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Os Reinos de Minas

Em MG, Estado onde o turismo mais cresce no Brasil, os Congados e os Reinados são festas populares e religiosas que preservam tradições da cultura afro-brasileira

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Por Governo de Minas Gerais e Estadão Blue Studio
5 min de leitura

Você já foi à Bahia? Claro! Umas mil vezes, certo?

Você já foi a Bom Despacho, Dores do Indaiá, Itamogi, Itapecerica, em Minas Gerais? Não? Uai! Então vá! Quem vai nunca mais quer voltar. Muita sorte teve. Muita sorte tem. Muita sorte terá.

Sorte, bênção, fé, encantamento, cultura!

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Mas o que pequenos exemplos como Bom Despacho, Dores do Indaiá, Itamogi, Itapecerica, estes nomes lindos, e outras 700 cidades mineiras, num universo de 853, têm? Os Reinados e Congados.

Traduzindo uma parte em outra parte, Reinados e Congados são festas populares, religiosas, mágicas, unindo África e Minas. Uma grande viagem por uma terra em transe.

As festas de Reinado e Congado são um show de pluralidade e multiculturalidade negra mineira e brasileira Foto: Foto: AcervoIepha/MG

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Uma das cenas mais impactantes do filme Elvis (2022) é quando o menino branco Elvis Presley, com os pequenos amigos, descendentes de escravizados, descobre o poder da música negra em Memphis, Tennessee. O blues num bar e o gospel sob uma lona de circo onde, com os artistas e o público, magnetizado, hipnotizado, Elvis entra em transe. O resto é história e está no filme.

Como Elvis foi possuído pelo ritmo das músicas, quem assiste a um Reinado, um Congado, também é contagiado. Com uma grande diferença. Minas tem muito mais que o Tennessee.

De onde vem essa força estranha dos Reinados e Congados? Da África, claro, e dos anos mais antigos do passado de Minas. Um misto quente de sagrado e profano; de cores vivas, vozes e tambores. É viajar à África, viajar no tempo, em Minas, coração e alma do Brasil mais original.

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São as práticas herdadas dos escravizados africanos e do catolicismo popular, dos colonizadores portugueses, Casa Grande e Senzala, um show de pluralidade e multiculturalidade negra mineira e brasileira; vitrine colorida de fitas, saiotes, chapéus e roupas. É o século 18 abraçando o 21.

Segundo o Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG), Reinados e Congados nasceram das associações religiosas criadas por pessoas negras, escravizadas e ex-escravizadas, alforriadas e livres, mais conhecidas como “Irmandades dos Homens de Cor”, associadas a Nossa Senhora do Rosário ou outros santos e santas negros. Essas irmandades eram e são um caldeirão de organização social, cultural e espiritual, mantendo suas tradições e memória ao longo dos séculos.

Ainda segundo o Iepha-MG, a devoção a Nossa Senhora do Rosário é uma característica de diversos grupos em Minas Gerais, em várias versões da origem da relação do povo negro com a santa. Uma das mais difundidas é a aparição de Nossa Senhora nas águas para um grupo de escravizados.

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Ao verem a santa nas águas, pedem ao senhor branco e tentam retirá-la da água. O senhor nega e ele mesmo retira a santa, para colocá-la em uma capela. Várias tentativas foram feitas de levar Nossa Senhora do Rosário para a igreja dos brancos, porém a santa sempre retornava às águas. Após muita insistência dos escravizados negros, o senhor concedeu a permissão para que eles retirassem a imagem da água. Os mais velhos cortaram madeiras e fizeram três tambores. Reuniram o grupo, cantando e dançando. Entrando nas águas, Nossa Senhora do Rosário atende ao pedido e senta em um dos tambores. O resto é história viva em Minas.

A devoção à Nossa Senhora do Rosário é uma característica de diversos grupos de Congado e Reinado em Minas Gerais Foto: Foto: Arquivo Iepha/MG

História repleta de personagens, tocadores, dançadores, bandeireiros e, claro, de reis, rainhas, que pode e deve ser vivida por nativos e turistas do Brasil e do mundo.

