Famílias de desaparecidos de Brumadinho compartilham sofrimento online


Diário da tragédia revela, aos poucos, sentimentos mudando de esperança para tristeza ou mesmo conformismo

Por Felipe Resk

Em busca de informação sobre vítimas, moradores de Brumadinho organizaram-se por WhatsApp para compartilhar novidades, perguntar por entes queridos e comentar as ações de resgate. Autorizado por administradores, o Estado acompanhou o grupo “Desaparecidos Brumadinho”, com mais de 200 membros, desde o sábado, 26. Nas mensagens, os participantes acabaram escrevendo uma espécie de diário da tragédia.

'Máquina de guerra' tem conseguido se movimentar sobre a lama, que ainda está mole em boa parte da área atingida. Foto: Wilton Júnior/ Estadão

Sábado, 26 de janeiro

continua após a publicidade

No dia seguinte à tragédia, bombeiros faziam sobrevoo de helicópteros e buscas por terra. Foram localizadas 366, além de 34 mortos e 254 desaparecidos. “Gente, que angústia. Nunca pensei que passaríamos por isto”, escreveu uma moça às 19h17, quando o sol de Brumadinho ia se pondo. As famílias sabiam que isso significava a suspensão das buscas até a manhã seguinte. “Espero que todos apareçam”, outro comentou. “É muito triste ficar sem noticia.” Entre as mensagens, porém, havia quem demonstrasse ânimo. “Enquanto não há corpo, ainda há esperança”, escreveram. “Deus, vamos ter fé.”

Domingo, 27 de janeiro

“Que barulho é esse há um tempo? Parece alarme, sei lá”, dizia uma mensagem, antes das 6 horas. Era o início de mais um pesadelo: com risco de desabamento da barragem 6, foi preciso evacuar áreas da cidade e suspender buscas. No grupo, proliferaram notícias falsas: “ALERTA A BARRAGEM ROMPEU”.

continua após a publicidade

“Mães, parentes e amigos que sofrem sem notícia e, para piorar, não podem esperar nem em suas casas porque moram perto de rio”, comentou uma mulher. Às 11 horas, fotos e vídeos do exército de Israel animaram o grupo, mesmo após a informação de que a ajuda só desembarcaria à noite. “Que Deus use eles como instrumento”, dizia um comentário, seguido de emojis de mãos batendo palma. O clima mudou pouco depois. O número de mortos chegou a 58; os desaparecidos, a 305. Já não se falava mais em resgates. “Cada dia a mais, a angústia aumenta”, comentaram. “Ontem, minha prima e afilhada de coração estavam arrumando a casa dela para receber o pai”, contou uma participante. “Ela tem certeza que ele volta. Tem 11 anos.”

Veja imagens do rompimento de barragem de rejeitos da Vale em Brumadinho

1 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Washington Alves/Reuters
2 | 37

Moradores

Foto: Mauro Pimentel/AFP
3 | 37

Catástrofe ambiental e humana

Foto: Adriano Machado/Reuters
4 | 37

Animais

Foto: Wilton Junior/Estadão
5 | 37

Dificuldade no resgate

Foto: Douglas Magno/AFP
6 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Douglas Magno/AFP
7 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Washington Alves/Reuters
8 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais
9 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Washington Alves/Reuters
10 | 37

Catástrofe ambiental e humana

Foto: Adriano Machado/Reuters
11 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais
12 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Douglas Magno/AFP
13 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais
14 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais
15 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Washington Alves/Reuters
16 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Washington Alves/Reuters
17 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Washington Alves/Reuters
18 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais
19 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Washington Alves/Reuters
20 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais
21 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais
22 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Ernesto Rodrigues/Estadão
23 | 37

Presidente Bolsonaro

Foto: Isac Nóbrega/Presidência da República
24 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Paulo Fonseca/EFE
25 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Corpo de Bombeiros de Minas Gerais
26 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Wilton Junior/Estadão
27 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Wilton Junior/Estadão
28 | 37

