Além da economia

Mais pedras no caminho


Crises no front político podem comprometer foco total na economia

Por Cida Damasco

Até poucos dias atrás, no “longínquo” 2016, todos os sinais emitidos sobre o novo ano do governo Temer convergiam para o seguinte rumo: foco total na economia. Pôr em prática a PEC do gasto público, iniciar as negociações da reforma da Previdência, dar partida à reforma trabalhista e, ao mesmo tempo, tentar reanimar a atividade econômica, que continua respirando por aparelhos. Até a sempre lembrada e sempre polêmica reforma tributária entrou na lista de intenções do presidente, citada por seus representantes no encontro de Davos. Nesse cenário, o “senão” esperado – e que senão! – era o impacto, ainda difícil de ser dimensionado, das delações da Odebrecht e do recall das delações de outras empreiteiras, que ameaçavam trazer a Lava Jato para dentro do Palácio do Planalto e aumentar as turbulências no Congresso.

O começo de 2017, porém, supera o roteiro de qualquer “filme catástrofe” e põe pelo menos mais duas pedras no caminho da estratégia do governo Temer. A interminável guerra de facções em penitenciárias no Norte/Nordeste expõe o tamanho e a profundidade da crise prisional no País. E força o governo a tirar da gaveta planos de segurança centrados na construção de presídios e em investimentos em inteligência – que, factíveis ou não, eficientes ou não, certamente desembocarão em aumento de gastos. Só a construção de cinco presídios federais exigirá recursos superiores a R$ 200 milhões, neste ano, sem contar as 25 unidades estaduais incluídas no programa e até agora sem verba garantida.

Para completar, a Lava Jato amplia a dominância da cena política, com a morte trágica do ministro Teori Zavascki, e os intrincados caminhos para a escolha do seu sucessor no Supremo Tribunal Federal e na relatoria do caso – decisões que estão nas mãos de Temer e da presidente do STF, ministra Cármen Lúcia, e têm potencial para definir o futuro da própria operação. Porém, seja qual for a solução encontrada e seja qual for o desenrolar das investigações sobre a queda do avião, não dispensarão um período de conjecturas e incertezas envolvendo os três Poderes.

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E a economia? Em tese, as dificuldades continuam as mesmas. Não aumentaram nem diminuíram um milímetro sequer – embora, como se sabe, estão bem longe de ser desprezíveis. O roteiro a ser seguido para enfrentá-las é que parece mais complicado, num momento como esse, com o governo obrigado a entrar de cabeça em várias batalhas inesperadas.

É verdade que nos oito meses da administração Temer, a equipe econômica conseguiu se colocar à margem das sucessivas crises semeadas no campo político, que chegaram a desfalcar o Planalto de seis ministros. O notório apoio do mercado financeiro e dos empresários ao time comandado por Henrique Meirelles e à sua política econômica foi crucial inclusive para garantir uma certo período de “carência” ao governo Temer, até que as coisas começassem a se organizar e a andar. As reações que começavam a aparecer pela demora no encaminhamento das propostas de reformas constitucionais – itens prioritários da “campanha” de Temer junto a esse eleitorado – foram sensivelmente reduzidas com a aprovação da PEC do teto de gastos públicos e com a apresentação da reforma da Previdência.

Mas a impaciência agora é de outra ordem e com alcance bem mais amplo. Ou seja, é com a lentidão na retomada do crescimento e nos seus efeitos sobre o mercado de trabalho – só no ano passado foram eliminados 1,32 milhão de empregos com carteira assinada em todo o País, o segundo pior resultado desde 2002. Indicadores que batem direto nos interesses dos cidadãos e vitaminam a impopularidade de Temer.

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Porém, se os novos obstáculos surgidos no front político têm o risco de comprometer o ritmo da programação econômica do governo e “indispor” Temer com parcelas substanciais da população, o oposto também é verdadeiro. Caso a atividade econômica finalmente dê mostras de alguma reação, poderá pelo menos contrabalançar os transtornos na área política nessa travessia de 2017. Até a chegada de 2018, ano que será totalmente consagrado ao calendário eleitoral.

