Às portas do 1º campo francês para imigrantes


Novo acampamento fica na fronteira belga e já acolhe 1,3 mil refugiados, esgotando capacidade

Por Andrei Netto e Calais

CALAIS, FRANÇA - No momento em que o Ministério do Interior faz tudo o que pode para demover imigrantes de acamparem no norte da França, o prefeito da cidade de Grande-Synthe, no norte do país, anunciou nesta semana a abertura formal do primeiro campo humanitário em solo francês, com 213 casas aquecidas de madeira. Trata-se de uma resposta política de um líder ecologista às restrições crescentes aos imigrantes na vizinha Calais, de onde parte dos 1,3 mil novos moradores é proveniente.

O campo é financiamento não só pela prefeitura, administrada por Damien Carême, mas também pela organização não governamental Médicos Sem Fronteiras (MSF). A ideia de Grande-Synthe é responder às normas internacionais de um campo de refugiados como os mantidos pela Organização das Nações Unidas (ONU) em países como Turquia e Jordânia. 

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“Estou satisfeito porque mulheres, crianças e homens que viviam em condições indignas agora podem passar a uma instalação mais humana”, afirmou Carême ao jornal Le Monde.

Contrastando com os contêineres de Calais, as cabanas de madeira têm ducha, banheiros e espaços de convivência, como cozinha e escola. Voluntários de ONGs oferecem serviços de refeições, aulas de língua e atendimento médico – o que também existe na “selva” de Calais.

No entanto, ao contrário do que se pode imaginar, o campo de Grande-Synthe, que desafoga a favela de Calais, não é bem vista pelas autoridades francesas. O Ministério do Interior reclama, por exemplo, que as normas de segurança impostas no Centro de Acolhimento Provisório (CAP) – que incluem a captação de impressões digitais – não são aplicadas no novo campo. 

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Oposição. Para Marianne Humbersot, ativista do Centro de Auxílio Jurídico, a própria iniciativa do governo de desmontar a maior área da “selva” de Calais é uma forma de minar o novo campo. “O governo quer saturar Grande-Synthe o mais rápido possível”, acusa Marianne. 

O certo é que as autoridades regionais e nacionais não demonstram entusiasmo pela iniciativa. Enquanto a MSF fez o maior aporte financeiro, investindo € 2,6 milhões na estrutura, e a prefeitura da cidade de Dunkerke contribuiu com € 500 mil, Paris não colocou um centavo no projeto, assim como o governo do departamento de Nord, onde Grande-Synthe está situada. “Não estamos cogitando isso”, afirmou o administrador regional, Jean-François Cordet, em entrevista à agência France-Presse.

A 'nova selva' em Calais, na França

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Além de incomodar a estratégia de desmobilização de Calais, o novo acampamento tem um inconveniente em época de ameaça terrorista. Situado junto à fronteira com a Bélgica e próximo de uma estrada com alto tráfico de caminhões que viajam pela Europa, o acampamento é considerado um ponto fraco no controle de atentados e para a segurança dos próprios imigrantes, que não medem os riscos para subir em caminhões e trens que tenham como destino a Grã-Bretanha. 

“A solução não passa por um deslocamento de um campo para um outro, no qual a localização causa problemas”, afirmou o ministro socialista do Interior, Bernard Cazeneuve, na quarta-feira. “A prioridade do governo é o desmantelamento das favelas.”

CALAIS, FRANÇA - No momento em que o Ministério do Interior faz tudo o que pode para demover imigrantes de acamparem no norte da França, o prefeito da cidade de Grande-Synthe, no norte do país, anunciou nesta semana a abertura formal do primeiro campo humanitário em solo francês, com 213 casas aquecidas de madeira. Trata-se de uma resposta política de um líder ecologista às restrições crescentes aos imigrantes na vizinha Calais, de onde parte dos 1,3 mil novos moradores é proveniente.