Batalha pela Vida

29 | 37

Estrada

Foto: Wilton Junior/Estadão
30 | 37

Carro atolado

Foto: Wilton Junior/Estadão
31 | 37

Helicoptero

Foto: Wilton Junior/Estadão
32 | 37

Bombeiros tentam encontrar sobreviventes em Brumadinho

Foto: Washington Alves/Reuters
33 | 37

Corpo encontrado

Foto: Wilton Júnior/Estadão
34 | 37

Ponte

Foto: Antonio Lacerta/EFE
35 | 37

Área devastada

Foto: Wilton Júnior/Estadão
36 | 37

Equipe de resgate

Foto: Antonio Lacerda/EFE
37 | 37

Resgate aéreo

Foto: Giazi Cavalcante/Código 19

Segunda, 28 de janeiro

continua após a publicidade

Às 10h35, veio a ideia que acabou monopolizando o dia: “Alguém sabe se estão fazendo buscas nas matas?”. Em pouco tempo, muitos se voluntariaram. Até foi criado um novo grupo só para os interessados. “É um espaço muito grande para poucos bombeiros. Devemos ir todos.” À noite, em coletiva, os Bombeiros descartaram a hipótese de ter sobreviventes na mata. Os mortos, ao todo, eram 84.

Terça, 29 de janeiro

O grupo passou a madrugada calado. “Francis era meu amigo e foi enterrado hoje, caixão fechado”, dizia uma das últimas mensagens, ainda do dia anterior. Nem a prisão de engenheiros que atestaram a segurança da barragem quebrou o silêncio do grupo. À tarde, uma notícia sobre a morte de uma vaca que havia ficado atolada mobilizou alguns. Outro reclamou: “Tô pouco me lixando para vaca, quero encontrar meu irmão”.

continua após a publicidade

Quarta, 30 de janeiro

“Minha esperança é de que encontrem nossos parentes e amigos para que tenham um sepultamento digno”, dizia uma mensagem. Ao longo do dia, muitos perguntavam por atualização de lista de mortos, que só foi divulgada às 22 horas. “Pena que não saiu o nome do meu primo.”

Quinta, 31 de janeiro

continua após a publicidade

As mensagens ficaram espaçadas e muitos, sem ter mais por quem precisar de informação, deixaram o grupo. Às 23h30, alguém quis prestar um serviço e publicou um passo a passo: “Como retirar certidão de óbito”.

Em busca de informação sobre vítimas, moradores de Brumadinho organizaram-se por WhatsApp para compartilhar novidades, perguntar por entes queridos e comentar as ações de resgate. Autorizado por administradores, o Estado acompanhou o grupo “Desaparecidos Brumadinho”, com mais de 200 membros, desde o sábado, 26. Nas mensagens, os participantes acabaram escrevendo uma espécie de diário da tragédia.

'Máquina de guerra' tem conseguido se movimentar sobre a lama, que ainda está mole em boa parte da área atingida. Foto: Wilton Júnior/ Estadão

Sábado, 26 de janeiro

No dia seguinte à tragédia, bombeiros faziam sobrevoo de helicópteros e buscas por terra. Foram localizadas 366, além de 34 mortos e 254 desaparecidos. “Gente, que angústia. Nunca pensei que passaríamos por isto”, escreveu uma moça às 19h17, quando o sol de Brumadinho ia se pondo. As famílias sabiam que isso significava a suspensão das buscas até a manhã seguinte. “Espero que todos apareçam”, outro comentou. “É muito triste ficar sem noticia.” Entre as mensagens, porém, havia quem demonstrasse ânimo. “Enquanto não há corpo, ainda há esperança”, escreveram. “Deus, vamos ter fé.”

Domingo, 27 de janeiro

“Que barulho é esse há um tempo? Parece alarme, sei lá”, dizia uma mensagem, antes das 6 horas. Era o início de mais um pesadelo: com risco de desabamento da barragem 6, foi preciso evacuar áreas da cidade e suspender buscas. No grupo, proliferaram notícias falsas: “ALERTA A BARRAGEM ROMPEU”.

