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Política econômica mais importante é vacinação, diz diretora-geral do FMI

Kristalina Georgieva cobra acesso igualitário a vacinas e diz que progresso na saúde pode aumentar renda global em US$ 9 trilhões até 2025

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Por Beatriz Bulla
Atualização:

WASHINGTON - A diretora-geral do Fundo Monetário Internacional, Kristalina Georgieva, disse nesta segunda-feira. 5, que a política de vacinação é a política econômica mais importante no momento. Em discurso na abertura da semana do encontro de primavera do fundo, Kristalina cobrou a expansão de acesso da vacina contra covid-19 para garantir a imunização em nações pobres.

"O rápido progresso no fim da crise de saúde pode aumentar a renda global cumulativamente em US$ 9 trilhões entre agora e 2025, com benefícios para todos os países. Isso é enorme. É o melhor investimento que podemos fazer hoje", afirmou Kristalina.

Diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva Foto: Remo Casilli/Reuters - 5/2/2020

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Países como os Estados Unidos, que compraram mais doses de imunizantes contra covid-19 do que precisam para vacinar toda a população, têm sido pressionados a ajudar os que estão ficando para trás no combate à pandemia. 

Também nesta segunda-feira, a secretária do Tesouro americano, Janet Yellen, disse em discurso no Chicago Council on Global Affairs que a economia global é ameaçada pelo impacto da covid-19 em diferentes países. "Nossa primeira tarefa deve ser claramente conter o vírus, garantindo que vacinas, testes e remédios estejam disponíveis o mais amplamente possível", disse Yellen.

O discurso da secretária do Tesouro americano converge com o apelo da chefe do FMI, que afirmou que "não podemos nos recuperar verdadeiramente dessa crise em nenhum lugar se não derrotarmos a pandemia em todos os lugares".

A previsão global econômica melhorou, mas com grandes disparidades entre os países e regiões, sendo que as nações em desenvolvimento estão com piores perspectivas, disse a chefe do FMI. "Em parte, isso é devido a um acesso desigual às vacinas", disse Kristalina.

A diretora-geral do FMI cobrou "ações fortes" dos países para combater a pandemia e garantir uma distribuição mais justa, com envio de doses excedentes de imunizantes para os países que não têm o suficiente para vacinar a população. 

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Os Estados Unidos vêm sendo cobrados pela comunidade internacional para compartilhar doses excedentes, conforme conseguem ampliar a velocidade da vacinação contra covid-19 no próprio país. Os americanos têm doses paradas da vacina produzida pela AstraZeneca, por exemplo, que ainda não foi autorizada para uso no país. A farmacêutica e outros países, como o Brasil, têm pedido que a Casa Branca compartilhe os imunizantes. Até agora, os americanos emprestaram 2,5 milhões de doses ao México e 1,5 milhões ao Canadá.

Enquanto os EUA terão, em maio, doses disponíveis para todos os residentes com mais de 16 anos, países pobres podem demorar até 2024 para imunizar toda a população.

No encontro de primavera do FMI, onde governantes e investidores se encontram, a diretora-geral do fundo pretende mostrar que a distribuição desigual é um entrave para a recuperação econômica. 

"Precisamos fazer tudo para ampliar a produção de vacinas. Não brigar ppara dividir a torta de vacinas disponíveis, mas expandir essa torta e acelerar a distribuição e a vacinação para que qualquer um em qualquer lugar possa ter essa proteção vital contra a vacina", afirmou Kristalina.

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O discurso da diretora-geral do FMI antecedeu um painel virtual com Aurélia Nguyen, representante do consórcio Covax Facility, que pretende viabilizar a distribuição equânime das vacinas contra covid-19. Ela também cobrou que países que compraram doses excedentes compartilhem os imunizantes com o consórcio.

Em discurso também nesta segunda-feira no Departamento de Estado, o chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, prometeu maior engajamento dos EUA no acesso internacional a vacinas. "Conforme ficamos mais confiantes em nosso suprimento de vacina aqui em casa, exploramos opções para compartilhar mais com outros países no futuro", disse Blinken. "Acreditamos que estaremos em posição de fazer muito mais nessa frente. Sei que muitos países estão pedindo que os Estados Unidos façam mais, alguns com desespero crescente. Nós estamos ouvindo vocês, e eu prometo que estamos agindo o mais rápido possível", disse o Secretário de Estado.

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