O presidente do Itaú Unibanco, Milton Maluhy, disse nesta sexta-feira, 11, que o banco continua cauteloso com a tomada de riscos no ano que vem. O executivo destacou que há grandes incertezas tanto no cenário externo, marcado por riscos de recessão nas grandes economias, quanto internamente.
“Continuamos com cautela à frente. Ainda tem muita incerteza global”, afirmou Maluhy, em coletiva de imprensa para comentar os resultados da instituição no terceiro trimestre deste ano. O executivo destacou que há sinais positivos na inflação dos Estados Unidos, mas ainda moderados, e que, por isso, ainda há incertezas sobre os juros na maior economia do mundo.
Maluhy pontuou ainda que o Brasil tem os próprios desafios nesta frente, ligados inclusive à desaceleração econômica causada pelo aperto da taxa Selic. “O quarto trimestre deve ser mais fraco de atividade”, disse ele, que destacou que a inflação de 2023 deve ficar em cerca de 5%, ainda acima da meta.
Segundo o presidente do Itaú, os efeitos da taxa Selic sobre a atividade econômica devem ser sentidos no ano que vem, o que tende a ter um impacto sobre os indicadores do crédito. Ainda assim, ele disse que o banco tem conseguido entregar resultados consistentes e previsíveis. “Para 2023, estamos no momento de planejamento mais intenso”, pontuou, ao explicar porque ainda não é possível informar as expectativas para o banco no próximo ano.
Inadimplência
Os índices de inadimplência da carteira do Itaú Unibanco no Brasil estão crescendo, mas essa deterioração não está fora do que o banco esperava, de acordo com o diretor financeiro (CFO) da instituição, Alexsandro Broedel. Segundo ele, o Itaú está tomando medidas para manter esses índices sob controle. “O indicador está crescendo, mas dentro do esperado e do que nós temos dito”, disse Broedel, em coletiva de imprensa.
No trimestre, a inadimplência do Itaú subiu 0,1 ponto porcentual, para 2,8%, pelo indicador de atrasos acima de 90 dias. A deterioração foi menor que a observada nos demais grandes bancos privados do País, mesmo no segmento de varejo. Segundo Broedel, o banco tem agido para controlar essa piora, e para “enquadrar” os índices dentro do que espera.
Para o Itaú, o motor do crescimento é o cliente de maior renda, que tem menor risco de calote. “91% do crescimento em pessoas físicas vem de clientes Personnalité e Uniclass, que são mais afluentes e que têm um risco de crédito menor”, disse Broedel.
Entre pequenas e médias empresas, o executivo afirmou que 70% da originação no trimestre foi entre empresas com maior faturamento, ainda de acordo com ele, o que também amortece os riscos de deterioração da qualidade de crédito.