Até poucos dias atrás, no “longínquo” 2016, todos os sinais emitidos sobre o novo ano do governo Temer convergiam para o seguinte rumo: foco total na economia. Pôr em prática a PEC do gasto público, iniciar as negociações da reforma da Previdência, dar partida à reforma trabalhista e, ao mesmo tempo, tentar reanimar a atividade econômica, que continua respirando por aparelhos. Até a sempre lembrada e sempre polêmica reforma tributária entrou na lista de intenções do presidente, citada por seus representantes no encontro de Davos. Nesse cenário, o “senão” esperado – e que senão! – era o impacto, ainda difícil de ser dimensionado, das delações da Odebrecht e do recall das delações de outras empreiteiras, que ameaçavam trazer a Lava Jato para dentro do Palácio do Planalto e aumentar as turbulências no Congresso.

O começo de 2017, porém, supera o roteiro de qualquer “filme catástrofe” e põe pelo menos mais duas pedras no caminho da estratégia do governo Temer. A interminável guerra de facções em penitenciárias no Norte/Nordeste expõe o tamanho e a profundidade da crise prisional no País. E força o governo a tirar da gaveta planos de segurança centrados na construção de presídios e em investimentos em inteligência – que, factíveis ou não, eficientes ou não, certamente desembocarão em aumento de gastos. Só a construção de cinco presídios federais exigirá recursos superiores a R$ 200 milhões, neste ano, sem contar as 25 unidades estaduais incluídas no programa e até agora sem verba garantida.

Para completar, a Lava Jato amplia a dominância da cena política, com a morte trágica do ministro Teori Zavascki, e os intrincados caminhos para a escolha do seu sucessor no Supremo Tribunal Federal e na relatoria do caso – decisões que estão nas mãos de Temer e da presidente do STF, ministra Cármen Lúcia, e têm potencial para definir o futuro da própria operação. Porém, seja qual for a solução encontrada e seja qual for o desenrolar das investigações sobre a queda do avião, não dispensarão um período de conjecturas e incertezas envolvendo os três Poderes.

E a economia? Em tese, as dificuldades continuam as mesmas. Não aumentaram nem diminuíram um milímetro sequer – embora, como se sabe, estão bem longe de ser desprezíveis. O roteiro a ser seguido para enfrentá-las é que parece mais complicado, num momento como esse, com o governo obrigado a entrar de cabeça em várias batalhas inesperadas.

É verdade que nos oito meses da administração Temer, a equipe econômica conseguiu se colocar à margem das sucessivas crises semeadas no campo político, que chegaram a desfalcar o Planalto de seis ministros. O notório apoio do mercado financeiro e dos empresários ao time comandado por Henrique Meirelles e à sua política econômica foi crucial inclusive para garantir uma certo período de “carência” ao governo Temer, até que as coisas começassem a se organizar e a andar. As reações que começavam a aparecer pela demora no encaminhamento das propostas de reformas constitucionais – itens prioritários da “campanha” de Temer junto a esse eleitorado – foram sensivelmente reduzidas com a aprovação da PEC do teto de gastos públicos e com a apresentação da reforma da Previdência.

Mas a impaciência agora é de outra ordem e com alcance bem mais amplo. Ou seja, é com a lentidão na retomada do crescimento e nos seus efeitos sobre o mercado de trabalho – só no ano passado foram eliminados 1,32 milhão de empregos com carteira assinada em todo o País, o segundo pior resultado desde 2002. Indicadores que batem direto nos interesses dos cidadãos e vitaminam a impopularidade de Temer.

Porém, se os novos obstáculos surgidos no front político têm o risco de comprometer o ritmo da programação econômica do governo e “indispor” Temer com parcelas substanciais da população, o oposto também é verdadeiro. Caso a atividade econômica finalmente dê mostras de alguma reação, poderá pelo menos contrabalançar os transtornos na área política nessa travessia de 2017. Até a chegada de 2018, ano que será totalmente consagrado ao calendário eleitoral.