“Mães, parentes e amigos que sofrem sem notícia e, para piorar, não podem esperar nem em suas casas porque moram perto de rio”, comentou uma mulher. Às 11 horas, fotos e vídeos do exército de Israel animaram o grupo, mesmo após a informação de que a ajuda só desembarcaria à noite. “Que Deus use eles como instrumento”, dizia um comentário, seguido de emojis de mãos batendo palma. O clima mudou pouco depois. O número de mortos chegou a 58; os desaparecidos, a 305. Já não se falava mais em resgates. “Cada dia a mais, a angústia aumenta”, comentaram. “Ontem, minha prima e afilhada de coração estavam arrumando a casa dela para receber o pai”, contou uma participante. “Ela tem certeza que ele volta. Tem 11 anos.”

Veja imagens do rompimento de barragem de rejeitos da Vale em Brumadinho

1 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Washington Alves/Reuters
2 | 37

Moradores

Foto: Mauro Pimentel/AFP
3 | 37

Catástrofe ambiental e humana

Foto: Adriano Machado/Reuters
4 | 37

Animais

Foto: Wilton Junior/Estadão
5 | 37

Dificuldade no resgate

Foto: Douglas Magno/AFP
6 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Douglas Magno/AFP
7 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Washington Alves/Reuters
8 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais
9 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Washington Alves/Reuters
10 | 37

Catástrofe ambiental e humana

Foto: Adriano Machado/Reuters
11 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais
12 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Douglas Magno/AFP
13 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais
14 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais
15 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Washington Alves/Reuters
16 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Washington Alves/Reuters
17 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Washington Alves/Reuters
18 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais
19 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Washington Alves/Reuters
20 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais
21 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais
22 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Ernesto Rodrigues/Estadão
23 | 37

Presidente Bolsonaro

Foto: Isac Nóbrega/Presidência da República
24 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Paulo Fonseca/EFE
25 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Corpo de Bombeiros de Minas Gerais
26 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Wilton Junior/Estadão
27 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Wilton Junior/Estadão
28 | 37

Batalha pela Vida

29 | 37

Estrada

Foto: Wilton Junior/Estadão
30 | 37

Carro atolado

Foto: Wilton Junior/Estadão
31 | 37

Helicoptero

Foto: Wilton Junior/Estadão
32 | 37

Bombeiros tentam encontrar sobreviventes em Brumadinho

Foto: Washington Alves/Reuters
33 | 37

Corpo encontrado

Foto: Wilton Júnior/Estadão
34 | 37

Ponte

Foto: Antonio Lacerta/EFE
35 | 37

Área devastada

Foto: Wilton Júnior/Estadão
36 | 37

Equipe de resgate

Foto: Antonio Lacerda/EFE
37 | 37

Resgate aéreo

Foto: Giazi Cavalcante/Código 19

Segunda, 28 de janeiro

Às 10h35, veio a ideia que acabou monopolizando o dia: “Alguém sabe se estão fazendo buscas nas matas?”. Em pouco tempo, muitos se voluntariaram. Até foi criado um novo grupo só para os interessados. “É um espaço muito grande para poucos bombeiros. Devemos ir todos.” À noite, em coletiva, os Bombeiros descartaram a hipótese de ter sobreviventes na mata. Os mortos, ao todo, eram 84.

Terça, 29 de janeiro

O grupo passou a madrugada calado. “Francis era meu amigo e foi enterrado hoje, caixão fechado”, dizia uma das últimas mensagens, ainda do dia anterior. Nem a prisão de engenheiros que atestaram a segurança da barragem quebrou o silêncio do grupo. À tarde, uma notícia sobre a morte de uma vaca que havia ficado atolada mobilizou alguns. Outro reclamou: “Tô pouco me lixando para vaca, quero encontrar meu irmão”.

Quarta, 30 de janeiro

“Minha esperança é de que encontrem nossos parentes e amigos para que tenham um sepultamento digno”, dizia uma mensagem. Ao longo do dia, muitos perguntavam por atualização de lista de mortos, que só foi divulgada às 22 horas. “Pena que não saiu o nome do meu primo.”

