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MP avalia pedido para excluir cerimônias religiosas da lista de serviços essenciais em SP

Procurador-geral disse examinar a medida após encontro com parlamentares e representantes do governo. Gestão Doria realizou alteração que beneficiou cultos e missas na semana passada, sob crítica de especialistas

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Por Marco Antônio Carvalho
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O procurador-geral de Justiça de São Paulo, Mario Sarrubbo, disse nesta segunda-feira, 8, que examina uma recomendação voltada ao governo do Estado para que celebrações religiosas sejam excluídas do rol de atividades essenciais. A inclusão foi feita pelo governador João Doria (PSDB) no início da semana passada e possibilitou que cultos e missas aconteçam mesmo durante a fase vermelha, a mais restritiva no combate à propagação do novo coronavírus.

O Padre Michelino Roberto em missa durante apandemia do novo coronavírus Foto: Marcelo Chello/ Estadão

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Representantes do Ministério Público realizaram uma reunião virtual nesta segunda com parlamentares que representam lideranças religiosas e membros do governo de São Paulo. Em nota após o encontro, a instituição disse que Sarrubbo examina vários cenários, incluindo a recomendação para exclusão do rol de atividades essenciais. Caso a recomendação seja efetuada, ficaria liberado apenas o ingresso dos fiéis para oração nos templos, sem celebrações com algum grau de aglomeração.

“Temos que diminuir ao máximo a circulação de pessoas. Temos procurado enfrentar a pandemia com muita responsabilidade”, declarou em nota o procurador-geral. “De duas semanas para cá, a situação progride de forma nunca antes vista”, apontou o coordenador de crise da covid-19 do MP, o promotor Arthur Pinto Filho. A instituição reforçou o posicionamento citando dados sobre o nível de ocupação das UTIs em diferentes regiões do Estado. 

A instituição não informou quando o procurador-geral deve tomar uma decisão sobre a possível recomendação ao governo do Estado. Procurada pela reportagem, a gestão Doria disse apenas que os secretários Marco Vinholi (Desenvolvimento regional) e Patricia Ellen (Desenvolvimento econômico) prestaram todos os esclarecimentos ao Ministério Público sobre os protocolos para os templos religiosos.

Para especialistas ouvidos pelo Estadão, as cerimônias religiosas, geralmente realizadas em locais fechados e com número grande de pessoas, têm alto risco de contaminação e vão na contramão dos esforços implementados para evitar um colapso da rede de saúde. 

“Neste momento da pandemia, com as altíssimas taxas de transmissão que temos, considero essa medida totalmente incorreta, porque existem vários relatos de milhares de casos e centenas de surtos ligados a eventos religiosos só aqui nos Estados Unidos, por exemplo, e vários publicados ao redor do mundo, disse na semana passada a epidemiologista Denise Garrett, vice-presidente do Instituto Sabin Vaccine.

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