BRASÍLIA - Aeroportos brasileiros vão passar a veicular mensagens de alerta aos passageiros sobre os riscos de Ebola a partir deste sábado, 9. A decisão integra um pacote de medidas adotado pelo governo brasileiro horas depois de a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretar estado de emergência sanitária internacional por causa da doença, que já provocou 1.711 casos na África Ocidental e 932 mortes.
Não haverá restrição de viagens para áreas afetadas. A decisão, de acordo com o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa, segue as recomendações feitas pela própria OMS. De acordo com ele, continua a avaliação de que é improvável a existência de um surto da doença no Brasil.
"Não há risco de transmissão de Ebola no Brasil. Não vamos fazer restrições de viagens e vamos continuar a investigação e a vigilância epidemiológica dos viajantes", afirmou o ministro da Saúde, Arthur Chioro. Ele recomendou que profissionais de saúde brasileiros não viajem para a região afetada, sem que haja um pedido oficial de autoridades sanitárias do Brasil. O secretário esclareceu que a doença é transmitida somente quando o paciente já está com sintomas: febre, vômito e hemorragias. Caso o paciente apresente o problema durante uma viagem, a tripulação do avião deve adotar uma série de medidas para isolar o paciente e avisar autoridades sanitárias antes do desembarque. Nessas ocasiões, o avião é levado para uma área remota e o paciente, atendido por uma equipe do Samu e deslocado para um hospital de referência. As pessoas que tiveram contato com o paciente são acompanhadas. "Os sintomas são fortes, não há como passar despercebido", afirmou o ministro. Há também a possibilidade de o paciente desembarcar ainda no período de incubação da doença e, portanto, sem sintomas. "Nessa situação, o caso será identificado nos sistemas de saúde", disse o secretário. O Ministério da Saúde enviou esta semana para os Estados recomendações sobre como proceder caso serviços recebam pessoas com suspeita da doença. São considerados suspeitos pacientes que passaram, nos últimos 21 dias por países de incidência da doença que tenham tido febre de início súbito com sinais de hemorragia, viajantes e profissionais de saúde que tiveram contato com pessoas doentes ou em rituais fúnebres. Numa situação de um paciente ser identificado, uma equipe de resposta será encaminhada do Ministério da Saúde para o local. "Essa equipe irá independentemente da solicitação do Estado", disse o ministro da Saúde, Arthur Chioro. O paciente deve permanecer em isolamento, em um hospital de referência, o material deve ser descartado de acordo com normas de segurança, pessoas que tiveram contato com paciente suspeito deverão ser acompanhadas e o material para fazer o diagnóstico, coletado. O exame é encaminhado somente para o Instituto Evandro Chagas, o único no País com condições de fazer a identificação em condições de segurança. "Medida de prevenção e controle deve ser adotada de acordo com a situação que o País está enfrentando", disse o secretário de Vigilância em Saúde. Ele observou que a OMS recomendou providências mais restritivas para países que vivem surto da doença. "Se a contenção ocorrer lá, o risco em duas, três, quatro semanas será reduzido e o mundo poderá ficar tranquilo", disse Barbosa.