Quinta, 31 de janeiro

As mensagens ficaram espaçadas e muitos, sem ter mais por quem precisar de informação, deixaram o grupo. Às 23h30, alguém quis prestar um serviço e publicou um passo a passo: “Como retirar certidão de óbito”.

Em busca de informação sobre vítimas, moradores de Brumadinho organizaram-se por WhatsApp para compartilhar novidades, perguntar por entes queridos e comentar as ações de resgate. Autorizado por administradores, o Estado acompanhou o grupo “Desaparecidos Brumadinho”, com mais de 200 membros, desde o sábado, 26. Nas mensagens, os participantes acabaram escrevendo uma espécie de diário da tragédia.

'Máquina de guerra' tem conseguido se movimentar sobre a lama, que ainda está mole em boa parte da área atingida. Foto: Wilton Júnior/ Estadão

Sábado, 26 de janeiro

No dia seguinte à tragédia, bombeiros faziam sobrevoo de helicópteros e buscas por terra. Foram localizadas 366, além de 34 mortos e 254 desaparecidos. “Gente, que angústia. Nunca pensei que passaríamos por isto”, escreveu uma moça às 19h17, quando o sol de Brumadinho ia se pondo. As famílias sabiam que isso significava a suspensão das buscas até a manhã seguinte. “Espero que todos apareçam”, outro comentou. “É muito triste ficar sem noticia.” Entre as mensagens, porém, havia quem demonstrasse ânimo. “Enquanto não há corpo, ainda há esperança”, escreveram. “Deus, vamos ter fé.”

Domingo, 27 de janeiro

“Que barulho é esse há um tempo? Parece alarme, sei lá”, dizia uma mensagem, antes das 6 horas. Era o início de mais um pesadelo: com risco de desabamento da barragem 6, foi preciso evacuar áreas da cidade e suspender buscas. No grupo, proliferaram notícias falsas: “ALERTA A BARRAGEM ROMPEU”.

“Mães, parentes e amigos que sofrem sem notícia e, para piorar, não podem esperar nem em suas casas porque moram perto de rio”, comentou uma mulher. Às 11 horas, fotos e vídeos do exército de Israel animaram o grupo, mesmo após a informação de que a ajuda só desembarcaria à noite. “Que Deus use eles como instrumento”, dizia um comentário, seguido de emojis de mãos batendo palma. O clima mudou pouco depois. O número de mortos chegou a 58; os desaparecidos, a 305. Já não se falava mais em resgates. “Cada dia a mais, a angústia aumenta”, comentaram. “Ontem, minha prima e afilhada de coração estavam arrumando a casa dela para receber o pai”, contou uma participante. “Ela tem certeza que ele volta. Tem 11 anos.”

Veja imagens do rompimento de barragem de rejeitos da Vale em Brumadinho

1 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Washington Alves/Reuters
2 | 37

Moradores

Foto: Mauro Pimentel/AFP
3 | 37

Catástrofe ambiental e humana

Foto: Adriano Machado/Reuters
4 | 37

Animais

Foto: Wilton Junior/Estadão
5 | 37

Dificuldade no resgate

Foto: Douglas Magno/AFP
6 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Douglas Magno/AFP
7 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Washington Alves/Reuters
8 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais
9 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Washington Alves/Reuters
10 | 37

Catástrofe ambiental e humana

Foto: Adriano Machado/Reuters
11 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais
12 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Douglas Magno/AFP
13 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais
14 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais
15 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Washington Alves/Reuters
16 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Washington Alves/Reuters
17 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Washington Alves/Reuters
18 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais
19 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Washington Alves/Reuters
20 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais
21 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais
22 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Ernesto Rodrigues/Estadão
23 | 37

Presidente Bolsonaro

Foto: Isac Nóbrega/Presidência da República
24 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Paulo Fonseca/EFE
25 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Corpo de Bombeiros de Minas Gerais
26 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Wilton Junior/Estadão
27 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Wilton Junior/Estadão
28 | 37

