Disputa pelo trono inglês no século 16 inspira mais um filme


Conflito entre Mary Stuart da Escócia e a Rainha Elizabeth I já foi filmado diversas vezes; relembre versões anteriores

Por Alexis Soloski
Atualização:

Em Mary Queen of Scots, que estreia em dezembro, duas inimigas estão de volta com seus vestidos, penteados e intrigas que abalaram a geopolítica do mundo. Mary Stuart, rainha da Escócia e fugaz rainha consorte da França, e sua prima Elizabeth I eram rivais na disputa pelo trono inglês. As primeiras cartas trocadas entre as duas sugeriam um cálido relacionamento – Elizabeth assinou uma como “irmã dedicada e amiga de fé”. Isso, porém, foi antes de prendê-la e decapitá-la por conspiração.

Saoirse Ronan interpreta Mary Stuart em 'Mary Queen of Scots' (2018) Foto: Liam Daniel/Focus Features

“A história é conhecida há séculos”, disse Beau Willimon (House of Cards, Tudo pelo Poder), roteirista de Mary Queen of Scots. “Essas duas mulheres enfrentaram o mundo e no fim, por causa de política, voltaram-se uma contra a outra.” 

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Na maioria das versões, Mary é frívola e voluntariosa, enquanto Elizabeth é fria e calculista. Uma é promíscua, a outra, virgem. Este novo filme, com Saoirse Ronan como Mary e Margot Robbie como Elizabeth, complica um pouco a narrativa e avança para o que ainda se pensa das mulheres no poder – o que pode ou não fazer, como deve ou ser. 

“O mais importante para mim foi olhar para essas mulheres tão icônicas e tentar avaliar o que essa iconografia representa hoje”, disse Rosie Rourke, a diretora. Para Ronan, é uma chance de mostrar Mary como rainha e mulher, “com suas dúvidas e defeitos, sua força e suas virtudes”.

Essa antiga história envolvendo duas rainhas já inspirou incontáveis peças, óperas, balés e, principalmente, filmes e programas de televisão. Ela também inaugurou o uso de efeitos especiais no cinema no curta The Execution of Mary, Queen of Scots, de 1895, produzido por Thomas Edison. Aqui vão algumas versões filmadas que se destacaram nas últimas décadas.

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‘Mary of Scotland’ (1936)  Esse filme dirigido por John Ford e adaptado da peça em versos livres de Maxwell Anderson, foi um enorme sucesso de bilheteria. Katharine Hepburn, luminosamente frágil, faz uma Mary de postura ereta e com pouca emoção. Florence Eldridge é uma rabugenta Elizabeth que tem ciúmes da beleza e legitimidade de Mary. Lord Darnley (Douglas Walton), segundo marido de Mary, é mostrado como afeminado, enquanto o Conde de Bothwell (Frederic March), é um precursor de kilt do moderno macho man. Filmado num preto e branco opalino, o filme mostra uma Mary protofeminista. “Vou viver minha própria vida”, diz ela. “Recuso-me a casar!” A história tinha outros planos. 

‘Mary, Queen of Scots’ (1971)  Essa agitada adaptação de Charles Jarrott traz Vanessa Redgrave como uma instável Mary e Glenda Jackson no papel de uma Elizabeth carnívora. Thimotty Dalton faz um exuberante e sexualmente fluido Lord Darnley. Ian Holm contracena como um confidente arruinado. Em meio ao tropel de cavalos, vestidos de soirée ondulantes e gaitas de fole estridentes, o filme teve cinco indicações para o Oscar. Vincent Canby, do New York Times, descreveu-o como “um drama de costumes com uma excepcional carência de amor e paixão”. O roteiro, de John Hale, toma algumas liberdades quase traiçoeiras e promove encontros entre as duas mulheres. Sua leitura simplista das rainhas – Mary é fraca e feminina, Elizabeth é inflexível e pouco feminina – complica-se pela força das duas atrizes.

