Após relatório, Boris Johnson diz assumir ‘total responsabilidade’ por partygate e reitera desculpas


A publicação final do relatório de Sue Gray trouxe evidências de festas planejadas com antecedência e com a presença de altos cargos durante o período mais rigoroso do isolamento pela covid-19

Por Redação
Atualização:

LONDRES - O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, assumiu nesta quarta-feira, 25, total responsabilidade pelas festas em Downing Street durante os confinamentos para conter a covid-19. A declaração ocorre momentos depois da publicação de um relatório oficial que detalha uma série de festas ilegais movidas a álcool no escritório do premiê. Ele insiste, porém, que sua participação não infringiu as regras, exceto por uma festa de aniversário, pela qual reiterou suas desculpas.

“Assumo total responsabilidade por tudo o que aconteceu na minha presença”, afirmou ao Parlamento, após a publicação do relatório interno da funcionária Sue Gray que não culpou especificamente Johnson, mas deu detalhes gráficos e incluiu fotografias de mais de uma dúzia de reuniões, algumas das quais ele participou. “Muitos desses eventos não deveriam ter ocorrido”, concluiu o relatório.

Johnson enfrentou repetidos pedidos de renúncia de políticos da oposição e alguns de seu próprio partido depois que foi revelado que ele e as autoridades violaram as regras que impediam as pessoas de socializar fora de suas casas ou mesmo, em muitos casos, participar de funerais de entes queridos, no momento mais rígido do isolamento no país. O escândalo ficou conhecido como partygate.

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Johnson justificou-se defendendo que, em plena pandemia, os seus colaboradores trabalhavam longas horas e era difícil “traçar um limite entre trabalho e socialização”. Mas reconheceu que “muitos desses eventos duraram muito mais do que o necessário, quebrando as regras” e se declarou “surpreso” pelas revelações de Gray sobre eventos em que ele “simplesmente não estava presente”.

Um frame de vídeo da transmissão do parlamento britânico mostra a parlamentar Anglea Eagle, do Partido Trabalhista, segurando uma imagem tirada do relatório de Sue Gray que mostra o premiê Boris Johnson em uma festa na Downing Street Foto: AFP

“Não foi determinado que a minha participação infringiu as regras”, sublinhou, insistindo que, quando há meses assegurou que as regras tinham sido respeitadas, era o que ele acreditava ser a verdade e que desde então tem feito mudanças importantes na gestão de seus escritórios.

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Seus argumentos não convenceram a oposição. O nacionalista escocês Ian Blackford o acusou de ter “perdido a pouca autoridade moral que lhe restava” e voltou a pedir sua renúncia, assim como o Partido Trabalhista.

Presença de altos cargos

Considerada rigorosa e implacável, Gray começou a investigar há meses as muitas festas organizadas em Downing Street quando as regras contra a covid-19 impediam os britânicos até mesmo se despedir dos falecidos por uma doença que causou 178.000 mortos no país.

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Ela concluiu seu relatório em janeiro, mas a polícia decidiu abrir sua própria investigação, obrigando-a a publicar uma versão editada, omitindo todos os detalhes, para não interferir na investigação. A Scotland Yard encerrou sua investigação na semana passada, aplicando 126 multas a 83 pessoas por 8 festas, e Gray pôde, enfim, publicar suas conclusões.

“Alguns dos colaboradores menos experientes acreditavam que sua participação em alguns destes eventos era permitida dada a presença de altos cargos”, sublinhou.

Johnson e sua esposa Carrie, assim como o ministro das Finanças Rishi Sunak, receberam uma multa da polícia pelo que parece ser o menos importante dos encontros, uma festa pelo seu 56º aniversário, realizada em 19 de junho de 2020.

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A polícia britânica impõs 20 multas pelas festas realizadas em Downing Street durante o confinamento pela pandemia de coronavírus. O escândalo abalou o governo.

Na ocasião, o líder conservador descartou a renúncia, assegurando que “não lhe ocorreu naquela época, nem depois” que sua participação na breve reunião “poderia constituir uma violação das regras”. Nesta quarta-feira, ele reiterou suas desculpas por ter comparecido a este “breve evento”.

