Como ajudar alguém que está sofrendo bullying na escola?

De acordo com a psicóloga Yael Gotlieb é preciso, antes de mais nada, estar atento e se mostrar empático com a dor do outro

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Por Redação
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Em casos de bullying é importante que os amigos e a família sejam um suporte para a vítima Foto: Unsplash/Caleb Woods

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Minha irmã está sofrendo bullying na escola. Como posso ajudar? Anônimo, São PauloResponde Yael Gotlieb, psicóloga e psicanalista, mestre em Saúde Materno Infantil e Doutora em Desenvolvimento Humano pela Universidade de São Paulo (USP). O ponto principal é se mostrar empático com a dor, jamais desmerecê-la e favorecer a construção de um diálogo em que a própria criança ou adolescente desenvolva estratégias para lidar com a situação.

Outra coisa importante é sempre comunicar à direção da escola o que está ocorrendo. Com crianças, é possível haver uma conversa direta ou os educadores podem promover uma roda de conversa, por exemplo, não colocando o holofote na vítima. Com adolescentes, o que tem sido praticado mais comumente são palestras e conversas com especialistas para o grupo todo. Porém, é necessário contar com uma equipe multidisciplinar atenta e capaz de tomar as devidas providências na hora adequada. 

Os irmãos (ou os amigos), se estudam na mesma escola, podem ajudar ficando de olho em momentos compartilhados, como na chegada, na saída e no tempo de intervalo. Se e quando observarem alguma situação, podem se aproximar, perguntar se está tudo bem e se precisam de alguma coisa. Devem-se fazer perguntas diretas, sem acusar ou partir para a briga – mesmo que isso seja o que mais se deseje fazer. Mostrar ao agressor que há pessoas cuidando da vítima tende a enfraquecê-lo. 

É preciso destacar que não se deve “passar por cima”; deixar a criança ou o adolescente em uma condição de impotência para se defender só piora as coisas. A ideia é ser um suporte. 

Uma família atenta e acolhedora é o ponto-chave para uma saída saudável da situação

Yael Gotlieb, psicóloga

A busca por atendimentos psicológico e psiquiátrico não deve ser descartada, especificamente quando há presença de sintomas, entre eles: insônia ou sono prolongado demais, aumento ou perda de apetite, isolamento, choro e, em casos mais graves, automutilação ou ideação suicida como meios de interromper o mal-estar. 

Importante ressaltar que uma família atenta e acolhedora é o ponto-chave para uma saída saudável da situação. 

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Infelizmente, falar sobre a ocorrência de bullying na infância e adolescência é, hoje em dia, algo natural. Crianças e adolescentes sofrem muitos ataques de todas as ordens possíveis: físicas, emocionais, sociais, raciais e culturais. No entanto, educadores, pais, irmãos e amigos, às vezes, nem sabem que aquele sujeito vem sendo alvo.

Muitas vezes as vítimas não contam por medo, vergonha de ser “alguém diferente” ou até por culpa, achando que produziu algum mal-estar. Nesse caso, o que aparece no lugar da fala são comportamentos incomuns, repletos de dissonância com a rotina da casa. É preciso estar atento.

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