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São Paulo não mudará uso da cloroquina, diz Doria

Governador afirma que medicamento não será distribuído para qualquer paciente com covid-19 no Estado, epicentro da doença

Por e Mariana Hallal
Atualização:

O governador de São Paulo, João Doria, afirmou que não haverá mudanças sobre a administração de cloroquina para pacientes de coronavírus no Estado, epicentro da covid-19 no País, diante do novo protocolo sobre o medicamento divulgado nesta quarta-feira, 20, pelo Ministério da Saúde

"Nós não faremos a distribuição e nem aplicação generalizada da cloroquina, porque a ciência não recomenda. A ciência não orienta este procedimento e em São Paulo nós seguimos a ciência", disse Doria.

O governador de São Paulo, João Doria, em coletiva no Palácio dos Bandeirantes Foto: Governo do Estado de São Paulo

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O secretário estadual da Saúde, José Henrique Germann, ressaltou que o uso da cloroquina ainda é condicionado à aceitação do paciente ao tratamento, que envolve riscos, e que o médico ainda é a pessoa com última palavra sobre a recomendação do produto. "Tem que existir o consentimento informado por escrito do paciente. Ou seja, é uma indicação do médico com o consentimento do paciente."

A recomendação para o uso do medicamento para todos os pacientes de covid-19 veio em documento publicado nesta quarta-feira pelo Ministério da Saúde. Antes, havia indicação para uso do remédio, que tem uma série de efeitos colaterais, apenas para os pacientes em estado grave.

São Paulo registrou 3.664 novos casos da doença de terça para quarta-feira, segundo Germann, totalizando 69.859 casos. É o teceiro maior aumento registrado em 24 horas. O total de mortos foi para 5.363 casos, acréscimo de 4% no mesmo período. O coordenador do Centro de Contingência do Coronavírus, Dimas Covas, ressaltou que "a epidemia mostra neste momento a sua face mais atroz", ao comentar a marca de mil mortes em um único dia, registrada nesta terça. "(A covid-19 é) a maior causa nesse momento de mortalidade já no Brasil. A primeira causa de mortalidade. Superou todas as demais doenças", disse Covas.

Ainda segundo os dados do governo do Estado, a taxa de ocupação dos leitos em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) foi a 71,7%. Na região metropolitana da capital, chegou a 87,9%.

Doria disse que estará presente em teleconferência entre os governadores e o presidente Bolsonaro para tratar do tema. O encontro virtual está marcado para a manhã de quinta-feira. Ele afirmou que esperar poder  "proteger a vida, obedecer a ciência e respeitar a orientação da medicina", e fazer uma "reunião em paz com o presidente da República". Na última reunião, no mês passado, Doria e Bolsonaro discutiram durante o encontro.

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Na coletiva, Doria anunciou ainda a abertura de 400 leitos de Unidades de Terapia Intensiva no Hospital das Clínicas, no centro de São Paulo, para as vítimas de coronavírus. Nesta quarta, um edital publicado no Diário Oficial abre chamamento público para que hospitais privados forneçam até 1.500 leitos de UTI para o Sistema Único de Saúde. No edital, o governo considera que "certamente ocorrerá, em três semanas, o colapso no sistema de saúde", caso não haja aumento no número de vagas.

Avanço maior da doença está no interior

Na coletiva, o secretário de Desenvolvimento Regional, Marco Vinholi, apresentou dados sobre o avanço da covid-19 no interior do Estado. Embora o número total de casos ainda seja maior na região metropolitana da capital (que responde por metade da população do Estado), é no interior que o crescimento da doença é maior.

Entre os dias 1º e 30 de abril, na Grande São Paulo, houve um aumento de 770% no número de casos, um salto de 2.793 para 24.309 diagnósticos positivos para o coronavírus. Entretanto, no interior do Estado, esse aumento foi de 3.302%, passando de 129 para 4.389 registros. "Em todas as demais regiões do Estado, a aceleração de casos é maior do que na capital", disse Vinholi. 

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