Consumo excessivo de álcool

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O relatório completo de Gray incluiu e-mails e mensagens de WhatsApp que mostravam que muitas das reuniões foram planejadas com antecedência, com discussões sobre quem traria álcool.

Em um evento de junho de 2020, Gray disse que havia “consumo excessivo de álcool” que levou uma pessoa a ficar doente e uma briga entre outras duas. Em outro, realizado na noite anterior ao funeral do marido da rainha Elizabeth, o príncipe Philip, em abril de 2021, os indivíduos festejaram até a madrugada e danificaram um balanço.

“Muitos ficarão consternados que um comportamento desse tipo tenha ocorrido desta forma no coração do governo”, disse seu relatório. “O público tem o direito de esperar os mais altos padrões de comportamento em tais lugares e claramente o que aconteceu ficou muito aquém disso.”

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Durante meses, as evidências das festas movidas a álcool vazaram na mídia, forçando Johnson a se desculpar, mudar a equipe em seu escritório e prometer uma redefinição para tentar restaurar sua autoridade.

Novas imagens mostram Boris Johnson levantando uma taça durante uma festa em Downing Street Foto: ITV News/Handout via Reuters

Boris Johnson mentiu?

Confrontado no início deste ano a uma rebelião interna de conservadoras que buscavam removê-lo do cargo como resultado do escândalo, Johnson viu mais tarde como a guerra na Ucrânia mudou o foco das atenções no final de fevereiro, reduzindo a ameaça que pairava no ar.

No contexto de crise bélica, e dado o importante papel que os britânicos têm desempenhado na resposta internacional à invasão russa, muitos membros de sua maioria pediram para aguardar os resultados das investigações antes de contemplar um possível voto de desconfiança, que deve ser solicitado por pelo menos 15% dos 359 deputados do Partido Conservador.

Muitos parlamentares conservadores aguardavam o relatório de Gray para decidir se o primeiro-ministro foi sincero quando disse que não sabia que estava infringindo as regras.

A oposição e alguns deputados da maioria conservadora denunciam que ele mentiu conscientemente. E aprovaram, após a publicação do relatório de Gray, a abertura de uma comissão parlamentar para determinar se Johnson enganou o Parlamento, o que, de acordo com o código de conduta, deveria implicar em sua demissão./AFP e REUTERS

LONDRES - O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, assumiu nesta quarta-feira, 25, total responsabilidade pelas festas em Downing Street durante os confinamentos para conter a covid-19. A declaração ocorre momentos depois da publicação de um relatório oficial que detalha uma série de festas ilegais movidas a álcool no escritório do premiê. Ele insiste, porém, que sua participação não infringiu as regras, exceto por uma festa de aniversário, pela qual reiterou suas desculpas.

“Assumo total responsabilidade por tudo o que aconteceu na minha presença”, afirmou ao Parlamento, após a publicação do relatório interno da funcionária Sue Gray que não culpou especificamente Johnson, mas deu detalhes gráficos e incluiu fotografias de mais de uma dúzia de reuniões, algumas das quais ele participou. “Muitos desses eventos não deveriam ter ocorrido”, concluiu o relatório.

Johnson enfrentou repetidos pedidos de renúncia de políticos da oposição e alguns de seu próprio partido depois que foi revelado que ele e as autoridades violaram as regras que impediam as pessoas de socializar fora de suas casas ou mesmo, em muitos casos, participar de funerais de entes queridos, no momento mais rígido do isolamento no país. O escândalo ficou conhecido como partygate.

Johnson justificou-se defendendo que, em plena pandemia, os seus colaboradores trabalhavam longas horas e era difícil “traçar um limite entre trabalho e socialização”. Mas reconheceu que “muitos desses eventos duraram muito mais do que o necessário, quebrando as regras” e se declarou “surpreso” pelas revelações de Gray sobre eventos em que ele “simplesmente não estava presente”.