‘Elizabeth R’ (1971) Com orçamento baixo e relativmente pouco melodrama, essa fiel minissérie da BBC de 1971 tem mais uma vez Glenda Jackson como a rainha Elizabeth. O quarto episódio, Horrible Conspiracies, centra-se em Mary prisioneira e suas tramas. As cenas de dois e três personagens são caustrofóbicas. Embora o roteiro mantenha as duas mulheres separadas, sucessivas cenas se encarregam de expor tanto as acentuadas diferenças quanto as semelhanças, mais sutis, entre as duas – Elizabeth é perversa e sagaz, e a Mary de Vivian Pickles é volúvel, mas também esperta e autoconsciente. “Sei que sou impulsiva e não penso muito antes de agir”, diz ela ao espião Gifford. “Sou guiada pela paixão. Essa é minha alquimia e gosto dela.”

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‘Gunpowder, Treason & Plot’ (2004) No primeiro capítulo desta sangrenta e às vezes misógina minissérie da BBC, escrita por Jimmy McGovern, uma loura, adolescente e desligada Mary (Clémence Poésy) chega à Escócia. Seu gosto por homens é o pior possível. Lord Darnley é bêbado, assassino e estuprador. O Conde de Bothwell (Kevin McKidd) trata-a como criança e a insulta, mas ela parece gostar. Se na maioria das adaptações há chamas entre as duas rainhas, aqui não há nem faíscas. A infantilizada Mary é uma mosca morta frente à impiedosa Elizabeth de Chatherine Mcormack e sua auréola de fabulosos (embora anacrônicos) cabelos. Elizabeth odeia particularmente o contraste entre a fertilidade de Mary e o fato de ela própria não ter filhos. 

‘Elizabeth I’ (2005) Nesta opulenta minissérie da HBO ganhadora do Emmy , a atuação de Helen Mirren enfatiza ao mesmo tempo a majestade e a vulnerabilidade de Elizabeth, sugerindo que seu domínio político tem um considerável custo pessoal. Ela arma um encontro secreto com Mary, em parte para impedir uma guerra com a Espanha e em parte para socorrer a mulher que chama de “minha irmã”. Em contraste com as Marys usuais, a de Barbara Flynn é tão confiante e imperial quanto a prima. Elizabeth, na solidão do poder, tem consciência da herança de sangue e história comum às duas e arrisca uma comparação: “Eu e você somos prisioneiras do tempo”. Mary, presa por quase 19 anos, não se convence. “Prisioneiras? Ambas?”, pergunta. Sua morte, ordenada pela própria Elizabeth, deixa a rainha devastada. 

‘Elizabeth: a Era de Ouro’ (2007) Na segunda metade deste exuberante filme em duas partes, dirigido por Shekhar Kapur, Cate Blanchet é uma Elizabeth extravagantemente pintada e penteada que se locomove agilmente num incerto panorama político. Mas a frágil e maliciosa Mary de Samantha Morton a alfineta: “Eles a chamam de rainha virgem. Será porque nenhum homem a quer?” Uau! Elizabeth preocupa-se apenas brevemente com o destino de Mary. A Marinha espanhola está pressionando. Mas, ao condenar Mary à morte (será que ela também a condenou a usar aquele penteado estilo orelhas de camundongo?), Elizabeth reconhece a própria mortalidade. Rainhas também são humanas. 

