Cultura das empresas é ponto central da governança, avaliam especialistas em evento ESG


Diversidade é principal tema tratado ao se comentar aspecto social; assuntos ambientais levam a pedidos de cooperação entre governos e empresas

Por Luis Filipe Santos

A integridade e a cultura das empresas são pontos fundamentais para serem desenvolvidos na governança corporativa das empresas, avaliaram palestrantes do evento “ESG Fórum 2023″, realizado nos dias 30 e 31 de janeiro e 1º de fevereiro de forma online. Os especialistas destacaram que os temas têm que partir dos executivos e conselheiros e permear o dia a dia das organizações.

No fórum, realizado pelo site focado em profissionais de tecnologia TI Inside, cada dia foi focado em uma das letras da pauta ESG - o primeiro dia para as questões ambientais, o segundo para as sociais e o terceiro, para a governança corporativa.

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Em relação à governança, as palestras trataram sobre a relação com a temática ESG, com a avaliação de riscos e com a inovação. Em todas, a principal preocupação foi com a cultura da empresa, que deve estar presente em todos os momentos como o fio condutor das ações, sejam voltadas ao impacto, à mitigação de problemas ou a como criar coisas novas e mudanças.

“Não adianta discutir todos os temas se a cultura não amarrar tudo”, afirmou Fernanda Braz, vice-presidente de Estratégia, Analytics e Operações da Mastercard Brasil. “O ESG não pode ser o projeto de uma área, tem que ser de todas, começando no CEO e no conselho para ‘cascatear’ pela empresa”, completou.

Questões de governança podem ser resolvidas rapidamente se compliance for bem feito Foto: Pixabay
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A mudança de um capitalismo de shareholders (acionistas) para o de stakeholders (partes interessadas), que se preocupe com as dores de clientes, colaboradores e comunidades próximas às empresas também foi destacado. As recomendações de ações foram para que as empresas sejam o mais transparentes possíveis nessa relação com os stakeholders, publiquem códigos de ética e mantenham canais de comunicação para saber de possíveis problemas. “Um problema de governança raramente tem uma única causa e efeito. Para quebrar qualquer chance de dar errado, qualquer ponto dos erros é possível”, relatou Braz.

Em relação à gestão de riscos, mais uma vez a cultura apareceu como fator determinante. Para mitigá-los, é necessário mapear, monitorar, acompanhar e gerenciar - além de incentivar comportamentos positivos e deixar claras as punições em casos de problemas. No entanto, muitas vezes somente se toma atitudes depois que alguma situação difícil já aconteceu.

“É necessário saber o limite que a empresa aceita de risco, e agir para conscientização dos clientes. Precisa demonstrar que a atividade operacional do negócio leva a uma gestão das vulnerabilidade conhecidas”, disse André Regazzini, líder de Governança, Risco e Compliance da consultoria Daryus. Quanto à inovação, uma empresa estar aberta a novas ideias e ter um corpo de trabalhadores diverso são atitudes vistas como positivas para resolver as dores de clientes e dela mesma.

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Meio ambiente

No primeiro dia, as palestras trataram de descarbonização (a caminhada rumo a uma economia que emita poucos gases de efeito estufa e compense o restante), transição energética e tratamento de resíduos sólidos. A tônica das conversas trouxe a urgência da pauta, necessária para evitar o desastre climático que poderia causar extinções de espécies e afetar a vida de bilhões de pessoas.

Entre as soluções citadas, a principal foi a cooperação entre governos e empresas. O papel dos governos foi visto tanto como o de agente como o de regulador. “Os países devem apertar as empresas para demonstrarem a vontade de avançar, e assim atingirem o compromisso assumido nos NDCs”, afirmou Estêvão Braga, diretor de sustentabilidade da fabricante de latas Ball.

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“Precisamos de políticas públicas que incentivem e demandem eficiência energética”, afirmou Luiza Junqueira, da consultoria StraubJunqueira, que assessora empresas do setor de construção civil, um dos considerados críticos para evitar as mudanças climáticas.

O papel dos investidores foi visto como o de viabilizar recursos para que os cientistas possam trabalhar em produtos mais baratos e que possam chegar aos consumidores. Os governos também poderiam contribuir com incentivos fiscais, o que facilitaria a produção. “No momento atual de crises, as pessoas não estão dispostas a pagar mais por produtos sustentáveis, então precisamos tornar os itens baratos para as pessoas comprarem”, avaliou Raphael Falcioni, da firma de investimentos Good Karma, focada em sustentabilidade.

