SÃO PAULO - O prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), anunciou nesta segunda-feira, 26, que os parques municipais voltarão ao funcionamento normal esta semana, podendo abrir inclusive aos sábados, domingos e feriados. O governador do Estado, João Doria (PSDB), também fez anúncios semelhantes, liberando parques estaduais, como o da Água Branca e Villa-Lobos, na zona oeste, e o da Juventude e Horto Florestal, zona norte, dentre outros. Especialistas entrevistados pelo Estadão avaliam positivamente a retomada dos parques, mas alertam para riscos e cuidados necessários.
Para Raquel Stucchi, infectologista, professora da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia, a reabertura de parques aos fins de semana é uma medida que já poderia ter sido feita. “A abertura de qualquer área ao ar livre é bem-vinda. Sabemos que o risco de transmissão (da covid-19) em áreas abertas é muito menor. Abriram os cinemas e não os parques, para mim é um contrassenso.”
Além disso, ela explica que a abertura dos parques é um incentivo para a população voltar a se exercitar. “Fazer atividade física num momento em que estamos reclusos a tanto tempo é mais do que desejável. Incentivar pessoas a praticarem caminhadas, desde que a atividade não seja desculpa para aglomeração. Manter condições para as pessoas recuperarem a saúde física e mental é uma preocupação importante dos gestores”, diz.
Edimilson Migowski, médico e professor de doenças infecciosas da Universidade Federal do Rio (UFRJ), também vê a decisão com bons olhos. “Os parques são abertos, são arborizados. É uma medida interessante, avaliar a abertura por conta desses locais serem de baixo risco.”
Embora veja vantagens sobre a medida, Raquel lembra dos riscos de aglomeração do local. “Temos de coibir. Não é para ter aglomeração, fazer piquenique juntando várias famílias. Temos visto na Europa, quando começaram as orientações iniciais, não mais do que duas famílias reunidas para algum encontro”, alerta, complementando que as pessoas devem se preocupar em só ficar próximas das pessoas com que moram para evitar a infecção.
Ela também é a favor de que os gestores públicos aumentem a circulação de transporte público para as idas e vindas desses locais, a fim de evitar grande concentração de pessoas em um mesmo ambiente. Outro risco apontado por Migowski é o fato de os indivíduos confundirem flexibilização com relaxamento. “Não se deve confundir. E as pessoas precisam se atentar aos sinais dos sintomas da covid-19 para não expor ninguém ao risco de contaminação”, fala.
Quais cuidados ter ao frequentar parques?
Conforme protocolo de reabertura, os parques municipais limitarão o acesso de frequentadores a 60% da ocupação, com o controle de entrada. Os locais também terão de recomendar a seus visitantes que respeitem o distanciamento de, no mínimo, 1,5 metros entre as pessoas e o uso de máscara será obrigatório.
Para quem pretende visitar os parques, os especialistas dão algumas orientações fundamentais:
- Respeitar o distanciamento social;
- Usar máscara e carregar mais de uma para a troca, principalmente em dias quentes;
- Levar álcool em gel e higienizar as mãos frequentemente;
- Pulverizar o álcool 70 em locais de uso comum;
- Observar sempre para não levar as mãos aos olhos, boca e nariz;
- Procurar frequentar os parques em horários de menor movimento.
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