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‘Reign’ (2013)  A série em quatro temporadas da rede CW reconta a história com uma Mary usando vestidos de grife, uma trilha sonora de folk rock e ocasionais cenas de sexo sobrenatural. A série começa com a chegada à corte francesa de uma Mary morena e de olhos arregalados (Adelaide Kane) e evolui freneticamente a partir daí. Por que tanta feitiçaria? Por que tantas bandanas? No final da segunda temporada entra Rachel Skarsten como Elizabeth, uma mulher que faz escolhas e sacrifícios que Mary não pode fazer. A a série às vezes faz um retrato mais complexo de como as mulheres tomam o poder e a ele se agarram. / TRADUÇÃO DE ROBERTO MUNIZ

Em Mary Queen of Scots, que estreia em dezembro, duas inimigas estão de volta com seus vestidos, penteados e intrigas que abalaram a geopolítica do mundo. Mary Stuart, rainha da Escócia e fugaz rainha consorte da França, e sua prima Elizabeth I eram rivais na disputa pelo trono inglês. As primeiras cartas trocadas entre as duas sugeriam um cálido relacionamento – Elizabeth assinou uma como “irmã dedicada e amiga de fé”. Isso, porém, foi antes de prendê-la e decapitá-la por conspiração.

Saoirse Ronan interpreta Mary Stuart em 'Mary Queen of Scots' (2018) Foto: Liam Daniel/Focus Features

“A história é conhecida há séculos”, disse Beau Willimon (House of Cards, Tudo pelo Poder), roteirista de Mary Queen of Scots. “Essas duas mulheres enfrentaram o mundo e no fim, por causa de política, voltaram-se uma contra a outra.” 

Na maioria das versões, Mary é frívola e voluntariosa, enquanto Elizabeth é fria e calculista. Uma é promíscua, a outra, virgem. Este novo filme, com Saoirse Ronan como Mary e Margot Robbie como Elizabeth, complica um pouco a narrativa e avança para o que ainda se pensa das mulheres no poder – o que pode ou não fazer, como deve ou ser. 

“O mais importante para mim foi olhar para essas mulheres tão icônicas e tentar avaliar o que essa iconografia representa hoje”, disse Rosie Rourke, a diretora. Para Ronan, é uma chance de mostrar Mary como rainha e mulher, “com suas dúvidas e defeitos, sua força e suas virtudes”.

Essa antiga história envolvendo duas rainhas já inspirou incontáveis peças, óperas, balés e, principalmente, filmes e programas de televisão. Ela também inaugurou o uso de efeitos especiais no cinema no curta The Execution of Mary, Queen of Scots, de 1895, produzido por Thomas Edison. Aqui vão algumas versões filmadas que se destacaram nas últimas décadas.

‘Mary of Scotland’ (1936)  Esse filme dirigido por John Ford e adaptado da peça em versos livres de Maxwell Anderson, foi um enorme sucesso de bilheteria. Katharine Hepburn, luminosamente frágil, faz uma Mary de postura ereta e com pouca emoção. Florence Eldridge é uma rabugenta Elizabeth que tem ciúmes da beleza e legitimidade de Mary. Lord Darnley (Douglas Walton), segundo marido de Mary, é mostrado como afeminado, enquanto o Conde de Bothwell (Frederic March), é um precursor de kilt do moderno macho man. Filmado num preto e branco opalino, o filme mostra uma Mary protofeminista. “Vou viver minha própria vida”, diz ela. “Recuso-me a casar!” A história tinha outros planos. 

‘Mary, Queen of Scots’ (1971)  Essa agitada adaptação de Charles Jarrott traz Vanessa Redgrave como uma instável Mary e Glenda Jackson no papel de uma Elizabeth carnívora. Thimotty Dalton faz um exuberante e sexualmente fluido Lord Darnley. Ian Holm contracena como um confidente arruinado. Em meio ao tropel de cavalos, vestidos de soirée ondulantes e gaitas de fole estridentes, o filme teve cinco indicações para o Oscar. Vincent Canby, do New York Times, descreveu-o como “um drama de costumes com uma excepcional carência de amor e paixão”. O roteiro, de John Hale, toma algumas liberdades quase traiçoeiras e promove encontros entre as duas mulheres. Sua leitura simplista das rainhas – Mary é fraca e feminina, Elizabeth é inflexível e pouco feminina – complica-se pela força das duas atrizes.

