Jornalista e comentarista de economia

Opinião|Um PIB mais forte


Três fatores têm contribuído para o aumento da perspectiva de um maior crescimento econômico no Brasil em 2021

Por Celso Ming

Já dá para esperar por mais crescimento econômico neste ano no Brasil. A chamada prévia do PIB, que é o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), divulgada nesta quinta-feira, reforçou essa aposta. Não é ainda a arremetida em “V” tão prometida pelo ministro da EconomiaPaulo Guedes, mas é mais do que vinha sendo esperado até agora.

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Três puxadores de PIB estão em plena carga. São eles: o novo ciclo de alta das commodities; a forte retomada da economia global, principalmente na China e nos Estados Unidos; e, apesar dos pesares, a vacinação no Brasil começa a permitir maior flexibilização do distanciamento social e mais atividade econômica. É o que precisa ser mais bem avaliado.

A boa fase das exportações de produtos primários pelo Brasil, especialmente minérios e proteína (vegetal ou animal), não é apenas episódica. Está amarrada a robusto aumento da demanda externa que, por sua vez, tem a ver com o segundo fator, a retomada.

Apesar do esticão da inflação, o impressionante dinamismo da economia dos Estados Unidos e da China não é apenas o resultado do reaquecimento dos negócios depois da paralisação provocada pela pandemia. Está sendo empurrado por enorme despejo de recursos.

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O governo Joe Biden está negociando com o Congresso o pacote de infraestrutura de US$ 2,3 trilhões, destinado a expandir a infraestrutura e fontes de energia limpa. Antes, US$ 1,9 trilhão foi aprovado para pagamento em auxílio de emergência para minimizar danos causados pela pandemia. E tem o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) que injeta, mensalmente, cerca de US$ 120 bilhões por meio da recompra de títulos.

A China, por sua vez, já vinha irrigando grandes investimentos em infraestrutura. E a União Europeia, graças a estímulos fiscais e monetários, já reviu seu crescimento econômico deste ano de 3,8% para 4,3%.

Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), conhecido como "prévia do PIB' do BC, acumula alta de de 2,27% no primeiro trimestre deste ano. Foto: André Dusek/Estadão Foto:
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É o que explica o grande avanço da demanda de aço, metais não ferrosos (cobre, zinco, níquel) e minérios. O aumento da renda nesses países e principalmente na Ásia, por sua vez, expandiu o consumo de alimentos. São fatores de longo prazo que permitem pressupor que a maior demanda de produtos primários deva perdurar por três a cinco anos e favorecer o Brasil.

E há as vacinas, hoje o principal instrumento de política econômica, como vem repetindo o ministro Paulo Guedes. Mas é preciso ver o efeito do emperramento provocado pelo governo. Em consequência do negacionismo do presidente Jair Bolsonaro e da política sanitária desastrada, a vacinação do brasileiro não só atrasou, mas está sendo realizada devagar demais e com muitas interrupções.

Em todo o caso, já são quase 40 milhões de brasileiros que receberam ao menos a primeira dose. É a população mais vulnerável à covid-19, segura de não apresentar sintomas graves da doença e de infectar. Mais dois ou três meses e esse segmento de imunizados será de mais de 50 milhões no Brasil.

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Não pode ser desprezado o outro acelerador da demanda, a nova rodada de distribuição do auxílio emergencial, de R$ 43 bilhões, que deve favorecer 45,6 milhões de brasileiros. 

Com isso, o comércio e as demais atividades econômicas poderão voltar à carga. Ah, sim, os mais prudentes advertem, com razão, de que há a considerar as novas cepas do vírus, o atraso de remessas de vacina e, ainda, a possibilidade do surgimento de outras ondas de ataque do coronavírus, como acontece na Índia. São incertezas, além das outras mencionadas a seguir, a que a economia brasileira está sujeita.

Mas não invalidam os prognósticos de maior crescimento econômico do que os 3,7% até recentemente projetados pelo FMI. Há quatro semanas, o mercado trabalhava com avanço do PIB em 2021 de 3,08%. Na semana passada, passou a contar com mais 3,21%, como mostra a pesquisa Focus do Banco Central, levantamento feito semanalmente com cerca de 120 consultores e analistas. Outros analistas já reviram suas projeções para cima.