O campo é financiamento não só pela prefeitura, administrada por Damien Carême, mas também pela organização não governamental Médicos Sem Fronteiras (MSF). A ideia de Grande-Synthe é responder às normas internacionais de um campo de refugiados como os mantidos pela Organização das Nações Unidas (ONU) em países como Turquia e Jordânia. 

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“Estou satisfeito porque mulheres, crianças e homens que viviam em condições indignas agora podem passar a uma instalação mais humana”, afirmou Carême ao jornal Le Monde.

Contrastando com os contêineres de Calais, as cabanas de madeira têm ducha, banheiros e espaços de convivência, como cozinha e escola. Voluntários de ONGs oferecem serviços de refeições, aulas de língua e atendimento médico – o que também existe na “selva” de Calais.

No entanto, ao contrário do que se pode imaginar, o campo de Grande-Synthe, que desafoga a favela de Calais, não é bem vista pelas autoridades francesas. O Ministério do Interior reclama, por exemplo, que as normas de segurança impostas no Centro de Acolhimento Provisório (CAP) – que incluem a captação de impressões digitais – não são aplicadas no novo campo. 

Oposição. Para Marianne Humbersot, ativista do Centro de Auxílio Jurídico, a própria iniciativa do governo de desmontar a maior área da “selva” de Calais é uma forma de minar o novo campo. “O governo quer saturar Grande-Synthe o mais rápido possível”, acusa Marianne. 

O certo é que as autoridades regionais e nacionais não demonstram entusiasmo pela iniciativa. Enquanto a MSF fez o maior aporte financeiro, investindo € 2,6 milhões na estrutura, e a prefeitura da cidade de Dunkerke contribuiu com € 500 mil, Paris não colocou um centavo no projeto, assim como o governo do departamento de Nord, onde Grande-Synthe está situada. “Não estamos cogitando isso”, afirmou o administrador regional, Jean-François Cordet, em entrevista à agência France-Presse.

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Além de incomodar a estratégia de desmobilização de Calais, o novo acampamento tem um inconveniente em época de ameaça terrorista. Situado junto à fronteira com a Bélgica e próximo de uma estrada com alto tráfico de caminhões que viajam pela Europa, o acampamento é considerado um ponto fraco no controle de atentados e para a segurança dos próprios imigrantes, que não medem os riscos para subir em caminhões e trens que tenham como destino a Grã-Bretanha. 

“A solução não passa por um deslocamento de um campo para um outro, no qual a localização causa problemas”, afirmou o ministro socialista do Interior, Bernard Cazeneuve, na quarta-feira. “A prioridade do governo é o desmantelamento das favelas.”

CALAIS, FRANÇA - No momento em que o Ministério do Interior faz tudo o que pode para demover imigrantes de acamparem no norte da França, o prefeito da cidade de Grande-Synthe, no norte do país, anunciou nesta semana a abertura formal do primeiro campo humanitário em solo francês, com 213 casas aquecidas de madeira. Trata-se de uma resposta política de um líder ecologista às restrições crescentes aos imigrantes na vizinha Calais, de onde parte dos 1,3 mil novos moradores é proveniente.

O campo é financiamento não só pela prefeitura, administrada por Damien Carême, mas também pela organização não governamental Médicos Sem Fronteiras (MSF). A ideia de Grande-Synthe é responder às normas internacionais de um campo de refugiados como os mantidos pela Organização das Nações Unidas (ONU) em países como Turquia e Jordânia. 

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“Estou satisfeito porque mulheres, crianças e homens que viviam em condições indignas agora podem passar a uma instalação mais humana”, afirmou Carême ao jornal Le Monde.

Contrastando com os contêineres de Calais, as cabanas de madeira têm ducha, banheiros e espaços de convivência, como cozinha e escola. Voluntários de ONGs oferecem serviços de refeições, aulas de língua e atendimento médico – o que também existe na “selva” de Calais.