‘Elizabeth R’ (1971) Com orçamento baixo e relativmente pouco melodrama, essa fiel minissérie da BBC de 1971 tem mais uma vez Glenda Jackson como a rainha Elizabeth. O quarto episódio, Horrible Conspiracies, centra-se em Mary prisioneira e suas tramas. As cenas de dois e três personagens são caustrofóbicas. Embora o roteiro mantenha as duas mulheres separadas, sucessivas cenas se encarregam de expor tanto as acentuadas diferenças quanto as semelhanças, mais sutis, entre as duas – Elizabeth é perversa e sagaz, e a Mary de Vivian Pickles é volúvel, mas também esperta e autoconsciente. “Sei que sou impulsiva e não penso muito antes de agir”, diz ela ao espião Gifford. “Sou guiada pela paixão. Essa é minha alquimia e gosto dela.”

‘Gunpowder, Treason & Plot’ (2004) No primeiro capítulo desta sangrenta e às vezes misógina minissérie da BBC, escrita por Jimmy McGovern, uma loura, adolescente e desligada Mary (Clémence Poésy) chega à Escócia. Seu gosto por homens é o pior possível. Lord Darnley é bêbado, assassino e estuprador. O Conde de Bothwell (Kevin McKidd) trata-a como criança e a insulta, mas ela parece gostar. Se na maioria das adaptações há chamas entre as duas rainhas, aqui não há nem faíscas. A infantilizada Mary é uma mosca morta frente à impiedosa Elizabeth de Chatherine Mcormack e sua auréola de fabulosos (embora anacrônicos) cabelos. Elizabeth odeia particularmente o contraste entre a fertilidade de Mary e o fato de ela própria não ter filhos. 

‘Elizabeth I’ (2005) Nesta opulenta minissérie da HBO ganhadora do Emmy , a atuação de Helen Mirren enfatiza ao mesmo tempo a majestade e a vulnerabilidade de Elizabeth, sugerindo que seu domínio político tem um considerável custo pessoal. Ela arma um encontro secreto com Mary, em parte para impedir uma guerra com a Espanha e em parte para socorrer a mulher que chama de “minha irmã”. Em contraste com as Marys usuais, a de Barbara Flynn é tão confiante e imperial quanto a prima. Elizabeth, na solidão do poder, tem consciência da herança de sangue e história comum às duas e arrisca uma comparação: “Eu e você somos prisioneiras do tempo”. Mary, presa por quase 19 anos, não se convence. “Prisioneiras? Ambas?”, pergunta. Sua morte, ordenada pela própria Elizabeth, deixa a rainha devastada. 

‘Elizabeth: a Era de Ouro’ (2007) Na segunda metade deste exuberante filme em duas partes, dirigido por Shekhar Kapur, Cate Blanchet é uma Elizabeth extravagantemente pintada e penteada que se locomove agilmente num incerto panorama político. Mas a frágil e maliciosa Mary de Samantha Morton a alfineta: “Eles a chamam de rainha virgem. Será porque nenhum homem a quer?” Uau! Elizabeth preocupa-se apenas brevemente com o destino de Mary. A Marinha espanhola está pressionando. Mas, ao condenar Mary à morte (será que ela também a condenou a usar aquele penteado estilo orelhas de camundongo?), Elizabeth reconhece a própria mortalidade. Rainhas também são humanas. 

‘Reign’ (2013)  A série em quatro temporadas da rede CW reconta a história com uma Mary usando vestidos de grife, uma trilha sonora de folk rock e ocasionais cenas de sexo sobrenatural. A série começa com a chegada à corte francesa de uma Mary morena e de olhos arregalados (Adelaide Kane) e evolui freneticamente a partir daí. Por que tanta feitiçaria? Por que tantas bandanas? No final da segunda temporada entra Rachel Skarsten como Elizabeth, uma mulher que faz escolhas e sacrifícios que Mary não pode fazer. A a série às vezes faz um retrato mais complexo de como as mulheres tomam o poder e a ele se agarram. / TRADUÇÃO DE ROBERTO MUNIZ