Em relação à transição energética, o tom foi mais esperançoso. “Em qualquer cenário, conservador ou otimista, percebe-se uma evolução”, afirmou Alexandre Rodrigues Tavares, da Vibra Energia. O Brasil é visto como um país de grande potencial para a geração de energia renovável - além das capacidades já instaladas de eólica e solar, pode aumentar o parque dessas fontes e liderar o hidrogênio verde.

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“Buscamos o equilíbrio para ter o avanço no uso da energia de forma que seja também social e econômico e leve mais benefícios para os menos privilegiados”, disse Marcelo Freitas, da startup Prospera, que conecta pequenas e médias empresas às geradoras de energia limpa.

As empresas podem contribuir buscando fornecedores de energia sustentável, no caso das de pequeno e médio porte, enquanto as maiores podem buscar fornecimento próprio construindo usinas de energia solar, por exemplo. O governo pode contribuir com uma liberalização do mercado de energia. “O mercado ainda está para explodir, deve ter uma transformação forte”, acredita Alexandre.

Em relação aos resíduos sólidos, a discussão trouxe principalmente a necessidade de engajar os consumidores, através da informação e do papel das empresas, além de estimular os reparos e reutilização de itens.

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Mercado de trabalho

No segundo dia, dedicado aos temas sociais, a inclusão através do mercado de trabalho foi o principal tema. Além das discussões sobre gênero e raça, temas como a inclusão de pessoas com deficiência (PCDs) e idosos também foram citados. “Quando se facilita para PCDs, também se facilita para a população em envelhecimento, para familiares de PCDs e idosos, e no final, para todo mundo”, citou Amanda Lyra, da agência digital i-Cherry.

Assim, diversas iniciativas possíveis foram citadas, como buscar talentos e formá-los na própria empresa, levar as vagas até o público que se pretende contratar e realizar parcerias com o terceiro setor. Além disso, também se destacou a necessidade de um ambiente acolhedor, que esteja preparado fisicamente, aceite e celebre as diferenças. “Pessoas precisam se sentir num ambiente agradável e inclusivo para produzir”, afirmou Fernanda Debortole, gerente de Desenvolvimento Organizacional da NEO, empresa especializada em experiência do consumidor.

A integridade e a cultura das empresas são pontos fundamentais para serem desenvolvidos na governança corporativa das empresas, avaliaram palestrantes do evento “ESG Fórum 2023″, realizado nos dias 30 e 31 de janeiro e 1º de fevereiro de forma online. Os especialistas destacaram que os temas têm que partir dos executivos e conselheiros e permear o dia a dia das organizações.

No fórum, realizado pelo site focado em profissionais de tecnologia TI Inside, cada dia foi focado em uma das letras da pauta ESG - o primeiro dia para as questões ambientais, o segundo para as sociais e o terceiro, para a governança corporativa.

Em relação à governança, as palestras trataram sobre a relação com a temática ESG, com a avaliação de riscos e com a inovação. Em todas, a principal preocupação foi com a cultura da empresa, que deve estar presente em todos os momentos como o fio condutor das ações, sejam voltadas ao impacto, à mitigação de problemas ou a como criar coisas novas e mudanças.

“Não adianta discutir todos os temas se a cultura não amarrar tudo”, afirmou Fernanda Braz, vice-presidente de Estratégia, Analytics e Operações da Mastercard Brasil. “O ESG não pode ser o projeto de uma área, tem que ser de todas, começando no CEO e no conselho para ‘cascatear’ pela empresa”, completou.

Questões de governança podem ser resolvidas rapidamente se compliance for bem feito Foto: Pixabay

A mudança de um capitalismo de shareholders (acionistas) para o de stakeholders (partes interessadas), que se preocupe com as dores de clientes, colaboradores e comunidades próximas às empresas também foi destacado. As recomendações de ações foram para que as empresas sejam o mais transparentes possíveis nessa relação com os stakeholders, publiquem códigos de ética e mantenham canais de comunicação para saber de possíveis problemas. “Um problema de governança raramente tem uma única causa e efeito. Para quebrar qualquer chance de dar errado, qualquer ponto dos erros é possível”, relatou Braz.

