BRASÍLIA – Com a explosão de casos de covid-19, secretários estaduais de Saúde pediram à Organização Mundial de Saúde (OMS) para priorizar o envio de vacinas ao Brasil por meio do consórcio internacional Covax Facility. O governo federal espera receber em 2021 cerca de 42 milhões de doses, suficientes para 10% da população, por este acordo internacional. O volume entregue ao Brasil até agora, contudo, é pouco superior a 1 milhão de doses.
“A região das Américas tem recebido somente 7% do total das vacinas distribuídas por meio do mecanismo Covax, apesar das Américas terem 44% de todos os casos e 48% de todos os óbitos do mundo nesta pandemia”, afirma ofício do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), endereçado na sexta-feira, 26, ao presidente da OMS, Thedros Adhanom.
No mesmo documento, os secretários pedem para a OMS "sensibilizar" a cúpula da ONU para que as doses excedentes de vacinas em países ricos sejam destinadas a países em maior crise na América, especialmente o Brasil.
Na semana passada, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou a governadores que deseja dobrar o acordo com o consórcio, para receber doses para 20% da população. O Brasil aderiu ao Covax Facility em outubro de 2020, mas optou por receber a cota mínima. Havia possibilidade de fechar acordo para receber doses para até 50% da população.
Autoridades que acompanham as discussões, porém, afirmam que os pleitos de Queiroga e dos secretários não devem ter efeito imediato. A revisão dos critérios de distribuição de doses enfrentaria forte resistência política, pois há países que praticamente só estão recebendo doses por meio deste consórcio. Além disso, segundo uma autoridade, há escassez de doses para o Covax. Uma barreira tem sido o Instituto Serum, da Índia, que fabrica parte das doses compradas pelo consórcio e tem limitado entregas ao exterior.