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Saiba como aumentar a permeabilidade do solo na sua casa

Uma boa forma de melhorar a retenção de água são os chamados telhados verdes

Por Eduardo Gerarque
Atualização:

Garantir um correto escoamento da água tem se tornado uma preocupação cada vez mais constante nas áreas urbanas. Isso porque, pelo ciclo natural, a chuva deveria se infiltrar na terra e reabastecer lençóis freáticos, aquíferos, rios e lagos. Mas, quando ela se depara, por exemplo, com grandes áreas asfaltadas, a permeabilidade do solo fica prejudicada. E isso pode gerar problemas ambientais que vão de inundações até falta d’água.

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Nas últimas décadas, várias legislações específicas sobre o tema vêm sendo criadas para balizar a construção de casas e condomínios. No interior de São Paulo, em cidades como Jundiaí e Cabreúva – que ficam próximas a áreas de preservação ambiental permanentes, como a Serra do Japi –, loteamentos em construção precisam respeitar a legislação em vigor que visa a aumentar a permeabilidade do solo. Um processo semelhante ao que ocorre em Blumenau, onde existem regras específicas que obrigam o proprietário de um terreno a criar medidas contra a impermeabilização em grande escala da cidade.

Como explica a arquiteta Ruth Portugal, coordenadora do grupo Infraestrutura Verde, vinculado às entidades Secovi, Aelo e Sinduscon-SP, as leis estaduais de São Paulo exigem até 50% de áreas permeáveis nos loteamentos – sendo que 20% desse total pode ser utilizado para paisagismo e lazer.

Quando o terreno também é vital para nascentes ou para o reabastecimento de aquíferos, 20% da área protegida precisa manter sua capacidade de infiltração das águas. “Em loteamentos de alto padrão, nos quais o tamanho dos lotes pode variar de 500 a 5 mil m2, exigir 50% de área permeável não impossibilita em nada o projeto da casa, porque existem muitas soluções disponíveis hoje”, explica.

Gabriel e Julia transformaram a laje da casa em um jardim com árvores frutíferas Foto: TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO

Para lotes inferiores a 500 m2, explica Ruth, o arquiteto urbanista ou técnico projetista repassa as regras legais de forma proporcional, chegando a até 20% de obrigatoriedade de áreas permeáveis nos lotes.

Nas áreas comuns, há várias opções para aumentar a permeabilidade. “Usamos quadras de beach tênis e de vôlei de areia, caminhos permeáveis e espaços lúdicos”, diz Ruth.

No projeto da casa, uma boa forma de aumentar a retenção de água são os telhados verdes. Foi essa a escolha do casal Julia Boutaud e Gabriel Fretin de Freitas, que teve a laje de sua residência, na Lapa, zona oeste de São Paulo, transformada em jardim com diversas árvores frutíferas. “Temos mexerica, acerola e cereja-do-rio-grande”, conta Julia, empresária que mantém, no subsolo do mesmo imóvel, uma escola de circo para crianças.

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Uma das vantagens é que a água filtrada pelo telhado acaba sendo descarregada aos poucos, sem entupir a rede de drenagem pluvial, um problema recorrente. “A manutenção também é tranquila. Só precisa regar um pouco mais as plantas quando o tempo fica muito seco”, diz ela.

No mesmo bairro, o engenheiro ambiental e consultor Leandro Noleto pesquisou bastante sobre esses telhados antes de ter seu espaço, que conta com um deck para banho de sol. Se, antes, a dilatação e a retração da laje provocavam pequenas rachaduras na parede – que não afetavam a estrutura, mas exigiam manutenção –, hoje, isso não existe mais. “Por causa do conforto térmico que o telhado verde proporciona”, explica Noleto. A água captada vai parar em uma cisterna e é usada para regar um outro jardim da casa.

Para o paisagista Cássio Thomé, da Projeto Vivo, os telhados trazem vantagens para a cidade como um todo. “Além de ajudar a evitar enchentes, eles evitam que a chamada poluição difusa chegue ao sistema fluvial e diminuem as ilhas de calor”, afirma Thomé.

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