Em relação à gestão de riscos, mais uma vez a cultura apareceu como fator determinante. Para mitigá-los, é necessário mapear, monitorar, acompanhar e gerenciar - além de incentivar comportamentos positivos e deixar claras as punições em casos de problemas. No entanto, muitas vezes somente se toma atitudes depois que alguma situação difícil já aconteceu.

“É necessário saber o limite que a empresa aceita de risco, e agir para conscientização dos clientes. Precisa demonstrar que a atividade operacional do negócio leva a uma gestão das vulnerabilidade conhecidas”, disse André Regazzini, líder de Governança, Risco e Compliance da consultoria Daryus. Quanto à inovação, uma empresa estar aberta a novas ideias e ter um corpo de trabalhadores diverso são atitudes vistas como positivas para resolver as dores de clientes e dela mesma.

Meio ambiente

No primeiro dia, as palestras trataram de descarbonização (a caminhada rumo a uma economia que emita poucos gases de efeito estufa e compense o restante), transição energética e tratamento de resíduos sólidos. A tônica das conversas trouxe a urgência da pauta, necessária para evitar o desastre climático que poderia causar extinções de espécies e afetar a vida de bilhões de pessoas.

Entre as soluções citadas, a principal foi a cooperação entre governos e empresas. O papel dos governos foi visto tanto como o de agente como o de regulador. “Os países devem apertar as empresas para demonstrarem a vontade de avançar, e assim atingirem o compromisso assumido nos NDCs”, afirmou Estêvão Braga, diretor de sustentabilidade da fabricante de latas Ball.

“Precisamos de políticas públicas que incentivem e demandem eficiência energética”, afirmou Luiza Junqueira, da consultoria StraubJunqueira, que assessora empresas do setor de construção civil, um dos considerados críticos para evitar as mudanças climáticas.

O papel dos investidores foi visto como o de viabilizar recursos para que os cientistas possam trabalhar em produtos mais baratos e que possam chegar aos consumidores. Os governos também poderiam contribuir com incentivos fiscais, o que facilitaria a produção. “No momento atual de crises, as pessoas não estão dispostas a pagar mais por produtos sustentáveis, então precisamos tornar os itens baratos para as pessoas comprarem”, avaliou Raphael Falcioni, da firma de investimentos Good Karma, focada em sustentabilidade.

Em relação à transição energética, o tom foi mais esperançoso. “Em qualquer cenário, conservador ou otimista, percebe-se uma evolução”, afirmou Alexandre Rodrigues Tavares, da Vibra Energia. O Brasil é visto como um país de grande potencial para a geração de energia renovável - além das capacidades já instaladas de eólica e solar, pode aumentar o parque dessas fontes e liderar o hidrogênio verde.

“Buscamos o equilíbrio para ter o avanço no uso da energia de forma que seja também social e econômico e leve mais benefícios para os menos privilegiados”, disse Marcelo Freitas, da startup Prospera, que conecta pequenas e médias empresas às geradoras de energia limpa.

As empresas podem contribuir buscando fornecedores de energia sustentável, no caso das de pequeno e médio porte, enquanto as maiores podem buscar fornecimento próprio construindo usinas de energia solar, por exemplo. O governo pode contribuir com uma liberalização do mercado de energia. “O mercado ainda está para explodir, deve ter uma transformação forte”, acredita Alexandre.

Em relação aos resíduos sólidos, a discussão trouxe principalmente a necessidade de engajar os consumidores, através da informação e do papel das empresas, além de estimular os reparos e reutilização de itens.

Mercado de trabalho

No segundo dia, dedicado aos temas sociais, a inclusão através do mercado de trabalho foi o principal tema. Além das discussões sobre gênero e raça, temas como a inclusão de pessoas com deficiência (PCDs) e idosos também foram citados. “Quando se facilita para PCDs, também se facilita para a população em envelhecimento, para familiares de PCDs e idosos, e no final, para todo mundo”, citou Amanda Lyra, da agência digital i-Cherry.

Assim, diversas iniciativas possíveis foram citadas, como buscar talentos e formá-los na própria empresa, levar as vagas até o público que se pretende contratar e realizar parcerias com o terceiro setor. Além disso, também se destacou a necessidade de um ambiente acolhedor, que esteja preparado fisicamente, aceite e celebre as diferenças. “Pessoas precisam se sentir num ambiente agradável e inclusivo para produzir”, afirmou Fernanda Debortole, gerente de Desenvolvimento Organizacional da NEO, empresa especializada em experiência do consumidor.

