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Na web, jovens soropositivos quebram mitos sobre o HIV e a aids

Criadores de conteúdo expõem nas redes sociais e no YouTube rotina sem tabus e não escondem desafios e preconceitos

Por Paula Felix
Atualização:

A experiência de receber o diagnóstico e viver com o HIV tem sido cada vez mais discutida nas redes sociais e em canais do YouTube. Criadas por jovens, as páginas abordam o tema sem julgamentos e tabus, mas não escondem os desafios do tratamento e os preconceitos da sociedade.

'Não sou portador do vírus, porto meu CPF, RG' Foto: NILTON FUKUDA/ESTADÃO

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Criador de conteúdo sobre HIV, Lucas Raniel, de 27 anos, fez o primeiro vídeo sobre o tema há dois anos no Facebook. Com a repercussão, lançou um canal no YouTube chamado Falo Memo. Agora, foca suas postagens no Instagram. “As pessoas não têm consciência de como funcionam as novas tecnologias para tratamento e prevenção, e não têm acesso a informações corretas.”

Ele diz que utiliza uma linguagem clara para dialogar com seus seguidores, a maioria jovens de 15 a 34 anos e do sexo masculino.

“Eu me pego muito nas terminologias para humanizar a fala do HIV e da aids e reduzir o estigma e o preconceito. Não sou portador do vírus, porto meu CPF, RG. Sou uma pessoa que vive com o HIV, não convivo. Fui crescendo nas redes sociais por causa da minha fala sem estigma e sem terrorismo.”

Na avaliação de Raniel, o contágio na população jovem ocorre por múltiplos fatores, que vão desde a desinformação até situações de vulnerabilidade, como pessoas que fazem sexo sem proteção após o consumo excessivo de álcool. No caso de Raniel, o contato com o vírus ocorreu há seis anos, quando bebeu em uma festa e foi para a casa de um rapaz que conheceu em um aplicativo de relacionamentos.

“Eu apaguei lá. Fui abusado. Foi chocante.”

Não sou portador do vírus, porto meu CPF, RG. Sou uma pessoa que vive com o HIV, não convivo

Lucas Raniel, youtuber

Veja vídeo do canal Falo Memo, de Lucas Raniel

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Passo a passo

Mais de 39 mil pessoas acompanham o dia a dia do ator e youtuber Gabriel Comicholi, de 24 anos. No HDiário, ele compartilha informações sobre o vírus desde que recebeu o resultado positivo do teste, há três anos.

“O canal acompanha minha trajetória no tratamento. Teve a primeira vez que tomei o medicamento e quando contei para a minha mãe. A ideia é ser um diário.” Além do YouTube, ele usa outras plataformas para falar sobre o tema, como Instagram e Facebook. “Tem um público diferente para cada.” 

O canal acompanha minha trajetória no tratamento. Teve a primeira vez que tomei o medicamento e quando contei para a minha mãe

Gabriel Comicholi, youtuber

Veja vídeo do canal HDiário, de Gabriel Comicholi

Estrategista de marketing digital e criador de conteúdo, João Geraldo Netto, de 37 anos, começou a produzir conteúdos sobre a vida com o HIV em 2008, mas nada profissional.

“Vi que tinha retorno e isso foi me deixando empolgado em fazer com temas, quadros, chamando pessoas para entrevistar.”

Há três anos, ele criou o canal Super Indetectável.

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“É uma estratégia de comunicação em saúde que criei para atingir mais pessoas. As pessoas não se inscreviam quando tinha 'HIV' (no nome). O HIV é tão estigmatizado que as pessoas não queriam estar associadas ao tema.” 

As pessoas não se inscreviam quando tinha 'HIV' (no nome). O HIV é tão estigmatizado que as pessoas não queriam estar associadas ao tema

João Geraldo Netto, youtuber

Veja vídeo do canal Super Indetectável, de João Geraldo Netto

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