Em Mary Queen of Scots, que estreia em dezembro, duas inimigas estão de volta com seus vestidos, penteados e intrigas que abalaram a geopolítica do mundo. Mary Stuart, rainha da Escócia e fugaz rainha consorte da França, e sua prima Elizabeth I eram rivais na disputa pelo trono inglês. As primeiras cartas trocadas entre as duas sugeriam um cálido relacionamento – Elizabeth assinou uma como “irmã dedicada e amiga de fé”. Isso, porém, foi antes de prendê-la e decapitá-la por conspiração.

Saoirse Ronan interpreta Mary Stuart em 'Mary Queen of Scots' (2018) Foto: Liam Daniel/Focus Features

“A história é conhecida há séculos”, disse Beau Willimon (House of Cards, Tudo pelo Poder), roteirista de Mary Queen of Scots. “Essas duas mulheres enfrentaram o mundo e no fim, por causa de política, voltaram-se uma contra a outra.” 

Na maioria das versões, Mary é frívola e voluntariosa, enquanto Elizabeth é fria e calculista. Uma é promíscua, a outra, virgem. Este novo filme, com Saoirse Ronan como Mary e Margot Robbie como Elizabeth, complica um pouco a narrativa e avança para o que ainda se pensa das mulheres no poder – o que pode ou não fazer, como deve ou ser. 

“O mais importante para mim foi olhar para essas mulheres tão icônicas e tentar avaliar o que essa iconografia representa hoje”, disse Rosie Rourke, a diretora. Para Ronan, é uma chance de mostrar Mary como rainha e mulher, “com suas dúvidas e defeitos, sua força e suas virtudes”.

Essa antiga história envolvendo duas rainhas já inspirou incontáveis peças, óperas, balés e, principalmente, filmes e programas de televisão. Ela também inaugurou o uso de efeitos especiais no cinema no curta The Execution of Mary, Queen of Scots, de 1895, produzido por Thomas Edison. Aqui vão algumas versões filmadas que se destacaram nas últimas décadas.

‘Mary of Scotland’ (1936)  Esse filme dirigido por John Ford e adaptado da peça em versos livres de Maxwell Anderson, foi um enorme sucesso de bilheteria. Katharine Hepburn, luminosamente frágil, faz uma Mary de postura ereta e com pouca emoção. Florence Eldridge é uma rabugenta Elizabeth que tem ciúmes da beleza e legitimidade de Mary. Lord Darnley (Douglas Walton), segundo marido de Mary, é mostrado como afeminado, enquanto o Conde de Bothwell (Frederic March), é um precursor de kilt do moderno macho man. Filmado num preto e branco opalino, o filme mostra uma Mary protofeminista. “Vou viver minha própria vida”, diz ela. “Recuso-me a casar!” A história tinha outros planos. 

‘Mary, Queen of Scots’ (1971)  Essa agitada adaptação de Charles Jarrott traz Vanessa Redgrave como uma instável Mary e Glenda Jackson no papel de uma Elizabeth carnívora. Thimotty Dalton faz um exuberante e sexualmente fluido Lord Darnley. Ian Holm contracena como um confidente arruinado. Em meio ao tropel de cavalos, vestidos de soirée ondulantes e gaitas de fole estridentes, o filme teve cinco indicações para o Oscar. Vincent Canby, do New York Times, descreveu-o como “um drama de costumes com uma excepcional carência de amor e paixão”. O roteiro, de John Hale, toma algumas liberdades quase traiçoeiras e promove encontros entre as duas mulheres. Sua leitura simplista das rainhas – Mary é fraca e feminina, Elizabeth é inflexível e pouco feminina – complica-se pela força das duas atrizes.