Um frame de vídeo da transmissão do parlamento britânico mostra a parlamentar Anglea Eagle, do Partido Trabalhista, segurando uma imagem tirada do relatório de Sue Gray que mostra o premiê Boris Johnson em uma festa na Downing Street Foto: AFP

“Não foi determinado que a minha participação infringiu as regras”, sublinhou, insistindo que, quando há meses assegurou que as regras tinham sido respeitadas, era o que ele acreditava ser a verdade e que desde então tem feito mudanças importantes na gestão de seus escritórios.

Seus argumentos não convenceram a oposição. O nacionalista escocês Ian Blackford o acusou de ter “perdido a pouca autoridade moral que lhe restava” e voltou a pedir sua renúncia, assim como o Partido Trabalhista.

Presença de altos cargos

Considerada rigorosa e implacável, Gray começou a investigar há meses as muitas festas organizadas em Downing Street quando as regras contra a covid-19 impediam os britânicos até mesmo se despedir dos falecidos por uma doença que causou 178.000 mortos no país.

Ela concluiu seu relatório em janeiro, mas a polícia decidiu abrir sua própria investigação, obrigando-a a publicar uma versão editada, omitindo todos os detalhes, para não interferir na investigação. A Scotland Yard encerrou sua investigação na semana passada, aplicando 126 multas a 83 pessoas por 8 festas, e Gray pôde, enfim, publicar suas conclusões.

“Alguns dos colaboradores menos experientes acreditavam que sua participação em alguns destes eventos era permitida dada a presença de altos cargos”, sublinhou.

Johnson e sua esposa Carrie, assim como o ministro das Finanças Rishi Sunak, receberam uma multa da polícia pelo que parece ser o menos importante dos encontros, uma festa pelo seu 56º aniversário, realizada em 19 de junho de 2020.

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Na ocasião, o líder conservador descartou a renúncia, assegurando que “não lhe ocorreu naquela época, nem depois” que sua participação na breve reunião “poderia constituir uma violação das regras”. Nesta quarta-feira, ele reiterou suas desculpas por ter comparecido a este “breve evento”.

Consumo excessivo de álcool

O relatório completo de Gray incluiu e-mails e mensagens de WhatsApp que mostravam que muitas das reuniões foram planejadas com antecedência, com discussões sobre quem traria álcool.

Em um evento de junho de 2020, Gray disse que havia “consumo excessivo de álcool” que levou uma pessoa a ficar doente e uma briga entre outras duas. Em outro, realizado na noite anterior ao funeral do marido da rainha Elizabeth, o príncipe Philip, em abril de 2021, os indivíduos festejaram até a madrugada e danificaram um balanço.

“Muitos ficarão consternados que um comportamento desse tipo tenha ocorrido desta forma no coração do governo”, disse seu relatório. “O público tem o direito de esperar os mais altos padrões de comportamento em tais lugares e claramente o que aconteceu ficou muito aquém disso.”

Durante meses, as evidências das festas movidas a álcool vazaram na mídia, forçando Johnson a se desculpar, mudar a equipe em seu escritório e prometer uma redefinição para tentar restaurar sua autoridade.

Novas imagens mostram Boris Johnson levantando uma taça durante uma festa em Downing Street Foto: ITV News/Handout via Reuters

Boris Johnson mentiu?

Confrontado no início deste ano a uma rebelião interna de conservadoras que buscavam removê-lo do cargo como resultado do escândalo, Johnson viu mais tarde como a guerra na Ucrânia mudou o foco das atenções no final de fevereiro, reduzindo a ameaça que pairava no ar.

No contexto de crise bélica, e dado o importante papel que os britânicos têm desempenhado na resposta internacional à invasão russa, muitos membros de sua maioria pediram para aguardar os resultados das investigações antes de contemplar um possível voto de desconfiança, que deve ser solicitado por pelo menos 15% dos 359 deputados do Partido Conservador.

Muitos parlamentares conservadores aguardavam o relatório de Gray para decidir se o primeiro-ministro foi sincero quando disse que não sabia que estava infringindo as regras.

