Sem doses, cidades interrompem vacinação contra covid-19 no interior de São Paulo

Em cinco municípios – Campinas, São José do Rio Preto, Santos, Praia Grande e Mongaguá – foi suspensa, nesta sexta-feira, 13, a aplicação da primeira dose, já que não havia imunizante

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Por José Maria Tomazela
Atualização:

SOROCABA – Cidades do interior e litoral de São Paulo voltaram a interromper a vacinação contra a covid-19 devido à falta de vacinas. Em cinco municípios – Campinas, São José do Rio Preto, Santos, Praia Grande e Mongaguá – foi suspensa, nesta sexta-feira, 13, a aplicação da primeira dose, já que não havia imunizante.

Em Bauru e São José dos Campos, aconteceu a falta de vacina para a segunda dose da Coronavac. As prefeituras alegam atraso ou entrega dos lotes pelo governo estadual em quantidade insuficiente. Afirmam, no entanto, que a vacinação avança, apesar desses obstáculos.

As prefeituras alegam atraso ou entrega dos lotes pelo governo estadual em quantidade insuficiente Foto: Felipe Rau/Estadão

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Em Praia Grande, estava sendo aplicada apenas a segunda dose da vacina Astrazeneca em um único local, o polo do Ginásio Rodrigão. A secretaria municipal de Saúde Pública informou que aguardava o envio de novo lote da Coronavac pelo governo para retomar a imunização com a dose inicial.

A expectativa é vacinar já neste sábado, 14, pessoas acima de 18 anos. Conforme o município, atrasos pontuais na distribuição não comprometem o cronograma de vacinação, que está adiantado.

Também não houve vacinação com a primeira dose, nesta sexta, em Mongaguá. Só foi aplicada a segunda dose para os moradores que fizeram agendamento em Unidades Básicas de Saúde (UBS). O município informou que a data para retomar a aplicação da primeira dose será divulgada assim que a vacina estiver disponível. Mongaguá está em 468º lugar entre os 645 municípios paulistas no ranking da vacinação - 65,4% da população receberam a primeira dose.

A Secretaria de Saúde de Santos suspendeu a aplicação da primeira dose já na quinta-feira, 12, por falta de vacina. Muitos moradores foram pegos de surpresa, descobrindo a falta quando já estavam nas unidades de saúde. A pasta informou que aguarda nova remessa de imunizantes do governo estadual. “No momento, a vacinação em segunda dose – Oxford/Astrazeneca – segue para quem já cumpriu o intervalo previsto entre as doses na carteira de vacinação”, disse, em nota.

A prefeitura de Rio Preto suspendeu a aplicação da primeira dose destinada ao público de 18 a 24 anos na quinta e nesta sexta-feira, 13, porque o imunizante acabou. Nesta sexta-feira, chegaram apenas 2,5 mil doses da vacina contra a covid-19. Essas doses serão aplicadas neste sábado, 14, em dois postos de vacinação – Swift e Shopping Cidade – que funcionarão somente das 8 às 14 horas.

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Devido à baixa disponibilidade de doses, haverá distribuição de senhas. O município informou que já recebeu 91% das doses destinadas à faixa etária de 18 a 24 anos e aguarda a chegada de nova remessa para dar continuidade à aplicação da primeira dose na semana que vem. A cidade tem 5 mil pessoas que não tomaram no prazo a segunda dose e estão sendo buscadas pelos serviços de saúde. Rio Preto está entre as 100 cidades paulistas que mais vacinaram – 74,6% tiveram a primeira dose.

Depois de três dias suspenso, foi retomado no fim da tarde desta sexta o agendamento da vacina contra a covid-19 para pessoas com mais de 18 anos, em Campinas. O sistema havia sido suspenso na última terça, 10, depois que as reservas para 53 mil doses recebidas pelo município se esgotaram em quatro horas. Desta vez, foi disponibilizado o agendamento para 20 mil doses. O prefeito Dário Saadi (Republicanos) disse que atrasos pontuais na entrega de vacinas não prejudicaram a campanha. “Conseguimos ultrapassar a marca de 1 milhão de doses aplicadas, de maneira organizada, sem filas ou aglomerações”, disse.

Segunda dose

Em São José dos Campos, 21 mil pessoas vão receber a segunda dose da Coronavac com pelo menos um dia de atraso. Elas foram vacinadas no dia 16 de julho e teriam de completar a imunização até esta sexta-feira, mas não havia vacina. Moradores usaram as redes sociais para manifestar preocupação com o atraso.

