Economista e ex-diretor de Política Monetária do Banco Central, Luís Eduardo Assis escreve quinzenalmente

Opinião|Escolha do próximo presidente do BC pode ser a decisão mais importante do governo em 2024


O ano de 2023 foi bom, mas o impulso fiscal não vai se repetir em 2024, ainda que o PT teime em pensar que o gasto público gera crescimento sustentável

Por Luís Eduardo Assis

O ano de 2023 foi particularmente cruel com os economistas. As previsões aziagas acabaram não prevalecendo, para comiseração dos pessimistas. Um prócer do mercado, por exemplo, deu entrevista em dezembro de 2022 vaticinando que a deterioração do problema fiscal brasileiro levaria o Banco Central (BC) a reagir em meados do ano, “podendo elevar a Selic para a casa dos 16%, com o câmbio em R$ 6,00 e a Bolsa em 80 mil pontos”.

Errou na mosca. Não foi nada disso. O ano foi bom, talvez muito bom. O PIB vai crescer quase 3%, muito mais que o 0,8% previsto, em grande parte sustentado pelo impulso fiscal, no rastro de um déficit primário que deve alcançar R$ 130 bilhões, e pelo excepcional desempenho da agropecuária, cujo produto deve aumentar nada menos que 15% neste ano.

Mas o impulso fiscal não vai se repetir em 2024, ainda que o PT teime em pensar que o gasto público gera crescimento sustentável (alguém deveria avisar o Sudão do Sul que basta o governo gastar para o país ficar rico).

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Um economista heterodoxo no comando do BC, hoje improvável, tornará 2025 um ano inesquecível Foto: Wilton Júnior/Estadão

O crescimento da agropecuária, por sua vez, deve ser diminuto, por conta dos preços das commodities e das condições climáticas. A previsão do IBGE é de uma safra de grãos 3,2% menor que a de 2023. Mesmo que crescesse, a agropecuária sozinha não carrega o PIB brasileiro nas costas.

Trata-se de um setor que paga poucos impostos e seus efeitos de encadeamento são muito limitados. O aumento da produção em 2023 se deu sem gerar empregos. O número de pessoas ocupadas na agropecuária em outubro de 2023 era de 8,37 milhões, 351 mil a menos que um ano antes. 2023 também foi marcado pela queda da inflação, que veio de 5,8% em 2022 para prováveis 4,6%.

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Menos que espetacular, mas importante. Boa parte da queda do IPCA não teve a ver com a autoridade monetária. A inflação dos produtos comercializáveis, que depende essencialmente dos preços internacionais, despencou de 10% em 2022 para algo como 1% em 2023.

Menos inflação e mais crescimento foram as marcas do ano que acabou. O ano novo traz problemas novos. Com a desaceleração da economia, aumentará a tensão entre o governo e o Bacen, principalmente quando o desemprego voltar a subir.

Eventual derrota dos candidatos governistas no pleito municipal poderá dar munição aos que propugnam pelo crescimento a qualquer custo, o que exigiria gastos públicos crescentes e juros mais baixos, na marra.

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A escolha do próximo presidente do Banco Central pode ser decisão mais importante que o governo fará em 2024. Um economista heterodoxo no comando da autoridade monetária, hoje improvável, tornará 2025 um ano inesquecível.

O ano de 2023 foi particularmente cruel com os economistas. As previsões aziagas acabaram não prevalecendo, para comiseração dos pessimistas. Um prócer do mercado, por exemplo, deu entrevista em dezembro de 2022 vaticinando que a deterioração do problema fiscal brasileiro levaria o Banco Central (BC) a reagir em meados do ano, “podendo elevar a Selic para a casa dos 16%, com o câmbio em R$ 6,00 e a Bolsa em 80 mil pontos”.

Errou na mosca. Não foi nada disso. O ano foi bom, talvez muito bom. O PIB vai crescer quase 3%, muito mais que o 0,8% previsto, em grande parte sustentado pelo impulso fiscal, no rastro de um déficit primário que deve alcançar R$ 130 bilhões, e pelo excepcional desempenho da agropecuária, cujo produto deve aumentar nada menos que 15% neste ano.