A oposição e alguns deputados da maioria conservadora denunciam que ele mentiu conscientemente. E aprovaram, após a publicação do relatório de Gray, a abertura de uma comissão parlamentar para determinar se Johnson enganou o Parlamento, o que, de acordo com o código de conduta, deveria implicar em sua demissão./AFP e REUTERS

LONDRES - O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, assumiu nesta quarta-feira, 25, total responsabilidade pelas festas em Downing Street durante os confinamentos para conter a covid-19. A declaração ocorre momentos depois da publicação de um relatório oficial que detalha uma série de festas ilegais movidas a álcool no escritório do premiê. Ele insiste, porém, que sua participação não infringiu as regras, exceto por uma festa de aniversário, pela qual reiterou suas desculpas.

“Assumo total responsabilidade por tudo o que aconteceu na minha presença”, afirmou ao Parlamento, após a publicação do relatório interno da funcionária Sue Gray que não culpou especificamente Johnson, mas deu detalhes gráficos e incluiu fotografias de mais de uma dúzia de reuniões, algumas das quais ele participou. “Muitos desses eventos não deveriam ter ocorrido”, concluiu o relatório.

Johnson enfrentou repetidos pedidos de renúncia de políticos da oposição e alguns de seu próprio partido depois que foi revelado que ele e as autoridades violaram as regras que impediam as pessoas de socializar fora de suas casas ou mesmo, em muitos casos, participar de funerais de entes queridos, no momento mais rígido do isolamento no país. O escândalo ficou conhecido como partygate.

Johnson justificou-se defendendo que, em plena pandemia, os seus colaboradores trabalhavam longas horas e era difícil “traçar um limite entre trabalho e socialização”. Mas reconheceu que “muitos desses eventos duraram muito mais do que o necessário, quebrando as regras” e se declarou “surpreso” pelas revelações de Gray sobre eventos em que ele “simplesmente não estava presente”.

Um frame de vídeo da transmissão do parlamento britânico mostra a parlamentar Anglea Eagle, do Partido Trabalhista, segurando uma imagem tirada do relatório de Sue Gray que mostra o premiê Boris Johnson em uma festa na Downing Street Foto: AFP

“Não foi determinado que a minha participação infringiu as regras”, sublinhou, insistindo que, quando há meses assegurou que as regras tinham sido respeitadas, era o que ele acreditava ser a verdade e que desde então tem feito mudanças importantes na gestão de seus escritórios.

Seus argumentos não convenceram a oposição. O nacionalista escocês Ian Blackford o acusou de ter “perdido a pouca autoridade moral que lhe restava” e voltou a pedir sua renúncia, assim como o Partido Trabalhista.

Presença de altos cargos

Considerada rigorosa e implacável, Gray começou a investigar há meses as muitas festas organizadas em Downing Street quando as regras contra a covid-19 impediam os britânicos até mesmo se despedir dos falecidos por uma doença que causou 178.000 mortos no país.

Ela concluiu seu relatório em janeiro, mas a polícia decidiu abrir sua própria investigação, obrigando-a a publicar uma versão editada, omitindo todos os detalhes, para não interferir na investigação. A Scotland Yard encerrou sua investigação na semana passada, aplicando 126 multas a 83 pessoas por 8 festas, e Gray pôde, enfim, publicar suas conclusões.

“Alguns dos colaboradores menos experientes acreditavam que sua participação em alguns destes eventos era permitida dada a presença de altos cargos”, sublinhou.

Johnson e sua esposa Carrie, assim como o ministro das Finanças Rishi Sunak, receberam uma multa da polícia pelo que parece ser o menos importante dos encontros, uma festa pelo seu 56º aniversário, realizada em 19 de junho de 2020.

Seu navegador não suporta esse video.

A polícia britânica impõs 20 multas pelas festas realizadas em Downing Street durante o confinamento pela pandemia de coronavírus. O escândalo abalou o governo.

Na ocasião, o líder conservador descartou a renúncia, assegurando que “não lhe ocorreu naquela época, nem depois” que sua participação na breve reunião “poderia constituir uma violação das regras”. Nesta quarta-feira, ele reiterou suas desculpas por ter comparecido a este “breve evento”.

Consumo excessivo de álcool

O relatório completo de Gray incluiu e-mails e mensagens de WhatsApp que mostravam que muitas das reuniões foram planejadas com antecedência, com discussões sobre quem traria álcool.

