Guerra civil síria atingiu impasse e Assad não sairá, diz chanceler russo

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Por DOMINIC EVANS
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A guerra civil na Síria atingiu um impasse, e os esforços internacionais para convencer o presidente Bashar al-Assad a renunciar não surtirão efeito, disse neste sábado o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov. Rebeldes predominantemente sunitas tentam derrubar Assad e lutam nas cercanias da capital Damasco e conquistando territórios no sul, após saírem de seus redutos no norte, nas cidades de Aleppo e Idlib. Mas Assad, da minoria alauíta, ligada aos xiitas, respondeu com artilharia, ataques aéreos e, de acordo com a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), mísseis Scud. Isso levou a aliança a levar sistemas de defesa à fronteira com a Turquia. O enviado do Kremlin ao Oriente Médio disse neste mês que os rebeldes podiam derrotar as forças de Assad, e que Moscou estava preparando uma possível retirada dos russos do país, no maior sinal de que a nação está se preparando para a Síria pós-Assad. Muitos países ocidentais e árabes pediram para que Assad renuncie antes que o conflito, que já dura 21 meses e matou mais de 44 mil pessoas, cause ainda mais perdas. Mas Lavrov disse que o presidente da Síria não está perto de ceder à pressão dos oponentes ou aos líderes de Moscou e Pequim, mais simpáticos a ele. "Ouçam, ninguém vencerá esta guerra", afirmou Lavrov a repórteres a bordo do avião presidencial, a caminho de Moscou, após o encontro Rússia-União Europeia, em Bruxelas. "Assad não vai a lugar algum, não importa o que digam, seja a China ou a Rússia." Lavrov afirmou que a Rússia rejeitou pedidos de países da região para pressionar Assad a deixar o país ou oferecer asilo ao líder, e alertou que sua saída pode até aumentar a violência. Ele também disse que as autoridades sírias estão juntando as armas químicas do país em uma ou duas regiões e que elas estão "sob controle" por enquanto. "Atualmente, o governo está fazendo o que pode para deixá-las (armas químicas) seguras, de acordo com dados de inteligência que temos e que o Ocidente tem", afirmou. Os países ocidentais disseram há três semanas que o governo de Assad pode estar preparando o uso de gás venenoso para combater os rebeldes que estão acampados ao redor da capital e controlar as áreas rurais de Aleppo e Idlib, no norte. ALERTAS DOS REBELDES Na província de Hama, no centro do país, onde rebeldes dizem ter tomado a maioria do território rural a oeste da cidade de Hama, combatentes ameaçaram invadir duas cidades predominantemente cristãs, que segundo eles são usadas como base para que as forças pró-Assad os ataquem. Um video divulgado pelos rebeldes mostra sete combatentes armados da Brigada Ansar exigindo que moradores de Mahrada e al-Suqeilabiya desalojem as forças de Assad. Em Aleppo, o líder rebelde coronel Abdel-Jabbar al-Oqaidi disse que seus combatentes consideram o céu da cidade uma zona de restrição aérea e repetiu alertas de que atacarão aviões que usarem o aeroporto da cidade. Atiradores dispararam contra um avião que se preparava para decolar de Aleppo na quinta-feira, forçando o cancelamento da decolagem. "O aeroporto estava sendo usado como aeroporto militar para transportar tropas e Guardas Revolucionários (do Irã)", afirmou o líder à Reuters. "Proibimos que aviões sobrevoem o espaço aéreo sírio. Estabeleceremos uma zona de restrição aérea." Em Damasco, um carro-bomba matou neste sábado cinco pessoas e feriu dezenas no bairro de Qaboun, disse o Observatório Sírio para os Direitos Humanos. De acordo com a entidade, 44 mil pessoas já morreram no país desde o início da revolta contra Assad, em março do ano passado. (Reportagem adicional de Yara Bayoumy em Aleppo, Alexei Anishchuk em Moscou e Ayman Samir no Cairo)

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