Até poucos dias atrás, no “longínquo” 2016, todos os sinais emitidos sobre o novo ano do governo Temer convergiam para o seguinte rumo: foco total na economia. Pôr em prática a PEC do gasto público, iniciar as negociações da reforma da Previdência, dar partida à reforma trabalhista e, ao mesmo tempo, tentar reanimar a atividade econômica, que continua respirando por aparelhos. Até a sempre lembrada e sempre polêmica reforma tributária entrou na lista de intenções do presidente, citada por seus representantes no encontro de Davos. Nesse cenário, o “senão” esperado – e que senão! – era o impacto, ainda difícil de ser dimensionado, das delações da Odebrecht e do recall das delações de outras empreiteiras, que ameaçavam trazer a Lava Jato para dentro do Palácio do Planalto e aumentar as turbulências no Congresso.

O começo de 2017, porém, supera o roteiro de qualquer “filme catástrofe” e põe pelo menos mais duas pedras no caminho da estratégia do governo Temer. A interminável guerra de facções em penitenciárias no Norte/Nordeste expõe o tamanho e a profundidade da crise prisional no País. E força o governo a tirar da gaveta planos de segurança centrados na construção de presídios e em investimentos em inteligência – que, factíveis ou não, eficientes ou não, certamente desembocarão em aumento de gastos. Só a construção de cinco presídios federais exigirá recursos superiores a R$ 200 milhões, neste ano, sem contar as 25 unidades estaduais incluídas no programa e até agora sem verba garantida.

Para completar, a Lava Jato amplia a dominância da cena política, com a morte trágica do ministro Teori Zavascki, e os intrincados caminhos para a escolha do seu sucessor no Supremo Tribunal Federal e na relatoria do caso – decisões que estão nas mãos de Temer e da presidente do STF, ministra Cármen Lúcia, e têm potencial para definir o futuro da própria operação. Porém, seja qual for a solução encontrada e seja qual for o desenrolar das investigações sobre a queda do avião, não dispensarão um período de conjecturas e incertezas envolvendo os três Poderes.

E a economia? Em tese, as dificuldades continuam as mesmas. Não aumentaram nem diminuíram um milímetro sequer – embora, como se sabe, estão bem longe de ser desprezíveis. O roteiro a ser seguido para enfrentá-las é que parece mais complicado, num momento como esse, com o governo obrigado a entrar de cabeça em várias batalhas inesperadas.

É verdade que nos oito meses da administração Temer, a equipe econômica conseguiu se colocar à margem das sucessivas crises semeadas no campo político, que chegaram a desfalcar o Planalto de seis ministros. O notório apoio do mercado financeiro e dos empresários ao time comandado por Henrique Meirelles e à sua política econômica foi crucial inclusive para garantir uma certo período de “carência” ao governo Temer, até que as coisas começassem a se organizar e a andar. As reações que começavam a aparecer pela demora no encaminhamento das propostas de reformas constitucionais – itens prioritários da “campanha” de Temer junto a esse eleitorado – foram sensivelmente reduzidas com a aprovação da PEC do teto de gastos públicos e com a apresentação da reforma da Previdência.

Mas a impaciência agora é de outra ordem e com alcance bem mais amplo. Ou seja, é com a lentidão na retomada do crescimento e nos seus efeitos sobre o mercado de trabalho – só no ano passado foram eliminados 1,32 milhão de empregos com carteira assinada em todo o País, o segundo pior resultado desde 2002. Indicadores que batem direto nos interesses dos cidadãos e vitaminam a impopularidade de Temer.

Porém, se os novos obstáculos surgidos no front político têm o risco de comprometer o ritmo da programação econômica do governo e “indispor” Temer com parcelas substanciais da população, o oposto também é verdadeiro. Caso a atividade econômica finalmente dê mostras de alguma reação, poderá pelo menos contrabalançar os transtornos na área política nessa travessia de 2017. Até a chegada de 2018, ano que será totalmente consagrado ao calendário eleitoral.