No entanto, ao contrário do que se pode imaginar, o campo de Grande-Synthe, que desafoga a favela de Calais, não é bem vista pelas autoridades francesas. O Ministério do Interior reclama, por exemplo, que as normas de segurança impostas no Centro de Acolhimento Provisório (CAP) – que incluem a captação de impressões digitais – não são aplicadas no novo campo. 

Oposição. Para Marianne Humbersot, ativista do Centro de Auxílio Jurídico, a própria iniciativa do governo de desmontar a maior área da “selva” de Calais é uma forma de minar o novo campo. “O governo quer saturar Grande-Synthe o mais rápido possível”, acusa Marianne. 

O certo é que as autoridades regionais e nacionais não demonstram entusiasmo pela iniciativa. Enquanto a MSF fez o maior aporte financeiro, investindo € 2,6 milhões na estrutura, e a prefeitura da cidade de Dunkerke contribuiu com € 500 mil, Paris não colocou um centavo no projeto, assim como o governo do departamento de Nord, onde Grande-Synthe está situada. “Não estamos cogitando isso”, afirmou o administrador regional, Jean-François Cordet, em entrevista à agência France-Presse.

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Além de incomodar a estratégia de desmobilização de Calais, o novo acampamento tem um inconveniente em época de ameaça terrorista. Situado junto à fronteira com a Bélgica e próximo de uma estrada com alto tráfico de caminhões que viajam pela Europa, o acampamento é considerado um ponto fraco no controle de atentados e para a segurança dos próprios imigrantes, que não medem os riscos para subir em caminhões e trens que tenham como destino a Grã-Bretanha. 

“A solução não passa por um deslocamento de um campo para um outro, no qual a localização causa problemas”, afirmou o ministro socialista do Interior, Bernard Cazeneuve, na quarta-feira. “A prioridade do governo é o desmantelamento das favelas.”

CALAIS, FRANÇA - No momento em que o Ministério do Interior faz tudo o que pode para demover imigrantes de acamparem no norte da França, o prefeito da cidade de Grande-Synthe, no norte do país, anunciou nesta semana a abertura formal do primeiro campo humanitário em solo francês, com 213 casas aquecidas de madeira. Trata-se de uma resposta política de um líder ecologista às restrições crescentes aos imigrantes na vizinha Calais, de onde parte dos 1,3 mil novos moradores é proveniente.

O campo é financiamento não só pela prefeitura, administrada por Damien Carême, mas também pela organização não governamental Médicos Sem Fronteiras (MSF). A ideia de Grande-Synthe é responder às normas internacionais de um campo de refugiados como os mantidos pela Organização das Nações Unidas (ONU) em países como Turquia e Jordânia. 

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Contrastando com os contêineres de Calais, as cabanas de madeira têm ducha, banheiros e espaços de convivência, como cozinha e escola. Voluntários de ONGs oferecem serviços de refeições, aulas de língua e atendimento médico – o que também existe na “selva” de Calais.

No entanto, ao contrário do que se pode imaginar, o campo de Grande-Synthe, que desafoga a favela de Calais, não é bem vista pelas autoridades francesas. O Ministério do Interior reclama, por exemplo, que as normas de segurança impostas no Centro de Acolhimento Provisório (CAP) – que incluem a captação de impressões digitais – não são aplicadas no novo campo. 

Oposição. Para Marianne Humbersot, ativista do Centro de Auxílio Jurídico, a própria iniciativa do governo de desmontar a maior área da “selva” de Calais é uma forma de minar o novo campo. “O governo quer saturar Grande-Synthe o mais rápido possível”, acusa Marianne. 

O certo é que as autoridades regionais e nacionais não demonstram entusiasmo pela iniciativa. Enquanto a MSF fez o maior aporte financeiro, investindo € 2,6 milhões na estrutura, e a prefeitura da cidade de Dunkerke contribuiu com € 500 mil, Paris não colocou um centavo no projeto, assim como o governo do departamento de Nord, onde Grande-Synthe está situada. “Não estamos cogitando isso”, afirmou o administrador regional, Jean-François Cordet, em entrevista à agência France-Presse.

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