Mas o impulso fiscal não vai se repetir em 2024, ainda que o PT teime em pensar que o gasto público gera crescimento sustentável (alguém deveria avisar o Sudão do Sul que basta o governo gastar para o país ficar rico).

Um economista heterodoxo no comando do BC, hoje improvável, tornará 2025 um ano inesquecível Foto: Wilton Júnior/Estadão

O crescimento da agropecuária, por sua vez, deve ser diminuto, por conta dos preços das commodities e das condições climáticas. A previsão do IBGE é de uma safra de grãos 3,2% menor que a de 2023. Mesmo que crescesse, a agropecuária sozinha não carrega o PIB brasileiro nas costas.

Trata-se de um setor que paga poucos impostos e seus efeitos de encadeamento são muito limitados. O aumento da produção em 2023 se deu sem gerar empregos. O número de pessoas ocupadas na agropecuária em outubro de 2023 era de 8,37 milhões, 351 mil a menos que um ano antes. 2023 também foi marcado pela queda da inflação, que veio de 5,8% em 2022 para prováveis 4,6%.

Menos que espetacular, mas importante. Boa parte da queda do IPCA não teve a ver com a autoridade monetária. A inflação dos produtos comercializáveis, que depende essencialmente dos preços internacionais, despencou de 10% em 2022 para algo como 1% em 2023.

Menos inflação e mais crescimento foram as marcas do ano que acabou. O ano novo traz problemas novos. Com a desaceleração da economia, aumentará a tensão entre o governo e o Bacen, principalmente quando o desemprego voltar a subir.

Eventual derrota dos candidatos governistas no pleito municipal poderá dar munição aos que propugnam pelo crescimento a qualquer custo, o que exigiria gastos públicos crescentes e juros mais baixos, na marra.

A escolha do próximo presidente do Banco Central pode ser decisão mais importante que o governo fará em 2024. Um economista heterodoxo no comando da autoridade monetária, hoje improvável, tornará 2025 um ano inesquecível.

O ano de 2023 foi particularmente cruel com os economistas. As previsões aziagas acabaram não prevalecendo, para comiseração dos pessimistas. Um prócer do mercado, por exemplo, deu entrevista em dezembro de 2022 vaticinando que a deterioração do problema fiscal brasileiro levaria o Banco Central (BC) a reagir em meados do ano, “podendo elevar a Selic para a casa dos 16%, com o câmbio em R$ 6,00 e a Bolsa em 80 mil pontos”.

Errou na mosca. Não foi nada disso. O ano foi bom, talvez muito bom. O PIB vai crescer quase 3%, muito mais que o 0,8% previsto, em grande parte sustentado pelo impulso fiscal, no rastro de um déficit primário que deve alcançar R$ 130 bilhões, e pelo excepcional desempenho da agropecuária, cujo produto deve aumentar nada menos que 15% neste ano.

Mas o impulso fiscal não vai se repetir em 2024, ainda que o PT teime em pensar que o gasto público gera crescimento sustentável (alguém deveria avisar o Sudão do Sul que basta o governo gastar para o país ficar rico).

Um economista heterodoxo no comando do BC, hoje improvável, tornará 2025 um ano inesquecível Foto: Wilton Júnior/Estadão

O crescimento da agropecuária, por sua vez, deve ser diminuto, por conta dos preços das commodities e das condições climáticas. A previsão do IBGE é de uma safra de grãos 3,2% menor que a de 2023. Mesmo que crescesse, a agropecuária sozinha não carrega o PIB brasileiro nas costas.

Trata-se de um setor que paga poucos impostos e seus efeitos de encadeamento são muito limitados. O aumento da produção em 2023 se deu sem gerar empregos. O número de pessoas ocupadas na agropecuária em outubro de 2023 era de 8,37 milhões, 351 mil a menos que um ano antes. 2023 também foi marcado pela queda da inflação, que veio de 5,8% em 2022 para prováveis 4,6%.

