Temporais no RS: ‘Não teremos capacidade de fazer todos os resgates’, diz Eduardo Leite

Segundo o governador, este deve ser o ‘o maior desastre’ já enfrentado pelo Estado; Rio Taquari atinge maior elevação da história

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Por Ítalo Lo Re
Atualização:

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), afirmou na quarta-feira, 1º, que os estragos causados pelas fortes chuvas que têm atingido as cidades gaúchas ao longo dos últimos dias devem resultar no “maior desastre” já enfrentado pelo Estado.

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“Nós não teremos capacidade de fazer todos os resgates”, disse Leite, em coletiva de imprensa. A previsão é que fortes chuvas continuem a afetar os municípios do Estado, em especial os localizados na região central, até o fim desta semana.

Ao menos 13 pessoas morreram no Rio Grande do Sul. Outras 21 estão desaparecidas, em situação que mobiliza o governo e as prefeituras. A previsão, como mostrou o Estadão, é que os temporais avancem também para Santa Catarina nos próximos dias.

Nesta quinta-feira, 2, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) viajou para o Rio Grande do Sul, onde se reuniu com Leite. No encontro, como uma medida emergencial, ficou decidida a criação de uma Sala de Situação Integrada, sob coordenação do comandante militar do Sul, general Hertz Pires do Nascimento, para organizar as operações de resgate em todas as regiões atingidas.

Estragos da chuva no município de Sinimbu, no interior do Rio Grande do Sul; ao menos dez pessoas morreram no Estado Foto: Anselmo Cunha/AFP

“Será o maior desastre que o nosso Estado já tenha enfrentado. Infelizmente maior do que o que nós assistimos no ano passado”, disse Leite. Em setembro de 2023, ao menos 41 pessoas morreram após a passagem de um ciclone pelo Rio Grande do Sul.

Segundo Leite, os fortes temporais deste ano estão não só causando estragos, como dificultando a realização dos resgates dos desaparecidos. Balanço da gestão estadual aponta que o volume de chuvas já superou os 400 milímetros em algumas regiões.

“No ano passado, por exemplo, no momento crítico de setembro, no Vale do Taquari, nós tivemos uma enxurrada, mas em seguida o tempo nos deu condição de entrar em campo para fazer socorro, resgate e salvar centenas de vidas”, disse Leite.

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“Neste momento, nós estamos tendo muitas dificuldades operacionais para colocar as equipes em campo, seja do Exército, da Brigada Militar ou do Corpo de Bombeiros”, continuou o governador. “É uma situação muito crítica.”

Nas redes sociais, Leite chegou a comparar as chuvas no Estado a um cenário de guerra. “Precisamos da participação efetiva e integral das Forças Armadas na coordenação deste momento, que é como o de uma guerra. Não temos um inimigo para ser combatido, mas temos muitos obstáculos”, escreveu em publicação no X (ex-Twitter).

Ao longo do dia, governos de Estados como Santa Catarina e São Paulo, além da Força Aérea Brasileira (FAB), enviaram equipes para auxiliar nas buscas e no atendimento aos afetados. Já o governo do Rio Grande do Sul criou um gabinete de crise para lidar com as consequências da chuva.

“São dez vidas perdidas, e infelizmente esse número tende a aumentar muito. Os números todos, neste momento, são absolutamente imprecisos, na medida em que vão aumentar muito”, disse o governador, também durante a coletiva.

Balanço atualizado às 12 horas desta quinta-feira:

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  • Municípios afetados: 147;
  • Pessoas em abrigos: 4.599;
  • Desalojados: 9.993;
  • Afetados: 67.860;
  • Feridos: 12.

Desaparecidos: 21

  • Roca Sales (4);
  • Candelária (8);
  • Encantado (6);
  • São Vendelino (2);
  • Passa Sete (1).

Mortes: 13

  • Paverama (2) - homens de 69 e 65 anos, ocupantes do veículo que tentava atravessar área alagada;
  • Pântano Grande (1) - homem de 59 anos, descarga elétrica;
  • Itaara (1) - mulher de 48 anos, aguardando informação da circunstância;
  • Encantado (1) - mulher de 45 anos, aguardando informação da circunstância;
  • Salvador do Sul (2) - homem de 47 anos, deslizamento de terra; não há informações sobre a segunda ocorrência;
  • Segredo (1) - homem de 62 anos, ocupante do veículo que tentava atravessar área alagada;
  • Santa Maria (2) - idosa de 85 anos, deslizamento de terra; não há informações sobre a outra ocorrência;
  • Santa Cruz do Sul (1) - não há informações sobre a ocorrência;
  • São João do Polêsine (1) - não há informações sobre a ocorrência;
  • Silveira Martins (1) - não há informações sobre a ocorrência. *

*Uma das mortes que havia sido contabilizada, em boletim anterior, para Santa Maria aconteceu na verdade em Silveira Martins.

Diante de estragos da chuva, população auxilia a recolher destroços em supermercado em Sinimbu Foto: Anselmo Cunha/AFP

“A gente precisa que a população se coloque em situação de segurança o máximo possível”, disse ele. O alerta, destacou, vale principalmente para moradores de regiões em que a situação é considerada crítica, como na região central do Estado, no Vale dos Sinos e na região metropolitana de Porto Alegre.

Rio Taquari atinge maior elevação da história

Na noite desta quarta-feira, o nível do Rio Taquari superou a marca de 30 metros nos municípios de Estrela e Lajeado pela primeira vez desde o começo das medições, iniciadas há um século e meio, segundo a Metsul Meteorologia.

“A medição na régua improvisada instalada próximo ao Centro Administrativo da prefeitura indica que o nível da enchente atingiu a marca de 31,90m às 6h30 desta quinta-feira, 2, um aumento de 20 cm na última hora”, alertou o município de Lajeado.

Em razão das fortes chuvas, o governo do Estado, por meio da Secretaria da Educação (Seduc), suspendeu as aulas na rede pública estadual até sexta-feira, 3, em todo o Estado. A medida vale para todas as escolas estaduais e segue orientações da Defesa Civil estadual.

Veja medidas que devem ser adotadas diante de fortes temporais

  • Adotar medidas preventivas como permanecer em casa, se puder;
  • Evitar atravessar áreas alagadas ou inundadas;
  • Em caso de rajadas de vento, não se abrigar debaixo de árvores, pois há risco de queda e descargas elétricas, e não estacionar veículos próximos a torres de transmissão e placas de propaganda;
  • Se possível, desligar aparelhos elétricos e quadro geral de energia;
  • Procurar prestar auxílio a pessoas vulneráveis (idosos, pessoas doentes ou com dificuldade de mobilidade);
  • Se você morar em áreas consideradas de risco, procurar a Defesa Civil da cidade para saber quais as medidas devem ser adotadas;
  • Em caso de emergência, ligar para a Brigada Militar (telefone 190), Defesa Civil (telefone 199) ou o Corpo de Bombeiros Militar (telefone 193). /COLABOROU RENATA OKUMURA

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