BRASÍLIA - A retirada de servidores estaduais e municipais da reforma da Previdência, conforme anunciado pelo presidente Michel Temer na noite desta terça-feira, 21, é uma notícia muito ruim, pois compromete o ajuste fiscal, avaliou o especialista em contas públicas Raul Velloso.
Veja os principais pontos da reforma da Previdência
Segundo ele, a exclusão enfraquece o controle de gastos dos Estados e municípios e, portanto, a eficiência do ajuste fiscal global. "O ajuste é pensado globalmente. Se há enfraquecimento dos Estados e municípios, não funciona."
A desidratação da PEC da reforma ocorre justamente no momento em que o governo vai socorrer os Estados em grandes dificuldades financeiras por meio do projeto de recuperação fiscal que tramita no Congresso. A Previdência é uma das principais despesas dos governos estaduais, cujo déficit é responsável pela deterioração da situação econômica dos Estados.
Além de enfraquecer o discurso de ajuste nas contas, o Planalto deixa os governadores e prefeitos livres para adotarem medidas mais brandas, se e quando quiserem, à mercê do lobby dos servidores que têm feito grande pressão no Congresso Nacional.
Velloso considera que será mais difícil a aprovação da reforma em cada assembleia estadual ou municipal. "Uma coisa é a ordem vir de Brasília, a outra é o governador ou prefeito enfrentar a resistência e a oposição dos sindicatos tão de perto".
O especialista disse ainda que foi pego de surpresa com o anúncio de Temer. Segundo ele, a notícia é recente e ainda é preciso saber como o governo fará essa separação para que a reforma valha somente para servidores federais, já que normalmente este tipo de regra é geral. "Estou curioso para saber como será essa separação, mas no fundo o governo federal está dizendo para os Estados se virarem sozinhos", reforça.