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Esta é a percepção do momento, porque estes mares estão sujeitos a outras tempestades. As contas públicas continuam em forte deterioração, as reformas se mantêm emperradas, o presidente é o que temos e a vida política, que é o que sabemos, passará agora por fortes turbulências, tanto mais fortes quanto mais perto estaremos das eleições. Mas alguma aposta para melhor poderá começar a prevalecer.CELSO MING É COMENTARISTA DE ECONOMIA

Já dá para esperar por mais crescimento econômico neste ano no Brasil. A chamada prévia do PIB, que é o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), divulgada nesta quinta-feira, reforçou essa aposta. Não é ainda a arremetida em “V” tão prometida pelo ministro da EconomiaPaulo Guedes, mas é mais do que vinha sendo esperado até agora.

Três puxadores de PIB estão em plena carga. São eles: o novo ciclo de alta das commodities; a forte retomada da economia global, principalmente na China e nos Estados Unidos; e, apesar dos pesares, a vacinação no Brasil começa a permitir maior flexibilização do distanciamento social e mais atividade econômica. É o que precisa ser mais bem avaliado.

A boa fase das exportações de produtos primários pelo Brasil, especialmente minérios e proteína (vegetal ou animal), não é apenas episódica. Está amarrada a robusto aumento da demanda externa que, por sua vez, tem a ver com o segundo fator, a retomada.

Apesar do esticão da inflação, o impressionante dinamismo da economia dos Estados Unidos e da China não é apenas o resultado do reaquecimento dos negócios depois da paralisação provocada pela pandemia. Está sendo empurrado por enorme despejo de recursos.

O governo Joe Biden está negociando com o Congresso o pacote de infraestrutura de US$ 2,3 trilhões, destinado a expandir a infraestrutura e fontes de energia limpa. Antes, US$ 1,9 trilhão foi aprovado para pagamento em auxílio de emergência para minimizar danos causados pela pandemia. E tem o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) que injeta, mensalmente, cerca de US$ 120 bilhões por meio da recompra de títulos.

A China, por sua vez, já vinha irrigando grandes investimentos em infraestrutura. E a União Europeia, graças a estímulos fiscais e monetários, já reviu seu crescimento econômico deste ano de 3,8% para 4,3%.

Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), conhecido como "prévia do PIB' do BC, acumula alta de de 2,27% no primeiro trimestre deste ano. Foto: André Dusek/Estadão Foto:

É o que explica o grande avanço da demanda de aço, metais não ferrosos (cobre, zinco, níquel) e minérios. O aumento da renda nesses países e principalmente na Ásia, por sua vez, expandiu o consumo de alimentos. São fatores de longo prazo que permitem pressupor que a maior demanda de produtos primários deva perdurar por três a cinco anos e favorecer o Brasil.

E há as vacinas, hoje o principal instrumento de política econômica, como vem repetindo o ministro Paulo Guedes. Mas é preciso ver o efeito do emperramento provocado pelo governo. Em consequência do negacionismo do presidente Jair Bolsonaro e da política sanitária desastrada, a vacinação do brasileiro não só atrasou, mas está sendo realizada devagar demais e com muitas interrupções.

Em todo o caso, já são quase 40 milhões de brasileiros que receberam ao menos a primeira dose. É a população mais vulnerável à covid-19, segura de não apresentar sintomas graves da doença e de infectar. Mais dois ou três meses e esse segmento de imunizados será de mais de 50 milhões no Brasil.

Não pode ser desprezado o outro acelerador da demanda, a nova rodada de distribuição do auxílio emergencial, de R$ 43 bilhões, que deve favorecer 45,6 milhões de brasileiros. 

Com isso, o comércio e as demais atividades econômicas poderão voltar à carga. Ah, sim, os mais prudentes advertem, com razão, de que há a considerar as novas cepas do vírus, o atraso de remessas de vacina e, ainda, a possibilidade do surgimento de outras ondas de ataque do coronavírus, como acontece na Índia. São incertezas, além das outras mencionadas a seguir, a que a economia brasileira está sujeita.

Mas não invalidam os prognósticos de maior crescimento econômico do que os 3,7% até recentemente projetados pelo FMI. Há quatro semanas, o mercado trabalhava com avanço do PIB em 2021 de 3,08%. Na semana passada, passou a contar com mais 3,21%, como mostra a pesquisa Focus do Banco Central, levantamento feito semanalmente com cerca de 120 consultores e analistas. Outros analistas já reviram suas projeções para cima.

