensação é de que a Justiça dos homens foi feita."

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