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Infelizmente não deu tempo, diz adolescente na fila da vacina sobre mãe morta pela covid

São Paulo começou a imunização de jovens de 16 e 17 anos que tenham comorbidades; expectativa é de aplicar 48 mil doses neste grupo na capital

Por Felipe Resk
Atualização:
São Paulo iniciou a vacinação de adolescentes de 16 e 17 anos, com deficiências e comorbidades, na quarta-feira Foto: Felipe Rau/Estadão

SÃO PAULO - A cidade de São Paulo deu início nesta quarta-feira, 18, à vacinação contra covid-19 de adolescentes de 16 e 17 anos com comorbidade ou deficiência permanente. Com público estimado em 48 mil pessoas, pequeno em comparação a grupos anteriores, os jovens eram minoria nas filas de postos de saúde, comemoraram o avanço da faixa etária na capital e demonstravam ansiedade para receber a primeira dose do imunizante.

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O Estadão visitou cinco postos de saúde nesta manhã e constatou que a maior parte do público, na verdade, era de pessoas que precisavam receber a segunda dose. Nesses locais, a vacinação de adultos e adolescentes transcorria sem transtornos. 

Por volta das 11 horas, a fila passava pouco do portão da Unidade Básica de Saúde (UBS) Vila Espanhola, região do Limão, na zona norte. Acompanhado da irmã com mais de 18 anos, sua responsável, o estudante Guilherme Costa, de 17, esperava pacientemente sua vez de vacinar.

O estudante Guilherme Costa, 17, foi ao posto de saúde para se imunizar contra covid Foto: Felipe Rau/Estadão

Guilherme perdeu a mãe, a professora Adriana Costa, de 44, para a covid em abril. “Todo esse período tem sido muito complicado. Não dá para entender as pessoas que ficam resistindo e não vão se vacinar: é o único jeito de a situação melhorar”, diz o jovem, que faz tratamento de diabetes.

Segundo relata, todas as pessoas da família foram contaminadas no mesmo período. Ele e a irmã desenvolveram quadros leves. O pai chegou a precisar de internação, mas se recuperou. Já Adriana não resistiu à doença após três dias na UTI. “Minha mãe não via a hora de ser a vez dela. Ficava falando da vacina toda hora. Infelizmente não deu tempo.”

Prestes a começar o curso de Fisioterapia, a estudante Giovana Padin, de 17 anos, contava os dias para a vacinação. “Eu estava muito ansiosa. A vacina dá esperança”, comenta a jovem, que foi com a mãe ao posto de saúde.

Com diagnóstico de arritmia cardíaca, a estudante relata ter recebido mensagem de assistente social confirmando que ela poderia ser atendida na unidade nesta manhã. Uma das dificuldades para a vacinação de menores de 18 anos é que, até o momento, só o imunizante da Pfizer está autorizado a ser aplicado no grupo pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

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Giovana Padin, 17, relata ansiedade pela vacina Foto: Felipe Rau/Estadão

“Eu estava com receio, porque ontem um amigo veio aqui para tomar a segunda dose de Pfizer e não tinha”, afirma Marisa Oliveira, mãe da estudante Julia Oliveira, de 17 anos. Elas procuraram a UBS Adelaide Lopes, também na zona norte. “Fiquei bastante ansiosa… Demorou para começar a vacinar, mas depois os grupos andaram mais rápido do que imaginei”, comentou a filha.

De acordo com a Prefeitura, os adolescentes aptos a receber o imunizante devem estar acompanhados do responsável na vacinação. “No caso de impossibilidade do acompanhamento do responsável, o adolescente deve estar acompanhado de um adulto e apresentar uma autorização assinada pelo responsável”, orienta, em nota.

Para os adolescentes com doença crônica, é necessário levar comprovante de condição de riscos. A lista de comorbidades inclui diabetes, pneumopatias crônicas (asma grave, por exemplo) e doenças cardiovasculares, como arritmia ou insuficiência cardíaca. 

Também são elegíveis os adolescentes da faixa etária que tenham deficiência permanente. No grupo, estão jovem com limitação motora, deficiência intelectual permanente, incapacidade auditiva e baixa visão ou cegueira.

 

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