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Reis e rainhas explicam o Reinado; o Congado vem de congar, dançar, no Reino do Congo, África Central. Os nomes dos grupos também explicam muito: Moçambique, Congo, Marujo, Catopê, Caboclo, Vilão, entre muitos outros. São artistas e devotos em cortejos, procissões, missas, levantamentos das bandeiras, coroações.

Essas festas de calendário cultural e turístico representam mais. Reinados e Congados são verdadeiros patrimônios da cultura imaterial de Minas Gerais. Concomitantemente um cadastro para identificação dos grupos registrou mais de 800 grupos em mais de 200 municípios mineiros. Sem contar, por enquanto, os outros 500.

Entre eles, além dos já citados Bom Despacho, Dores do Indaiá, Itamogi e Itapecerica, destacam-se, em pequeno leque, Abaeté, a própria capital, Belo Horizonte, João Monlevade, Lambari, Oliveira, Uberlândia, Sabará, Uberaba, Pedro Leopoldo, Machado, Montes Claros e Monte Alegre de Minas.

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Depois desse tira-gosto religioso, social, cultural e até de patrimônio cultural imaterial, passemos não ao prato principal, mas complementar e fundamental, o lado turístico, pois, como ensinou Oscar Wilde, se me derem o supérfluo, abro mão do indispensável.

Festa tem que ter festa! Muito além dos jardins do levantamento de mastros, missas, cortejos e danças; almoços com grande fartura. E quando falamos de gastronomia e fartura, estamos convidando para a espetacular cozinha mineira, outra modéstia, declarada patrimônio cultural imaterial de Minas Gerais.

Tudo isso em cenários de tirar o fôlego, no Estado onde o turismo mais cresce no Brasil. Longe do mar, mas muito próximos de rios, montanhas, cachoeiras, trilhas, parques, natureza, igrejas e um conjunto arquitetônico sem igual no Brasil.

Reinados e Congados são verdadeiros patrimônios da cultura imaterial de Minas Gerais Foto: Foto: Arquivo Iepha/MG

Inovação pouca é bobagem! E o afroturismo em Minas, na festeira esteira dos Congados e Reinados, com empresas especializadas? Uma conexão entre turistas, as raízes, a história e os costumes dos povos de origem africana. Outra aula de geração de emprego e renda para os envolvidos.

Afroturismo, sim senhor! Principalmente agora que, segundo estatísticas do IBGE, pouco mais de 45%, quase metade dos brasileiros, “se declaram como uma mistura de duas ou mais opções de cor ou raça, escolhendo entre branca, preta parda e indígena”.

E então? Você já foi a Belo Horizonte, João Monlevade, Lambari, Oliveira, Uberlândia, Sabará, entre centenas, no Planeta Minas? Não? Então venha e rápido. O ciclo festivo é mais intenso em maio, agosto e outubro, com festas e grande movimentação turística. Mas começa já em janeiro, deste Feliz Ano Novo, na cidade do Serro.

Reinos para congar em Minas

Em Lambari, a Festa das Congadas, dia 13 de maio, abolição da escravatura no Brasil, celebração do Rosário também em diversas cidades.

Na já citada Serro, a Festa Centenária, em julho, atraindo turistas de todo o País. Em janeiro e setembro, viva São Sebastião e viva Nossa Senhora do Rosário. Em julho, a Festa do Rosário de Abaeté.

Em Bom Despacho, a Festa de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, em agosto.

Em Montes Claros, As Festas de Agosto, um espetáculo de cores e sons para todos. O mesmo ocorre em Itapecerica, com o Grande Reinado do Rosário.

Em Oliveira, a Festa de Nossa Senhora do Rosário, em setembro.

No Triângulo Mineiro, a maioria das festas do Rosário ocorre em outubro. Só em Uberlândia, mais de 30 guardas de congado.

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