‘Elizabeth R’ (1971) Com orçamento baixo e relativmente pouco melodrama, essa fiel minissérie da BBC de 1971 tem mais uma vez Glenda Jackson como a rainha Elizabeth. O quarto episódio, Horrible Conspiracies, centra-se em Mary prisioneira e suas tramas. As cenas de dois e três personagens são caustrofóbicas. Embora o roteiro mantenha as duas mulheres separadas, sucessivas cenas se encarregam de expor tanto as acentuadas diferenças quanto as semelhanças, mais sutis, entre as duas – Elizabeth é perversa e sagaz, e a Mary de Vivian Pickles é volúvel, mas também esperta e autoconsciente. “Sei que sou impulsiva e não penso muito antes de agir”, diz ela ao espião Gifford. “Sou guiada pela paixão. Essa é minha alquimia e gosto dela.”

‘Gunpowder, Treason & Plot’ (2004) No primeiro capítulo desta sangrenta e às vezes misógina minissérie da BBC, escrita por Jimmy McGovern, uma loura, adolescente e desligada Mary (Clémence Poésy) chega à Escócia. Seu gosto por homens é o pior possível. Lord Darnley é bêbado, assassino e estuprador. O Conde de Bothwell (Kevin McKidd) trata-a como criança e a insulta, mas ela parece gostar. Se na maioria das adaptações há chamas entre as duas rainhas, aqui não há nem faíscas. A infantilizada Mary é uma mosca morta frente à impiedosa Elizabeth de Chatherine Mcormack e sua auréola de fabulosos (embora anacrônicos) cabelos. Elizabeth odeia particularmente o contraste entre a fertilidade de Mary e o fato de ela própria não ter filhos. 

‘Elizabeth I’ (2005) Nesta opulenta minissérie da HBO ganhadora do Emmy , a atuação de Helen Mirren enfatiza ao mesmo tempo a majestade e a vulnerabilidade de Elizabeth, sugerindo que seu domínio político tem um considerável custo pessoal. Ela arma um encontro secreto com Mary, em parte para impedir uma guerra com a Espanha e em parte para socorrer a mulher que chama de “minha irmã”. Em contraste com as Marys usuais, a de Barbara Flynn é tão confiante e imperial quanto a prima. Elizabeth, na solidão do poder, tem consciência da herança de sangue e história comum às duas e arrisca uma comparação: “Eu e você somos prisioneiras do tempo”. Mary, presa por quase 19 anos, não se convence. “Prisioneiras? Ambas?”, pergunta. Sua morte, ordenada pela própria Elizabeth, deixa a rainha devastada. 

‘Elizabeth: a Era de Ouro’ (2007) Na segunda metade deste exuberante filme em duas partes, dirigido por Shekhar Kapur, Cate Blanchet é uma Elizabeth extravagantemente pintada e penteada que se locomove agilmente num incerto panorama político. Mas a frágil e maliciosa Mary de Samantha Morton a alfineta: “Eles a chamam de rainha virgem. Será porque nenhum homem a quer?” Uau! Elizabeth preocupa-se apenas brevemente com o destino de Mary. A Marinha espanhola está pressionando. Mas, ao condenar Mary à morte (será que ela também a condenou a usar aquele penteado estilo orelhas de camundongo?), Elizabeth reconhece a própria mortalidade. Rainhas também são humanas. 

‘Reign’ (2013)  A série em quatro temporadas da rede CW reconta a história com uma Mary usando vestidos de grife, uma trilha sonora de folk rock e ocasionais cenas de sexo sobrenatural. A série começa com a chegada à corte francesa de uma Mary morena e de olhos arregalados (Adelaide Kane) e evolui freneticamente a partir daí. Por que tanta feitiçaria? Por que tantas bandanas? No final da segunda temporada entra Rachel Skarsten como Elizabeth, uma mulher que faz escolhas e sacrifícios que Mary não pode fazer. A a série às vezes faz um retrato mais complexo de como as mulheres tomam o poder e a ele se agarram. / TRADUÇÃO DE ROBERTO MUNIZ