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 “E a segunda dose da Coronavac para quem tomou a primeira em 16/7? Prazo vencido e não sabemos quando vamos tomar”, postou uma internauta. A Secretaria da Saúde informou que as doses estão em vias de chegar e eventual atraso de um dia não representa prejuízo para o paciente.

Em Bauru, devido à falta de vacinas, foi suspensa a aplicação da segunda dose da Coronavac em pessoas que já estão na data para completar a imunização. A vacinação ficou restrita às gestantes e puérperas.

De acordo com a secretaria da Saúde, na maioria dos casos, as pessoas que deixaram de ser vacinadas ainda estão dentro do prazo recomendado para completar a imunização, entre 21 e 28 dias. “A prefeitura está aguardando a chegada de doses, que pode acontecer a qualquer momento”, informou o município. No fim da tarde, a prefeitura confirmou a chegada de um lote da Coronavac. A aplicação da segunda dose será retomada neste sábado.

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Em nota, a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo informou que "todos os municípios têm sido contemplados com grades de vacina enviadas pelo Estado assim que o Ministério da Saúde disponibiliza novas remessas".  Segundo a nota, neste final de semana, a Baixada Santista receberá 44,1 mil doses, que se somam a outras 137,5 mil doses já disponibilizadas, sendo 8,9 mil para Santos, 9,8 mil para Praia Grande e 1,4 mil para Mongaguá. Já foram destinadas mais 12 mil doses para Rio Preto e 46,5 mil para a região de Bauru, sendo 9,7 mil para a cidade.  Informou ainda que o Plano Estadual de Imunização (PEI) envia doses em quantidade idêntica e em tempo oportuno para a segunda aplicação, mas os municípios são responsáveis por organizar a demanda local e programar eventuais calendários próprios, considerando o cronograma estadual. “A Secretaria atua com agilidade na logística e distribuição aos municípios conforme recebe novas remessas de vacinas do governo federal, que tem atrasado as entregas ao Estado de São Paulo e a todo país”, conclui a nota

 Já o governo paulista informou ter aplicado, até a manhã desta sexta, 42,5 milhões no estado, sendo que 88,2% da população com mais de 18 anos receberam a primeira dose. Outros 26,8% já estão com o esquema vacinal completo.

Capitais

A prefeitura de Curitiba suspendeu a aplicação da primeira dose contra a covid-19 nesta sexta, devido ao fim do estoque de vacina. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde da capital paranaense, apenas gestantes e puérperas (que deram à luz até 45 dias atrás) estavam sendo vacinadas. Neste sábado, 14, haverá repescagem para os nascidos até 1993, com horários e pontos de atendimento reduzidos devido à limitação de doses.

Em Macapá, capital do Amapá, a Secretaria Municipal de Saúde abriu repescagem para vacinar pessoas com mais de 20 anos, nesta sexta, mas moradores usaram as redes sociais para reclamar que as doses acabaram. “Chegando ao posto Pedrinhas quando não eram nem 9 horas, disseram que não tinha mais senhas”, postou um internauta. Também acabou a vacina na UBS Álvaro Corrêa. A vacinação iria das 8 às 13 horas. O município informou que contava com a chegada de mais doses para vacinar os maiores de 18 anos neste sábado.

A aplicação da primeira dose em Belém foi suspensa por falta de vacinas e ainda está sem data para a retomada. Na capital paraense, continua sendo aplicada apenas a segunda dose para quem já recebeu a primeira e atingiu o prazo de completar a imunização. No fim da tarde desta sexta, o governador Helder Barbalho (MDB) anunciou a chegada de 147 mil doses de vacina para o estado. Procurada, a prefeitura de Belém não havia dado retorno.

O prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD) cobrou publicamente o envio de mais vacinas pelo governo federal, após suspender a vacinação por idade na quinta-feira, por falta de doses. O estado precisava de 68 mil doses para vacinar o grupo de 24 anos e só havia recebido 37,9 mil, segundo ele.

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Na quinta-feira, 6,9 milhões de doses de vacina da Pfizer e da Coronavac estavam paradas no centro de distribuição do Ministério de Saúde, vizinho ao aeroporto de Guarulhos, em São Paulo. A pasta informou que 3 milhões já estão sendo distribuídas aos estados e que outros 3,9 milhões dependem de aval da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

O Ministério da Saúde informou que, de domingo, 8, até quinta-feira, 12, distribuiu mais 6,6 milhões de doses para todo o País. No total, neste mês de agosto, serão entregues à população 64,9 milhões de doses das diversas vacinas. Para setembro, a previsão é de dispor de mais 66,5 milhões de doses de vacinas contra a covid-19.

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