Esta é a percepção do momento, porque estes mares estão sujeitos a outras tempestades. As contas públicas continuam em forte deterioração, as reformas se mantêm emperradas, o presidente é o que temos e a vida política, que é o que sabemos, passará agora por fortes turbulências, tanto mais fortes quanto mais perto estaremos das eleições. Mas alguma aposta para melhor poderá começar a prevalecer.CELSO MING É COMENTARISTA DE ECONOMIA

Já dá para esperar por mais crescimento econômico neste ano no Brasil. A chamada prévia do PIB, que é o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), divulgada nesta quinta-feira, reforçou essa aposta. Não é ainda a arremetida em “V” tão prometida pelo ministro da EconomiaPaulo Guedes, mas é mais do que vinha sendo esperado até agora.

Três puxadores de PIB estão em plena carga. São eles: o novo ciclo de alta das commodities; a forte retomada da economia global, principalmente na China e nos Estados Unidos; e, apesar dos pesares, a vacinação no Brasil começa a permitir maior flexibilização do distanciamento social e mais atividade econômica. É o que precisa ser mais bem avaliado.

A boa fase das exportações de produtos primários pelo Brasil, especialmente minérios e proteína (vegetal ou animal), não é apenas episódica. Está amarrada a robusto aumento da demanda externa que, por sua vez, tem a ver com o segundo fator, a retomada.

Apesar do esticão da inflação, o impressionante dinamismo da economia dos Estados Unidos e da China não é apenas o resultado do reaquecimento dos negócios depois da paralisação provocada pela pandemia. Está sendo empurrado por enorme despejo de recursos.

O governo Joe Biden está negociando com o Congresso o pacote de infraestrutura de US$ 2,3 trilhões, destinado a expandir a infraestrutura e fontes de energia limpa. Antes, US$ 1,9 trilhão foi aprovado para pagamento em auxílio de emergência para minimizar danos causados pela pandemia. E tem o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) que injeta, mensalmente, cerca de US$ 120 bilhões por meio da recompra de títulos.

A China, por sua vez, já vinha irrigando grandes investimentos em infraestrutura. E a União Europeia, graças a estímulos fiscais e monetários, já reviu seu crescimento econômico deste ano de 3,8% para 4,3%.

Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), conhecido como "prévia do PIB' do BC, acumula alta de de 2,27% no primeiro trimestre deste ano. Foto: André Dusek/Estadão Foto:

É o que explica o grande avanço da demanda de aço, metais não ferrosos (cobre, zinco, níquel) e minérios. O aumento da renda nesses países e principalmente na Ásia, por sua vez, expandiu o consumo de alimentos. São fatores de longo prazo que permitem pressupor que a maior demanda de produtos primários deva perdurar por três a cinco anos e favorecer o Brasil.

E há as vacinas, hoje o principal instrumento de política econômica, como vem repetindo o ministro Paulo Guedes. Mas é preciso ver o efeito do emperramento provocado pelo governo. Em consequência do negacionismo do presidente Jair Bolsonaro e da política sanitária desastrada, a vacinação do brasileiro não só atrasou, mas está sendo realizada devagar demais e com muitas interrupções.

Em todo o caso, já são quase 40 milhões de brasileiros que receberam ao menos a primeira dose. É a população mais vulnerável à covid-19, segura de não apresentar sintomas graves da doença e de infectar. Mais dois ou três meses e esse segmento de imunizados será de mais de 50 milhões no Brasil.

Não pode ser desprezado o outro acelerador da demanda, a nova rodada de distribuição do auxílio emergencial, de R$ 43 bilhões, que deve favorecer 45,6 milhões de brasileiros. 

Com isso, o comércio e as demais atividades econômicas poderão voltar à carga. Ah, sim, os mais prudentes advertem, com razão, de que há a considerar as novas cepas do vírus, o atraso de remessas de vacina e, ainda, a possibilidade do surgimento de outras ondas de ataque do coronavírus, como acontece na Índia. São incertezas, além das outras mencionadas a seguir, a que a economia brasileira está sujeita.

Mas não invalidam os prognósticos de maior crescimento econômico do que os 3,7% até recentemente projetados pelo FMI. Há quatro semanas, o mercado trabalhava com avanço do PIB em 2021 de 3,08%. Na semana passada, passou a contar com mais 3,21%, como mostra a pesquisa Focus do Banco Central, levantamento feito semanalmente com cerca de 120 consultores e analistas. Outros analistas já reviram suas projeções para cima.

Esta é a percepção do momento, porque estes mares estão sujeitos a outras tempestades. As contas públicas continuam em forte deterioração, as reformas se mantêm emperradas, o presidente é o que temos e a vida política, que é o que sabemos, passará agora por fortes turbulências, tanto mais fortes quanto mais perto estaremos das eleições. Mas alguma aposta para melhor poderá começar a prevalecer.CELSO MING É COMENTARISTA DE ECONOMIA

Já dá para esperar por mais crescimento econômico neste ano no Brasil. A chamada prévia do PIB, que é o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), divulgada nesta quinta-feira, reforçou essa aposta. Não é ainda a arremetida em “V” tão prometida pelo ministro da EconomiaPaulo Guedes, mas é mais do que vinha sendo esperado até agora.