Em Mary Queen of Scots, que estreia em dezembro, duas inimigas estão de volta com seus vestidos, penteados e intrigas que abalaram a geopolítica do mundo. Mary Stuart, rainha da Escócia e fugaz rainha consorte da França, e sua prima Elizabeth I eram rivais na disputa pelo trono inglês. As primeiras cartas trocadas entre as duas sugeriam um cálido relacionamento – Elizabeth assinou uma como “irmã dedicada e amiga de fé”. Isso, porém, foi antes de prendê-la e decapitá-la por conspiração.

Saoirse Ronan interpreta Mary Stuart em 'Mary Queen of Scots' (2018) Foto: Liam Daniel/Focus Features

“A história é conhecida há séculos”, disse Beau Willimon (House of Cards, Tudo pelo Poder), roteirista de Mary Queen of Scots. “Essas duas mulheres enfrentaram o mundo e no fim, por causa de política, voltaram-se uma contra a outra.” 

Na maioria das versões, Mary é frívola e voluntariosa, enquanto Elizabeth é fria e calculista. Uma é promíscua, a outra, virgem. Este novo filme, com Saoirse Ronan como Mary e Margot Robbie como Elizabeth, complica um pouco a narrativa e avança para o que ainda se pensa das mulheres no poder – o que pode ou não fazer, como deve ou ser. 

“O mais importante para mim foi olhar para essas mulheres tão icônicas e tentar avaliar o que essa iconografia representa hoje”, disse Rosie Rourke, a diretora. Para Ronan, é uma chance de mostrar Mary como rainha e mulher, “com suas dúvidas e defeitos, sua força e suas virtudes”.

Essa antiga história envolvendo duas rainhas já inspirou incontáveis peças, óperas, balés e, principalmente, filmes e programas de televisão. Ela também inaugurou o uso de efeitos especiais no cinema no curta The Execution of Mary, Queen of Scots, de 1895, produzido por Thomas Edison. Aqui vão algumas versões filmadas que se destacaram nas últimas décadas.

‘Mary of Scotland’ (1936)  Esse filme dirigido por John Ford e adaptado da peça em versos livres de Maxwell Anderson, foi um enorme sucesso de bilheteria. Katharine Hepburn, luminosamente frágil, faz uma Mary de postura ereta e com pouca emoção. Florence Eldridge é uma rabugenta Elizabeth que tem ciúmes da beleza e legitimidade de Mary. Lord Darnley (Douglas Walton), segundo marido de Mary, é mostrado como afeminado, enquanto o Conde de Bothwell (Frederic March), é um precursor de kilt do moderno macho man. Filmado num preto e branco opalino, o filme mostra uma Mary protofeminista. “Vou viver minha própria vida”, diz ela. “Recuso-me a casar!” A história tinha outros planos. 

‘Mary, Queen of Scots’ (1971)  Essa agitada adaptação de Charles Jarrott traz Vanessa Redgrave como uma instável Mary e Glenda Jackson no papel de uma Elizabeth carnívora. Thimotty Dalton faz um exuberante e sexualmente fluido Lord Darnley. Ian Holm contracena como um confidente arruinado. Em meio ao tropel de cavalos, vestidos de soirée ondulantes e gaitas de fole estridentes, o filme teve cinco indicações para o Oscar. Vincent Canby, do New York Times, descreveu-o como “um drama de costumes com uma excepcional carência de amor e paixão”. O roteiro, de John Hale, toma algumas liberdades quase traiçoeiras e promove encontros entre as duas mulheres. Sua leitura simplista das rainhas – Mary é fraca e feminina, Elizabeth é inflexível e pouco feminina – complica-se pela força das duas atrizes.