Até poucos dias atrás, no “longínquo” 2016, todos os sinais emitidos sobre o novo ano do governo Temer convergiam para o seguinte rumo: foco total na economia. Pôr em prática a PEC do gasto público, iniciar as negociações da reforma da Previdência, dar partida à reforma trabalhista e, ao mesmo tempo, tentar reanimar a atividade econômica, que continua respirando por aparelhos. Até a sempre lembrada e sempre polêmica reforma tributária entrou na lista de intenções do presidente, citada por seus representantes no encontro de Davos. Nesse cenário, o “senão” esperado – e que senão! – era o impacto, ainda difícil de ser dimensionado, das delações da Odebrecht e do recall das delações de outras empreiteiras, que ameaçavam trazer a Lava Jato para dentro do Palácio do Planalto e aumentar as turbulências no Congresso.

O começo de 2017, porém, supera o roteiro de qualquer “filme catástrofe” e põe pelo menos mais duas pedras no caminho da estratégia do governo Temer. A interminável guerra de facções em penitenciárias no Norte/Nordeste expõe o tamanho e a profundidade da crise prisional no País. E força o governo a tirar da gaveta planos de segurança centrados na construção de presídios e em investimentos em inteligência – que, factíveis ou não, eficientes ou não, certamente desembocarão em aumento de gastos. Só a construção de cinco presídios federais exigirá recursos superiores a R$ 200 milhões, neste ano, sem contar as 25 unidades estaduais incluídas no programa e até agora sem verba garantida.

Para completar, a Lava Jato amplia a dominância da cena política, com a morte trágica do ministro Teori Zavascki, e os intrincados caminhos para a escolha do seu sucessor no Supremo Tribunal Federal e na relatoria do caso – decisões que estão nas mãos de Temer e da presidente do STF, ministra Cármen Lúcia, e têm potencial para definir o futuro da própria operação. Porém, seja qual for a solução encontrada e seja qual for o desenrolar das investigações sobre a queda do avião, não dispensarão um período de conjecturas e incertezas envolvendo os três Poderes.

E a economia? Em tese, as dificuldades continuam as mesmas. Não aumentaram nem diminuíram um milímetro sequer – embora, como se sabe, estão bem longe de ser desprezíveis. O roteiro a ser seguido para enfrentá-las é que parece mais complicado, num momento como esse, com o governo obrigado a entrar de cabeça em várias batalhas inesperadas.

É verdade que nos oito meses da administração Temer, a equipe econômica conseguiu se colocar à margem das sucessivas crises semeadas no campo político, que chegaram a desfalcar o Planalto de seis ministros. O notório apoio do mercado financeiro e dos empresários ao time comandado por Henrique Meirelles e à sua política econômica foi crucial inclusive para garantir uma certo período de “carência” ao governo Temer, até que as coisas começassem a se organizar e a andar. As reações que começavam a aparecer pela demora no encaminhamento das propostas de reformas constitucionais – itens prioritários da “campanha” de Temer junto a esse eleitorado – foram sensivelmente reduzidas com a aprovação da PEC do teto de gastos públicos e com a apresentação da reforma da Previdência.

Mas a impaciência agora é de outra ordem e com alcance bem mais amplo. Ou seja, é com a lentidão na retomada do crescimento e nos seus efeitos sobre o mercado de trabalho – só no ano passado foram eliminados 1,32 milhão de empregos com carteira assinada em todo o País, o segundo pior resultado desde 2002. Indicadores que batem direto nos interesses dos cidadãos e vitaminam a impopularidade de Temer.

Porém, se os novos obstáculos surgidos no front político têm o risco de comprometer o ritmo da programação econômica do governo e “indispor” Temer com parcelas substanciais da população, o oposto também é verdadeiro. Caso a atividade econômica finalmente dê mostras de alguma reação, poderá pelo menos contrabalançar os transtornos na área política nessa travessia de 2017. Até a chegada de 2018, ano que será totalmente consagrado ao calendário eleitoral.

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