Site calcula valor necessário para reflorestar cada propriedade rural

Produtores podem consultar a plataforma #Quantoé? Plantar Floresta para saber quanto custa a recuperação das áreas desmatadas e soluções possíveis

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Por Ana Luísa Fernandes de Moraes
Atualização:
João Caminoto (diretor de Jornalismo do Grupo Estado),a finalista Ana Luisa Fernandes de Moraes, e Marcos Madureira (vice-presidente de Comunicação, Marketing, Relacoes Institucionais e Sustentabilidade do Santander) durante entrega do 11ºPrêmio Santander Jovem Jornalista. Foto: Amanda Perobelli/Estadão

Quem vê o design da plataforma online #Quantoé? Plantar Floresta pode não imaginar que, por trás da aparente simplicidade, uma equipe de engenheiros, economistas, jornalistas e programadores trabalhou com afinco para que tudo ficasse o mais descomplicado possível. Lançada no fim de setembro, a ferramenta gratuita ajuda o produtor rural a calcular quanto vai gastar para recuperar áreas desmatadas em sua propriedade. 

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“Faltava informação numérica para que o governo e as pessoas tomassem as decisões corretas. Se você não tem um número de desmatamento, sempre vai ficar no campo das possibilidades”, comenta Sérgio Leitão, diretor do Instituto Escolhas, associação sem fins lucrativos ligada à sustentabilidade que criou a plataforma. O projeto foi concebido após uma pesquisa realizada pela instituição no ano passado, que mostrava que o Brasil teria de investir R$ 52 bilhões para cumprir uma meta estabelecida na Conferência do Clima Paris 2015 (COP21), a de reflorestar 120 mil quilômetros quadrados até 2030.

“Apesar de o País ter firmado esse compromisso na conferência, ninguém, nem mesmo o governo, sabia quanto ia custar. E esse desconhecimento dificulta muito o cumprimento da meta”, explica. “Decidimos sair do nível dos 120 mil quilômetros quadrados e ir para o tamanho da propriedade do fazendeiro, para facilitar a compreensão dos valores que ele teria de desembolsar.”

Segundo o engenheiro florestal Eduardo Gusson, que trabalhou no projeto, o cálculo leva em consideração os possíveis procedimentos a serem adotados, respeitando as diferenças de cada método e a região e a vegetação característica nas variadas etapas do reflorestamento. Foram contabilizados gastos como o custo da mão-de-obra, operações mecanizadas – como tratores e perfuradoras – e insumos agrícolas.

Ao entrar no site, o produtor seleciona no mapa a região onde a propriedade se encontra e, depois, coloca o tamanho da área a ser recuperada, se quer ou não que ela seja cercada e escolhe entre oito tipos possíveis de recuperação de florestas. A partir daí, monta o seu próprio pacote, escolhendo a porcentagem de cada tipo. Ele pode, por exemplo, fazer 50% de plantio de sementes, 20% de mudas nativas e 30% de eucalipto. O valor final da estimativa aparece imediatamente ao lado.

Desta forma, o proprietário consegue adequar sua fazenda ao Código Florestal, que regula a manutenção de vegetação em áreas privadas. A legislação exige que ele faça o registro no Cadastro Ambiental Rural, sistema que identifica, de acordo com imagens de satélite, quais regiões devem ser preservadas ou reflorestadas. “Se for necessário, é estabelecido um plano de recuperação ambiental”, diz Adriana Ramos, especialista em política ambiental.

Entre 2010 e 2012, o Brasil reflorestou 204 quilômetros quadrados, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Isso é 80 vezes menos do que o necessário para um período de dois anos, de forma que o país consiga cumprir a meta da COP21 a tempo – se mantiver esse ritmo de recuperação. O cenário mostra que iniciativas como a do Instituto Escolhas, além de bem-vindas, são necessárias.

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*Ana Luísa Fernandes de Moraes foi finalista do 11º Prêmio Santander Jovem Jornalista.

A fase final e a cerimônia de premiação ocorreram na quinta-feira, 8, na sede do banco, com a participação do diretor de Jornalismo do Grupo Estado, João Caminoto e de Marcos Madureira, vice-presidente executivo de Comunicação, Marketing, Relações Institucionais e Sustentabilidade do Santander. Os finalistas receberam laptops e garantiram a publicação de suas matérias. 

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