Pouco antes de Luiz Felipe Scolari entrar na sala de entrevistas da Arena Castelão, a Fifa entregou o troféu ao melhor jogador da partida entre Brasil e México. De uniforme azul, tiara prendendo o cabelo no estilo David Luiz, o goleiro Ochoa, do México, recebeu o prêmio. A eleição de Ochoa como destaque da partida ilustra bem o tamanho da frustração de Felipão. O treinador gostaria de ter saído do segundo confronto com a classificação às oitavas de final encaminhada. Não deu.
Felipão ainda viu Thiago Silva e Ramires levarem o cartão amarelo – os dois se juntam a Neymar e Luiz Gustavo -, um alerta para o jogo decisivo diante de Camarões, na segunda-feira, em Brasília. Quem levar o segundo, não joga as oitavas e quem escapar vai entrar pendurado nas quartas de final, se por acaso o Brasil avançar. Problemas de sobra para o técnico administrar. O empate diante de pouco mais de 60 mil pessoas no Castelão não estava mesmo na rota da seleção brasileira. Fred e Paulinho, por exemplo, erraram muito. Mas o treinador adiantou que vai fazer apenas uma alteração no time para enfrentar Camarões e insinuou que Hulk pode voltar a jogar.
Acompanhe os principais momentos da entrevista que Felipão concedeu, 40 minutos depois da partida.
A seleção só depende de Neymar para vencer?
"O Neymar não ganha sozinho, nem perde sozinho. Vamos continuar o trabalho para o Neymar fazer os gols e a seleção brasileira vencer e continuar o trabalho para seleção vencer se o Neymar não marcar os gols"
Qual foi a sua reflexão sobre o empate?
"Na minha opinião, veja bem, na minha opinião, o time jogou melhor do que contra a Croácia, tivemos uma evolução de 10% e pode evoluir ainda mais. Estou satisfeito com o que vi. Nós temos a mania de achar que os outros não jogam nada. O México fez mais ou menos que nós fizemos no jogos. Jogou com qualidade. O resultado não foi o que queríamos, mas estou satisfeito."
Por que não o Brasil não conseguiu jogar bem em casa, no abafa, como na Copa das Confederações?
"Porque o outro time é bom"
Da Copa das Confederações para a Copa do Mundo, o Brasil caiu de produção?
"Não concordo."
Vai mexer no time ou ainda confia nos 11 que estão jogando?
"Se estou confiando ainda? Vocês é que pensam que não confio. Vocês podem escalar quem quiser, têm 300 opções para mexer, mas para mim não faz diferença. Meu time é esse. Confio plenamente nos 11. Contra Camarões posso fazer uma mexida de acordo com o que estou pensando."
O Ramires saiu ao levar o cartão amarelo?
"Um pouco, sim. Ele é muito impetuoso, com ele em campo tínhamos o controle das ações, mas, se perdêssemos por um novo cartão, perderíamos o controle do jogo com um jogador a menos. O Bernard tem outra característica, entrou para dar mais velocidade, é outro estilo."
O que fazer contra Camarões que não foi feito diante do México?
"Gol. Faltou fazer o gol hoje. Chutamos três a quatro bolas em situação de gol, só que o goleiro deles não deixou a bola entrar. O goleiro do México é muito bom. Nós chutamos em situação de fazer o gol e o México chutou todas de fora da área."
Nesse momento, a entrevista chegou ao final. Mas Felipão pediu licença ao comissário da Fifa que conduzia a coletiva e disse que gostaria de fazer uma pergunta aos jornalistas. O comissário cedeu: "Não tem mais pênalti para o Brasil? Vocês não falaram que o pênalti no Fred não foi?", disse com ironia. Levantou-se e foi embora de encontro aos jogadores e ao ônibus da seleção.