Em um evento de junho de 2020, Gray disse que havia “consumo excessivo de álcool” que levou uma pessoa a ficar doente e uma briga entre outras duas. Em outro, realizado na noite anterior ao funeral do marido da rainha Elizabeth, o príncipe Philip, em abril de 2021, os indivíduos festejaram até a madrugada e danificaram um balanço.

“Muitos ficarão consternados que um comportamento desse tipo tenha ocorrido desta forma no coração do governo”, disse seu relatório. “O público tem o direito de esperar os mais altos padrões de comportamento em tais lugares e claramente o que aconteceu ficou muito aquém disso.”

Durante meses, as evidências das festas movidas a álcool vazaram na mídia, forçando Johnson a se desculpar, mudar a equipe em seu escritório e prometer uma redefinição para tentar restaurar sua autoridade.

Novas imagens mostram Boris Johnson levantando uma taça durante uma festa em Downing Street Foto: ITV News/Handout via Reuters

Boris Johnson mentiu?

Confrontado no início deste ano a uma rebelião interna de conservadoras que buscavam removê-lo do cargo como resultado do escândalo, Johnson viu mais tarde como a guerra na Ucrânia mudou o foco das atenções no final de fevereiro, reduzindo a ameaça que pairava no ar.

No contexto de crise bélica, e dado o importante papel que os britânicos têm desempenhado na resposta internacional à invasão russa, muitos membros de sua maioria pediram para aguardar os resultados das investigações antes de contemplar um possível voto de desconfiança, que deve ser solicitado por pelo menos 15% dos 359 deputados do Partido Conservador.

Muitos parlamentares conservadores aguardavam o relatório de Gray para decidir se o primeiro-ministro foi sincero quando disse que não sabia que estava infringindo as regras.

A oposição e alguns deputados da maioria conservadora denunciam que ele mentiu conscientemente. E aprovaram, após a publicação do relatório de Gray, a abertura de uma comissão parlamentar para determinar se Johnson enganou o Parlamento, o que, de acordo com o código de conduta, deveria implicar em sua demissão./AFP e REUTERS

LONDRES - O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, assumiu nesta quarta-feira, 25, total responsabilidade pelas festas em Downing Street durante os confinamentos para conter a covid-19. A declaração ocorre momentos depois da publicação de um relatório oficial que detalha uma série de festas ilegais movidas a álcool no escritório do premiê. Ele insiste, porém, que sua participação não infringiu as regras, exceto por uma festa de aniversário, pela qual reiterou suas desculpas.

“Assumo total responsabilidade por tudo o que aconteceu na minha presença”, afirmou ao Parlamento, após a publicação do relatório interno da funcionária Sue Gray que não culpou especificamente Johnson, mas deu detalhes gráficos e incluiu fotografias de mais de uma dúzia de reuniões, algumas das quais ele participou. “Muitos desses eventos não deveriam ter ocorrido”, concluiu o relatório.

Johnson enfrentou repetidos pedidos de renúncia de políticos da oposição e alguns de seu próprio partido depois que foi revelado que ele e as autoridades violaram as regras que impediam as pessoas de socializar fora de suas casas ou mesmo, em muitos casos, participar de funerais de entes queridos, no momento mais rígido do isolamento no país. O escândalo ficou conhecido como partygate.

Johnson justificou-se defendendo que, em plena pandemia, os seus colaboradores trabalhavam longas horas e era difícil “traçar um limite entre trabalho e socialização”. Mas reconheceu que “muitos desses eventos duraram muito mais do que o necessário, quebrando as regras” e se declarou “surpreso” pelas revelações de Gray sobre eventos em que ele “simplesmente não estava presente”.

Um frame de vídeo da transmissão do parlamento britânico mostra a parlamentar Anglea Eagle, do Partido Trabalhista, segurando uma imagem tirada do relatório de Sue Gray que mostra o premiê Boris Johnson em uma festa na Downing Street Foto: AFP

“Não foi determinado que a minha participação infringiu as regras”, sublinhou, insistindo que, quando há meses assegurou que as regras tinham sido respeitadas, era o que ele acreditava ser a verdade e que desde então tem feito mudanças importantes na gestão de seus escritórios.