Menos que espetacular, mas importante. Boa parte da queda do IPCA não teve a ver com a autoridade monetária. A inflação dos produtos comercializáveis, que depende essencialmente dos preços internacionais, despencou de 10% em 2022 para algo como 1% em 2023.

Menos inflação e mais crescimento foram as marcas do ano que acabou. O ano novo traz problemas novos. Com a desaceleração da economia, aumentará a tensão entre o governo e o Bacen, principalmente quando o desemprego voltar a subir.

Eventual derrota dos candidatos governistas no pleito municipal poderá dar munição aos que propugnam pelo crescimento a qualquer custo, o que exigiria gastos públicos crescentes e juros mais baixos, na marra.

A escolha do próximo presidente do Banco Central pode ser decisão mais importante que o governo fará em 2024. Um economista heterodoxo no comando da autoridade monetária, hoje improvável, tornará 2025 um ano inesquecível.

O ano de 2023 foi particularmente cruel com os economistas. As previsões aziagas acabaram não prevalecendo, para comiseração dos pessimistas. Um prócer do mercado, por exemplo, deu entrevista em dezembro de 2022 vaticinando que a deterioração do problema fiscal brasileiro levaria o Banco Central (BC) a reagir em meados do ano, “podendo elevar a Selic para a casa dos 16%, com o câmbio em R$ 6,00 e a Bolsa em 80 mil pontos”.

Errou na mosca. Não foi nada disso. O ano foi bom, talvez muito bom. O PIB vai crescer quase 3%, muito mais que o 0,8% previsto, em grande parte sustentado pelo impulso fiscal, no rastro de um déficit primário que deve alcançar R$ 130 bilhões, e pelo excepcional desempenho da agropecuária, cujo produto deve aumentar nada menos que 15% neste ano.

Mas o impulso fiscal não vai se repetir em 2024, ainda que o PT teime em pensar que o gasto público gera crescimento sustentável (alguém deveria avisar o Sudão do Sul que basta o governo gastar para o país ficar rico).

Um economista heterodoxo no comando do BC, hoje improvável, tornará 2025 um ano inesquecível Foto: Wilton Júnior/Estadão

O crescimento da agropecuária, por sua vez, deve ser diminuto, por conta dos preços das commodities e das condições climáticas. A previsão do IBGE é de uma safra de grãos 3,2% menor que a de 2023. Mesmo que crescesse, a agropecuária sozinha não carrega o PIB brasileiro nas costas.

Trata-se de um setor que paga poucos impostos e seus efeitos de encadeamento são muito limitados. O aumento da produção em 2023 se deu sem gerar empregos. O número de pessoas ocupadas na agropecuária em outubro de 2023 era de 8,37 milhões, 351 mil a menos que um ano antes. 2023 também foi marcado pela queda da inflação, que veio de 5,8% em 2022 para prováveis 4,6%.

Menos que espetacular, mas importante. Boa parte da queda do IPCA não teve a ver com a autoridade monetária. A inflação dos produtos comercializáveis, que depende essencialmente dos preços internacionais, despencou de 10% em 2022 para algo como 1% em 2023.

Menos inflação e mais crescimento foram as marcas do ano que acabou. O ano novo traz problemas novos. Com a desaceleração da economia, aumentará a tensão entre o governo e o Bacen, principalmente quando o desemprego voltar a subir.

Eventual derrota dos candidatos governistas no pleito municipal poderá dar munição aos que propugnam pelo crescimento a qualquer custo, o que exigiria gastos públicos crescentes e juros mais baixos, na marra.

A escolha do próximo presidente do Banco Central pode ser decisão mais importante que o governo fará em 2024. Um economista heterodoxo no comando da autoridade monetária, hoje improvável, tornará 2025 um ano inesquecível.

Opinião por Luís Eduardo Assis

Economista. Autor de 'O Poder das Ideias Erradas' (Ed.Almedina). Foi diretor de Política Monetária do Banco Central e professor de Economia da PUC-SP e FGV-SP

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