Três puxadores de PIB estão em plena carga. São eles: o novo ciclo de alta das commodities; a forte retomada da economia global, principalmente na China e nos Estados Unidos; e, apesar dos pesares, a vacinação no Brasil começa a permitir maior flexibilização do distanciamento social e mais atividade econômica. É o que precisa ser mais bem avaliado.

A boa fase das exportações de produtos primários pelo Brasil, especialmente minérios e proteína (vegetal ou animal), não é apenas episódica. Está amarrada a robusto aumento da demanda externa que, por sua vez, tem a ver com o segundo fator, a retomada.

Apesar do esticão da inflação, o impressionante dinamismo da economia dos Estados Unidos e da China não é apenas o resultado do reaquecimento dos negócios depois da paralisação provocada pela pandemia. Está sendo empurrado por enorme despejo de recursos.

O governo Joe Biden está negociando com o Congresso o pacote de infraestrutura de US$ 2,3 trilhões, destinado a expandir a infraestrutura e fontes de energia limpa. Antes, US$ 1,9 trilhão foi aprovado para pagamento em auxílio de emergência para minimizar danos causados pela pandemia. E tem o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) que injeta, mensalmente, cerca de US$ 120 bilhões por meio da recompra de títulos.

A China, por sua vez, já vinha irrigando grandes investimentos em infraestrutura. E a União Europeia, graças a estímulos fiscais e monetários, já reviu seu crescimento econômico deste ano de 3,8% para 4,3%.

Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), conhecido como "prévia do PIB' do BC, acumula alta de de 2,27% no primeiro trimestre deste ano. Foto: André Dusek/Estadão Foto:

É o que explica o grande avanço da demanda de aço, metais não ferrosos (cobre, zinco, níquel) e minérios. O aumento da renda nesses países e principalmente na Ásia, por sua vez, expandiu o consumo de alimentos. São fatores de longo prazo que permitem pressupor que a maior demanda de produtos primários deva perdurar por três a cinco anos e favorecer o Brasil.

E há as vacinas, hoje o principal instrumento de política econômica, como vem repetindo o ministro Paulo Guedes. Mas é preciso ver o efeito do emperramento provocado pelo governo. Em consequência do negacionismo do presidente Jair Bolsonaro e da política sanitária desastrada, a vacinação do brasileiro não só atrasou, mas está sendo realizada devagar demais e com muitas interrupções.

Em todo o caso, já são quase 40 milhões de brasileiros que receberam ao menos a primeira dose. É a população mais vulnerável à covid-19, segura de não apresentar sintomas graves da doença e de infectar. Mais dois ou três meses e esse segmento de imunizados será de mais de 50 milhões no Brasil.

Não pode ser desprezado o outro acelerador da demanda, a nova rodada de distribuição do auxílio emergencial, de R$ 43 bilhões, que deve favorecer 45,6 milhões de brasileiros. 

Com isso, o comércio e as demais atividades econômicas poderão voltar à carga. Ah, sim, os mais prudentes advertem, com razão, de que há a considerar as novas cepas do vírus, o atraso de remessas de vacina e, ainda, a possibilidade do surgimento de outras ondas de ataque do coronavírus, como acontece na Índia. São incertezas, além das outras mencionadas a seguir, a que a economia brasileira está sujeita.

Mas não invalidam os prognósticos de maior crescimento econômico do que os 3,7% até recentemente projetados pelo FMI. Há quatro semanas, o mercado trabalhava com avanço do PIB em 2021 de 3,08%. Na semana passada, passou a contar com mais 3,21%, como mostra a pesquisa Focus do Banco Central, levantamento feito semanalmente com cerca de 120 consultores e analistas. Outros analistas já reviram suas projeções para cima.

Esta é a percepção do momento, porque estes mares estão sujeitos a outras tempestades. As contas públicas continuam em forte deterioração, as reformas se mantêm emperradas, o presidente é o que temos e a vida política, que é o que sabemos, passará agora por fortes turbulências, tanto mais fortes quanto mais perto estaremos das eleições. Mas alguma aposta para melhor poderá começar a prevalecer.CELSO MING É COMENTARISTA DE ECONOMIA

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