Seus argumentos não convenceram a oposição. O nacionalista escocês Ian Blackford o acusou de ter “perdido a pouca autoridade moral que lhe restava” e voltou a pedir sua renúncia, assim como o Partido Trabalhista.

Presença de altos cargos

Considerada rigorosa e implacável, Gray começou a investigar há meses as muitas festas organizadas em Downing Street quando as regras contra a covid-19 impediam os britânicos até mesmo se despedir dos falecidos por uma doença que causou 178.000 mortos no país.

Ela concluiu seu relatório em janeiro, mas a polícia decidiu abrir sua própria investigação, obrigando-a a publicar uma versão editada, omitindo todos os detalhes, para não interferir na investigação. A Scotland Yard encerrou sua investigação na semana passada, aplicando 126 multas a 83 pessoas por 8 festas, e Gray pôde, enfim, publicar suas conclusões.

“Alguns dos colaboradores menos experientes acreditavam que sua participação em alguns destes eventos era permitida dada a presença de altos cargos”, sublinhou.

Johnson e sua esposa Carrie, assim como o ministro das Finanças Rishi Sunak, receberam uma multa da polícia pelo que parece ser o menos importante dos encontros, uma festa pelo seu 56º aniversário, realizada em 19 de junho de 2020.

Seu navegador não suporta esse video.

A polícia britânica impõs 20 multas pelas festas realizadas em Downing Street durante o confinamento pela pandemia de coronavírus. O escândalo abalou o governo.

Na ocasião, o líder conservador descartou a renúncia, assegurando que “não lhe ocorreu naquela época, nem depois” que sua participação na breve reunião “poderia constituir uma violação das regras”. Nesta quarta-feira, ele reiterou suas desculpas por ter comparecido a este “breve evento”.

Consumo excessivo de álcool

O relatório completo de Gray incluiu e-mails e mensagens de WhatsApp que mostravam que muitas das reuniões foram planejadas com antecedência, com discussões sobre quem traria álcool.

Em um evento de junho de 2020, Gray disse que havia “consumo excessivo de álcool” que levou uma pessoa a ficar doente e uma briga entre outras duas. Em outro, realizado na noite anterior ao funeral do marido da rainha Elizabeth, o príncipe Philip, em abril de 2021, os indivíduos festejaram até a madrugada e danificaram um balanço.

“Muitos ficarão consternados que um comportamento desse tipo tenha ocorrido desta forma no coração do governo”, disse seu relatório. “O público tem o direito de esperar os mais altos padrões de comportamento em tais lugares e claramente o que aconteceu ficou muito aquém disso.”

Durante meses, as evidências das festas movidas a álcool vazaram na mídia, forçando Johnson a se desculpar, mudar a equipe em seu escritório e prometer uma redefinição para tentar restaurar sua autoridade.

Novas imagens mostram Boris Johnson levantando uma taça durante uma festa em Downing Street Foto: ITV News/Handout via Reuters

Boris Johnson mentiu?

Confrontado no início deste ano a uma rebelião interna de conservadoras que buscavam removê-lo do cargo como resultado do escândalo, Johnson viu mais tarde como a guerra na Ucrânia mudou o foco das atenções no final de fevereiro, reduzindo a ameaça que pairava no ar.

No contexto de crise bélica, e dado o importante papel que os britânicos têm desempenhado na resposta internacional à invasão russa, muitos membros de sua maioria pediram para aguardar os resultados das investigações antes de contemplar um possível voto de desconfiança, que deve ser solicitado por pelo menos 15% dos 359 deputados do Partido Conservador.

Muitos parlamentares conservadores aguardavam o relatório de Gray para decidir se o primeiro-ministro foi sincero quando disse que não sabia que estava infringindo as regras.

A oposição e alguns deputados da maioria conservadora denunciam que ele mentiu conscientemente. E aprovaram, após a publicação do relatório de Gray, a abertura de uma comissão parlamentar para determinar se Johnson enganou o Parlamento, o que, de acordo com o código de conduta, deveria implicar em sua demissão./AFP e REUTERS

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