Batalha pela Vida

29 | 37

Estrada

Foto: Wilton Junior/Estadão
30 | 37

Carro atolado

Foto: Wilton Junior/Estadão
31 | 37

Helicoptero

Foto: Wilton Junior/Estadão
32 | 37

Bombeiros tentam encontrar sobreviventes em Brumadinho

Foto: Washington Alves/Reuters
33 | 37

Corpo encontrado

Foto: Wilton Júnior/Estadão
34 | 37

Ponte

Foto: Antonio Lacerta/EFE
35 | 37

Área devastada

Foto: Wilton Júnior/Estadão
36 | 37

Equipe de resgate

Foto: Antonio Lacerda/EFE
37 | 37

Resgate aéreo

Foto: Giazi Cavalcante/Código 19

Segunda, 28 de janeiro

Às 10h35, veio a ideia que acabou monopolizando o dia: “Alguém sabe se estão fazendo buscas nas matas?”. Em pouco tempo, muitos se voluntariaram. Até foi criado um novo grupo só para os interessados. “É um espaço muito grande para poucos bombeiros. Devemos ir todos.” À noite, em coletiva, os Bombeiros descartaram a hipótese de ter sobreviventes na mata. Os mortos, ao todo, eram 84.

Terça, 29 de janeiro

O grupo passou a madrugada calado. “Francis era meu amigo e foi enterrado hoje, caixão fechado”, dizia uma das últimas mensagens, ainda do dia anterior. Nem a prisão de engenheiros que atestaram a segurança da barragem quebrou o silêncio do grupo. À tarde, uma notícia sobre a morte de uma vaca que havia ficado atolada mobilizou alguns. Outro reclamou: “Tô pouco me lixando para vaca, quero encontrar meu irmão”.

Quarta, 30 de janeiro

“Minha esperança é de que encontrem nossos parentes e amigos para que tenham um sepultamento digno”, dizia uma mensagem. Ao longo do dia, muitos perguntavam por atualização de lista de mortos, que só foi divulgada às 22 horas. “Pena que não saiu o nome do meu primo.”

Quinta, 31 de janeiro

As mensagens ficaram espaçadas e muitos, sem ter mais por quem precisar de informação, deixaram o grupo. Às 23h30, alguém quis prestar um serviço e publicou um passo a passo: “Como retirar certidão de óbito”.

Em busca de informação sobre vítimas, moradores de Brumadinho organizaram-se por WhatsApp para compartilhar novidades, perguntar por entes queridos e comentar as ações de resgate. Autorizado por administradores, o Estado acompanhou o grupo “Desaparecidos Brumadinho”, com mais de 200 membros, desde o sábado, 26. Nas mensagens, os participantes acabaram escrevendo uma espécie de diário da tragédia.

'Máquina de guerra' tem conseguido se movimentar sobre a lama, que ainda está mole em boa parte da área atingida. Foto: Wilton Júnior/ Estadão

Sábado, 26 de janeiro

No dia seguinte à tragédia, bombeiros faziam sobrevoo de helicópteros e buscas por terra. Foram localizadas 366, além de 34 mortos e 254 desaparecidos. “Gente, que angústia. Nunca pensei que passaríamos por isto”, escreveu uma moça às 19h17, quando o sol de Brumadinho ia se pondo. As famílias sabiam que isso significava a suspensão das buscas até a manhã seguinte. “Espero que todos apareçam”, outro comentou. “É muito triste ficar sem noticia.” Entre as mensagens, porém, havia quem demonstrasse ânimo. “Enquanto não há corpo, ainda há esperança”, escreveram. “Deus, vamos ter fé.”

Domingo, 27 de janeiro

“Que barulho é esse há um tempo? Parece alarme, sei lá”, dizia uma mensagem, antes das 6 horas. Era o início de mais um pesadelo: com risco de desabamento da barragem 6, foi preciso evacuar áreas da cidade e suspender buscas. No grupo, proliferaram notícias falsas: “ALERTA A BARRAGEM ROMPEU”.