A integridade e a cultura das empresas são pontos fundamentais para serem desenvolvidos na governança corporativa das empresas, avaliaram palestrantes do evento “ESG Fórum 2023″, realizado nos dias 30 e 31 de janeiro e 1º de fevereiro de forma online. Os especialistas destacaram que os temas têm que partir dos executivos e conselheiros e permear o dia a dia das organizações.

No fórum, realizado pelo site focado em profissionais de tecnologia TI Inside, cada dia foi focado em uma das letras da pauta ESG - o primeiro dia para as questões ambientais, o segundo para as sociais e o terceiro, para a governança corporativa.

Em relação à governança, as palestras trataram sobre a relação com a temática ESG, com a avaliação de riscos e com a inovação. Em todas, a principal preocupação foi com a cultura da empresa, que deve estar presente em todos os momentos como o fio condutor das ações, sejam voltadas ao impacto, à mitigação de problemas ou a como criar coisas novas e mudanças.

“Não adianta discutir todos os temas se a cultura não amarrar tudo”, afirmou Fernanda Braz, vice-presidente de Estratégia, Analytics e Operações da Mastercard Brasil. “O ESG não pode ser o projeto de uma área, tem que ser de todas, começando no CEO e no conselho para ‘cascatear’ pela empresa”, completou.

Questões de governança podem ser resolvidas rapidamente se compliance for bem feito Foto: Pixabay

A mudança de um capitalismo de shareholders (acionistas) para o de stakeholders (partes interessadas), que se preocupe com as dores de clientes, colaboradores e comunidades próximas às empresas também foi destacado. As recomendações de ações foram para que as empresas sejam o mais transparentes possíveis nessa relação com os stakeholders, publiquem códigos de ética e mantenham canais de comunicação para saber de possíveis problemas. “Um problema de governança raramente tem uma única causa e efeito. Para quebrar qualquer chance de dar errado, qualquer ponto dos erros é possível”, relatou Braz.

Em relação à gestão de riscos, mais uma vez a cultura apareceu como fator determinante. Para mitigá-los, é necessário mapear, monitorar, acompanhar e gerenciar - além de incentivar comportamentos positivos e deixar claras as punições em casos de problemas. No entanto, muitas vezes somente se toma atitudes depois que alguma situação difícil já aconteceu.

“É necessário saber o limite que a empresa aceita de risco, e agir para conscientização dos clientes. Precisa demonstrar que a atividade operacional do negócio leva a uma gestão das vulnerabilidade conhecidas”, disse André Regazzini, líder de Governança, Risco e Compliance da consultoria Daryus. Quanto à inovação, uma empresa estar aberta a novas ideias e ter um corpo de trabalhadores diverso são atitudes vistas como positivas para resolver as dores de clientes e dela mesma.

Meio ambiente

No primeiro dia, as palestras trataram de descarbonização (a caminhada rumo a uma economia que emita poucos gases de efeito estufa e compense o restante), transição energética e tratamento de resíduos sólidos. A tônica das conversas trouxe a urgência da pauta, necessária para evitar o desastre climático que poderia causar extinções de espécies e afetar a vida de bilhões de pessoas.

Entre as soluções citadas, a principal foi a cooperação entre governos e empresas. O papel dos governos foi visto tanto como o de agente como o de regulador. “Os países devem apertar as empresas para demonstrarem a vontade de avançar, e assim atingirem o compromisso assumido nos NDCs”, afirmou Estêvão Braga, diretor de sustentabilidade da fabricante de latas Ball.

“Precisamos de políticas públicas que incentivem e demandem eficiência energética”, afirmou Luiza Junqueira, da consultoria StraubJunqueira, que assessora empresas do setor de construção civil, um dos considerados críticos para evitar as mudanças climáticas.

O papel dos investidores foi visto como o de viabilizar recursos para que os cientistas possam trabalhar em produtos mais baratos e que possam chegar aos consumidores. Os governos também poderiam contribuir com incentivos fiscais, o que facilitaria a produção. “No momento atual de crises, as pessoas não estão dispostas a pagar mais por produtos sustentáveis, então precisamos tornar os itens baratos para as pessoas comprarem”, avaliou Raphael Falcioni, da firma de investimentos Good Karma, focada em sustentabilidade.

