RIO - A Secretaria de Estado de Saúde anunciou que antecipará a vacinação contra H1N1 de crianças de até 5 anos, grávidas e pacientes renais crônicos no Rio. Os integrantes desses grupos, considerados os mais vulneráveis, começarão a ser imunizados em 25 de abril, cinco dias antes do início da campanha nacional.
“Estamos atentos ao aumento do número de casos de H1N1 no Estado. Embora o panorama seja diferente do que se observa em São Paulo, a imunização destes grupos específicos pede prioridade, uma vez que são os que apresentam maior vulnerabilidade às complicações que a gripe pode causar. Essa antecipação é uma medida preventiva que estamos adotando”, afirmou o secretário de Saúde, Luiz Antônio Teixeira Jr.
A secretaria confirmou até agora sete mortes em decorrência da gripe no Estado. Cinco casos são de pessoas que não haviam se vacinado no ano passado, mas eram consideradas de grupo de risco - sofriam de obesidade, doenças respiratórias ou estavam grávidas. Houve pelo mais dois casos de mortes suspeitas de H1N1 registrados e que ainda estão em investigação - o de uma mulher de 57 anos em Campos, município no Norte Fluminense, e de uma mulher de 58 anos em Volta Redonda, no centro sul fluminense.
A partir de 30 de abril, os demais grupos prioritários estabelecidos pelo Ministério da Saúde começarão a ser imunizados - idosos, outros pacientes crônicos, indígenas, mulheres com até 45 dias de pós parto e profissionais de saúde. A expectativa é vacinar cerca de 80% das 4 milhões de pessoas que fazem parte dos grupos mais vulneráveis.
“O ideal seria que se antecipasse a vacina para todos os grupos vulneráveis porque já está tendo circulação do vírus antes mesmo do inverno. Mas é preciso levar em consideração a estrutura da secretaria para distribuir a vacina, quantas doses o Ministério da Saúde enviou”, afirmou o infectologista Alberto Chebabo, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e presidente da Sociedade de Infectologia do Estado do Rio de Janeiro.
A Secretaria de Saúde recebeu 891 mil doses da vacina, o equivalente a 20% do total necessário. A previsão dada pelo Ministério da Saúde é que até o próximo dia 22 40% das doses estarão no Estado. “É importante esclarecer que o quantitativo já disponível é suficiente para atender o público alvo do início da campanha”, informou a secretaria de Saúde.
A vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações, regional Rio, Tânia Petraglia, também defende que a vacinação deveria ter sido iniciada antes. “Dez dias depois de receber a vacina os anticorpos começam a subir, mas a proteção efetiva só acontecerá depois de 15 dias. O ideal é vacinar precocemente. Se a vacinação for postergada, um número maior de pessoas vai adoecer antes de a vacina fazer efeito”, afirmou.
A especialista declarou considerar que profissionais de saúde estivessem incluídos na primeira leva de vacinados. “Eles são disseminadores da doença”, justificou. Ela ressaltou que a secretaria não distribuiu nota técnica, explicando os motivos de a vacinação iniciar por esses três grupos.
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