“Mães, parentes e amigos que sofrem sem notícia e, para piorar, não podem esperar nem em suas casas porque moram perto de rio”, comentou uma mulher. Às 11 horas, fotos e vídeos do exército de Israel animaram o grupo, mesmo após a informação de que a ajuda só desembarcaria à noite. “Que Deus use eles como instrumento”, dizia um comentário, seguido de emojis de mãos batendo palma. O clima mudou pouco depois. O número de mortos chegou a 58; os desaparecidos, a 305. Já não se falava mais em resgates. “Cada dia a mais, a angústia aumenta”, comentaram. “Ontem, minha prima e afilhada de coração estavam arrumando a casa dela para receber o pai”, contou uma participante. “Ela tem certeza que ele volta. Tem 11 anos.”

Veja imagens do rompimento de barragem de rejeitos da Vale em Brumadinho

1 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Washington Alves/Reuters
2 | 37

Moradores

Foto: Mauro Pimentel/AFP
3 | 37

Catástrofe ambiental e humana

Foto: Adriano Machado/Reuters
4 | 37

Animais

Foto: Wilton Junior/Estadão
5 | 37

Dificuldade no resgate

Foto: Douglas Magno/AFP
6 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Douglas Magno/AFP
7 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Washington Alves/Reuters
8 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais
9 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Washington Alves/Reuters
10 | 37

Catástrofe ambiental e humana

Foto: Adriano Machado/Reuters
11 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais
12 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Douglas Magno/AFP
13 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais
14 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais
15 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Washington Alves/Reuters
16 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Washington Alves/Reuters
17 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Washington Alves/Reuters
18 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais
19 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Washington Alves/Reuters
20 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais
21 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais
22 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Ernesto Rodrigues/Estadão
23 | 37

Presidente Bolsonaro

Foto: Isac Nóbrega/Presidência da República
24 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Paulo Fonseca/EFE
25 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Corpo de Bombeiros de Minas Gerais
26 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Wilton Junior/Estadão
27 | 37

Tragédia em Minas Gerais

Foto: Wilton Junior/Estadão
28 | 37

Batalha pela Vida

29 | 37

Estrada

Foto: Wilton Junior/Estadão
30 | 37

Carro atolado

Foto: Wilton Junior/Estadão
31 | 37

Helicoptero

Foto: Wilton Junior/Estadão
32 | 37

Bombeiros tentam encontrar sobreviventes em Brumadinho

Foto: Washington Alves/Reuters
33 | 37

Corpo encontrado

Foto: Wilton Júnior/Estadão
34 | 37

Ponte

Foto: Antonio Lacerta/EFE
35 | 37

Área devastada

Foto: Wilton Júnior/Estadão
36 | 37

Equipe de resgate

Foto: Antonio Lacerda/EFE
37 | 37

Resgate aéreo

Foto: Giazi Cavalcante/Código 19

Segunda, 28 de janeiro

Às 10h35, veio a ideia que acabou monopolizando o dia: “Alguém sabe se estão fazendo buscas nas matas?”. Em pouco tempo, muitos se voluntariaram. Até foi criado um novo grupo só para os interessados. “É um espaço muito grande para poucos bombeiros. Devemos ir todos.” À noite, em coletiva, os Bombeiros descartaram a hipótese de ter sobreviventes na mata. Os mortos, ao todo, eram 84.

Terça, 29 de janeiro

O grupo passou a madrugada calado. “Francis era meu amigo e foi enterrado hoje, caixão fechado”, dizia uma das últimas mensagens, ainda do dia anterior. Nem a prisão de engenheiros que atestaram a segurança da barragem quebrou o silêncio do grupo. À tarde, uma notícia sobre a morte de uma vaca que havia ficado atolada mobilizou alguns. Outro reclamou: “Tô pouco me lixando para vaca, quero encontrar meu irmão”.

Quarta, 30 de janeiro

“Minha esperança é de que encontrem nossos parentes e amigos para que tenham um sepultamento digno”, dizia uma mensagem. Ao longo do dia, muitos perguntavam por atualização de lista de mortos, que só foi divulgada às 22 horas. “Pena que não saiu o nome do meu primo.”

Quinta, 31 de janeiro

As mensagens ficaram espaçadas e muitos, sem ter mais por quem precisar de informação, deixaram o grupo. Às 23h30, alguém quis prestar um serviço e publicou um passo a passo: “Como retirar certidão de óbito”.

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.