Em relação à transição energética, o tom foi mais esperançoso. “Em qualquer cenário, conservador ou otimista, percebe-se uma evolução”, afirmou Alexandre Rodrigues Tavares, da Vibra Energia. O Brasil é visto como um país de grande potencial para a geração de energia renovável - além das capacidades já instaladas de eólica e solar, pode aumentar o parque dessas fontes e liderar o hidrogênio verde.

“Buscamos o equilíbrio para ter o avanço no uso da energia de forma que seja também social e econômico e leve mais benefícios para os menos privilegiados”, disse Marcelo Freitas, da startup Prospera, que conecta pequenas e médias empresas às geradoras de energia limpa.

As empresas podem contribuir buscando fornecedores de energia sustentável, no caso das de pequeno e médio porte, enquanto as maiores podem buscar fornecimento próprio construindo usinas de energia solar, por exemplo. O governo pode contribuir com uma liberalização do mercado de energia. “O mercado ainda está para explodir, deve ter uma transformação forte”, acredita Alexandre.

Em relação aos resíduos sólidos, a discussão trouxe principalmente a necessidade de engajar os consumidores, através da informação e do papel das empresas, além de estimular os reparos e reutilização de itens.

Mercado de trabalho

No segundo dia, dedicado aos temas sociais, a inclusão através do mercado de trabalho foi o principal tema. Além das discussões sobre gênero e raça, temas como a inclusão de pessoas com deficiência (PCDs) e idosos também foram citados. “Quando se facilita para PCDs, também se facilita para a população em envelhecimento, para familiares de PCDs e idosos, e no final, para todo mundo”, citou Amanda Lyra, da agência digital i-Cherry.

Assim, diversas iniciativas possíveis foram citadas, como buscar talentos e formá-los na própria empresa, levar as vagas até o público que se pretende contratar e realizar parcerias com o terceiro setor. Além disso, também se destacou a necessidade de um ambiente acolhedor, que esteja preparado fisicamente, aceite e celebre as diferenças. “Pessoas precisam se sentir num ambiente agradável e inclusivo para produzir”, afirmou Fernanda Debortole, gerente de Desenvolvimento Organizacional da NEO, empresa especializada em experiência do consumidor.

A integridade e a cultura das empresas são pontos fundamentais para serem desenvolvidos na governança corporativa das empresas, avaliaram palestrantes do evento “ESG Fórum 2023″, realizado nos dias 30 e 31 de janeiro e 1º de fevereiro de forma online. Os especialistas destacaram que os temas têm que partir dos executivos e conselheiros e permear o dia a dia das organizações.

No fórum, realizado pelo site focado em profissionais de tecnologia TI Inside, cada dia foi focado em uma das letras da pauta ESG - o primeiro dia para as questões ambientais, o segundo para as sociais e o terceiro, para a governança corporativa.

Em relação à governança, as palestras trataram sobre a relação com a temática ESG, com a avaliação de riscos e com a inovação. Em todas, a principal preocupação foi com a cultura da empresa, que deve estar presente em todos os momentos como o fio condutor das ações, sejam voltadas ao impacto, à mitigação de problemas ou a como criar coisas novas e mudanças.

“Não adianta discutir todos os temas se a cultura não amarrar tudo”, afirmou Fernanda Braz, vice-presidente de Estratégia, Analytics e Operações da Mastercard Brasil. “O ESG não pode ser o projeto de uma área, tem que ser de todas, começando no CEO e no conselho para ‘cascatear’ pela empresa”, completou.

Questões de governança podem ser resolvidas rapidamente se compliance for bem feito Foto: Pixabay

A mudança de um capitalismo de shareholders (acionistas) para o de stakeholders (partes interessadas), que se preocupe com as dores de clientes, colaboradores e comunidades próximas às empresas também foi destacado. As recomendações de ações foram para que as empresas sejam o mais transparentes possíveis nessa relação com os stakeholders, publiquem códigos de ética e mantenham canais de comunicação para saber de possíveis problemas. “Um problema de governança raramente tem uma única causa e efeito. Para quebrar qualquer chance de dar errado, qualquer ponto dos erros é possível”, relatou Braz.

