No dia em que Bolsonaro fala em 'mimimi', Brasil tem novo recorde na média de óbitos pela covid

Quantidade de óbitos nas últimas 24 horas foi de 1.786, segundo o consórcio de veículos de comunicação. É a segunda maior marca da pandemia. No total, foram 9,5 mil vítimas na última semana

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Por Marco Antônio Carvalho
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A média móvel de óbitos por covid-19 no Brasil ficou em 1.361 nesta quinta-feira, 4, o maior patamar já registrado em toda a pandemia. A média leva em consideração dados dos últimos sete dias e na prática significa que 9,5 mil pessoas morreram na última semana pela doença no País. A marca é atingida no mesmo dia em que o presidente Jair Bolsonaro disse que “chega de frescura e mimimi”. “Vão ficar chorando até quando?”, questionou em evento que participou em Goiás. 

Sepultamos no Cemitério da Vila Formosa, em São Paulo. Estado se prepara para entrar na fase vermelha de restrição Foto: Felipe Rau/Estadão

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A quantidade de pessoas que morreram em decorrência da covid-19 nas últimas 24 horas foi de 1.786, de acordo com dados divulgados pelo consórcio de veículos de comunicação. É a segunda maior marca diária da pandemia, só atrás do dado desta quarta-feira, 3, que ficou em 1.840. Com o número, o País, que vive o seu pior momento no combate à doença, ultrapassou a marca de 260 mil mortos, chegando a um total de 261.188 óbitos. 

Os dados do consórcio, formado pelo Estadão, G1, O Globo, Extra, Folha e UOL, são coletados junto às secretarias estaduais de Saúde. No último dia, São Paulo registrou 313 mortes, seguido por 188 no Rio Grande do Sul e 160 em Minas Gerais, Estados que lideraram nas estatísticas absolutas de mortes nesta quinta-feira. As cidades paulistas se preparam para entrar em um novo período de fase vermelha a partir deste sábado, 6, numa tentativa de frear a propagação do vírus. 

O patamar diário de mortes do Brasil pode passar a ser o mais elevado do mundo nas próximas semanas. Isso porque hoje o País só fica atrás dos registros dos Estados Unidos. Mas os americanos têm avançado com uma ampla vacinação, com cerca de 80 milhões de doses já aplicadas, o que tem feito os dados registrarem quedas consecutivas. A média móvel de óbitos diários nos Estados Unidos tem ficado abaixo de 2 mil vítimas, o que não acontecia desde o início de dezembro. 

Os dados do consórcio mostram que o Brasil registrou 74.285 novos casos da doença nas últimas 24 horas, chegando a um total de 10.796.506 diagnósticos confirmados. Segundo dados do Ministério da Saúde, o Brasil tem 9.591.590 pessoas recuperadas da doença, em meio a 10.718.630 casos confirmados. Os números diferem em relação aos apurados pelo consórcio em razão do horário de coleta. 

O Ministério Público Federal, por meio de procuradores de 24 Estados e do DF, assinou recomendação ao Ministério da Saúde nesta quinta-feira para que adote com urgência, em todo o território brasileiro, medidas para conter a transmissão do novo coronavírus. 

“O MPF pede providências a serem tomadas de forma imediata para evitar o iminente colapso nacional das redes pública e privada de saúde. Uma das demandas é que a pasta comandada por Eduardo Pazuello formule uma matriz de risco objetiva, baseada em critérios técnicos, que embase a adoção de medidas de distanciamento social, de acordo com a situação epidemiológica e a capacidade de atendimento de cada localidade”, declarou em nota a instituição. 

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Consórcio dos veículos de imprensa

O balanço de óbitos e casos é resultado da parceria entre os seis meios de comunicação que passaram a trabalhar, desde o dia 8 de junho, de forma colaborativa para reunir as informações necessárias nos 26 Estados e no Distrito Federal. A iniciativa inédita é uma resposta à decisão do governo Bolsonaro de restringir o acesso a dados sobre a pandemia, mas foi mantida após os registros governamentais continuarem a ser divulgados.

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