‘Elizabeth R’ (1971) Com orçamento baixo e relativmente pouco melodrama, essa fiel minissérie da BBC de 1971 tem mais uma vez Glenda Jackson como a rainha Elizabeth. O quarto episódio, Horrible Conspiracies, centra-se em Mary prisioneira e suas tramas. As cenas de dois e três personagens são caustrofóbicas. Embora o roteiro mantenha as duas mulheres separadas, sucessivas cenas se encarregam de expor tanto as acentuadas diferenças quanto as semelhanças, mais sutis, entre as duas – Elizabeth é perversa e sagaz, e a Mary de Vivian Pickles é volúvel, mas também esperta e autoconsciente. “Sei que sou impulsiva e não penso muito antes de agir”, diz ela ao espião Gifford. “Sou guiada pela paixão. Essa é minha alquimia e gosto dela.”

‘Gunpowder, Treason & Plot’ (2004) No primeiro capítulo desta sangrenta e às vezes misógina minissérie da BBC, escrita por Jimmy McGovern, uma loura, adolescente e desligada Mary (Clémence Poésy) chega à Escócia. Seu gosto por homens é o pior possível. Lord Darnley é bêbado, assassino e estuprador. O Conde de Bothwell (Kevin McKidd) trata-a como criança e a insulta, mas ela parece gostar. Se na maioria das adaptações há chamas entre as duas rainhas, aqui não há nem faíscas. A infantilizada Mary é uma mosca morta frente à impiedosa Elizabeth de Chatherine Mcormack e sua auréola de fabulosos (embora anacrônicos) cabelos. Elizabeth odeia particularmente o contraste entre a fertilidade de Mary e o fato de ela própria não ter filhos. 

‘Elizabeth I’ (2005) Nesta opulenta minissérie da HBO ganhadora do Emmy , a atuação de Helen Mirren enfatiza ao mesmo tempo a majestade e a vulnerabilidade de Elizabeth, sugerindo que seu domínio político tem um considerável custo pessoal. Ela arma um encontro secreto com Mary, em parte para impedir uma guerra com a Espanha e em parte para socorrer a mulher que chama de “minha irmã”. Em contraste com as Marys usuais, a de Barbara Flynn é tão confiante e imperial quanto a prima. Elizabeth, na solidão do poder, tem consciência da herança de sangue e história comum às duas e arrisca uma comparação: “Eu e você somos prisioneiras do tempo”. Mary, presa por quase 19 anos, não se convence. “Prisioneiras? Ambas?”, pergunta. Sua morte, ordenada pela própria Elizabeth, deixa a rainha devastada. 

‘Elizabeth: a Era de Ouro’ (2007) Na segunda metade deste exuberante filme em duas partes, dirigido por Shekhar Kapur, Cate Blanchet é uma Elizabeth extravagantemente pintada e penteada que se locomove agilmente num incerto panorama político. Mas a frágil e maliciosa Mary de Samantha Morton a alfineta: “Eles a chamam de rainha virgem. Será porque nenhum homem a quer?” Uau! Elizabeth preocupa-se apenas brevemente com o destino de Mary. A Marinha espanhola está pressionando. Mas, ao condenar Mary à morte (será que ela também a condenou a usar aquele penteado estilo orelhas de camundongo?), Elizabeth reconhece a própria mortalidade. Rainhas também são humanas. 

‘Reign’ (2013)  A série em quatro temporadas da rede CW reconta a história com uma Mary usando vestidos de grife, uma trilha sonora de folk rock e ocasionais cenas de sexo sobrenatural. A série começa com a chegada à corte francesa de uma Mary morena e de olhos arregalados (Adelaide Kane) e evolui freneticamente a partir daí. Por que tanta feitiçaria? Por que tantas bandanas? No final da segunda temporada entra Rachel Skarsten como Elizabeth, uma mulher que faz escolhas e sacrifícios que Mary não pode fazer. A a série às vezes faz um retrato mais complexo de como as mulheres tomam o poder e a ele se agarram. / TRADUÇÃO DE ROBERTO MUNIZ

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