Em relação à gestão de riscos, mais uma vez a cultura apareceu como fator determinante. Para mitigá-los, é necessário mapear, monitorar, acompanhar e gerenciar - além de incentivar comportamentos positivos e deixar claras as punições em casos de problemas. No entanto, muitas vezes somente se toma atitudes depois que alguma situação difícil já aconteceu.

“É necessário saber o limite que a empresa aceita de risco, e agir para conscientização dos clientes. Precisa demonstrar que a atividade operacional do negócio leva a uma gestão das vulnerabilidade conhecidas”, disse André Regazzini, líder de Governança, Risco e Compliance da consultoria Daryus. Quanto à inovação, uma empresa estar aberta a novas ideias e ter um corpo de trabalhadores diverso são atitudes vistas como positivas para resolver as dores de clientes e dela mesma.

Meio ambiente

No primeiro dia, as palestras trataram de descarbonização (a caminhada rumo a uma economia que emita poucos gases de efeito estufa e compense o restante), transição energética e tratamento de resíduos sólidos. A tônica das conversas trouxe a urgência da pauta, necessária para evitar o desastre climático que poderia causar extinções de espécies e afetar a vida de bilhões de pessoas.

Entre as soluções citadas, a principal foi a cooperação entre governos e empresas. O papel dos governos foi visto tanto como o de agente como o de regulador. “Os países devem apertar as empresas para demonstrarem a vontade de avançar, e assim atingirem o compromisso assumido nos NDCs”, afirmou Estêvão Braga, diretor de sustentabilidade da fabricante de latas Ball.

“Precisamos de políticas públicas que incentivem e demandem eficiência energética”, afirmou Luiza Junqueira, da consultoria StraubJunqueira, que assessora empresas do setor de construção civil, um dos considerados críticos para evitar as mudanças climáticas.

O papel dos investidores foi visto como o de viabilizar recursos para que os cientistas possam trabalhar em produtos mais baratos e que possam chegar aos consumidores. Os governos também poderiam contribuir com incentivos fiscais, o que facilitaria a produção. “No momento atual de crises, as pessoas não estão dispostas a pagar mais por produtos sustentáveis, então precisamos tornar os itens baratos para as pessoas comprarem”, avaliou Raphael Falcioni, da firma de investimentos Good Karma, focada em sustentabilidade.

Em relação à transição energética, o tom foi mais esperançoso. “Em qualquer cenário, conservador ou otimista, percebe-se uma evolução”, afirmou Alexandre Rodrigues Tavares, da Vibra Energia. O Brasil é visto como um país de grande potencial para a geração de energia renovável - além das capacidades já instaladas de eólica e solar, pode aumentar o parque dessas fontes e liderar o hidrogênio verde.

“Buscamos o equilíbrio para ter o avanço no uso da energia de forma que seja também social e econômico e leve mais benefícios para os menos privilegiados”, disse Marcelo Freitas, da startup Prospera, que conecta pequenas e médias empresas às geradoras de energia limpa.

As empresas podem contribuir buscando fornecedores de energia sustentável, no caso das de pequeno e médio porte, enquanto as maiores podem buscar fornecimento próprio construindo usinas de energia solar, por exemplo. O governo pode contribuir com uma liberalização do mercado de energia. “O mercado ainda está para explodir, deve ter uma transformação forte”, acredita Alexandre.

Em relação aos resíduos sólidos, a discussão trouxe principalmente a necessidade de engajar os consumidores, através da informação e do papel das empresas, além de estimular os reparos e reutilização de itens.

Mercado de trabalho

No segundo dia, dedicado aos temas sociais, a inclusão através do mercado de trabalho foi o principal tema. Além das discussões sobre gênero e raça, temas como a inclusão de pessoas com deficiência (PCDs) e idosos também foram citados. “Quando se facilita para PCDs, também se facilita para a população em envelhecimento, para familiares de PCDs e idosos, e no final, para todo mundo”, citou Amanda Lyra, da agência digital i-Cherry.

Assim, diversas iniciativas possíveis foram citadas, como buscar talentos e formá-los na própria empresa, levar as vagas até o público que se pretende contratar e realizar parcerias com o terceiro setor. Além disso, também se destacou a necessidade de um ambiente acolhedor, que esteja preparado fisicamente, aceite e celebre as diferenças. “Pessoas precisam se sentir num ambiente agradável e inclusivo para produzir”, afirmou Fernanda Debortole, gerente de Desenvolvimento Organizacional da NEO, empresa especializada em experiência do consumidor.

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