O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, nesta terça-feira (14), que a Argentina precisa eleger um presidente que “goste de democracia” no segundo turno de domingo (19) entre o peronista Sergio Massa, de centro-esquerda, e o libertário Javier Milei. Lula classificou a Argentina, principal parceiro do Brasil na região, e o bloco Mercosul como “muito importante” para o país e afirmou que os dois países precisam um do outro. Mais tarde, o petista declarou
“Quanto nós podemos crescer juntos... para isso é preciso ter um presidente que goste de democracia, que respeite as instituições, que goste do Mercosul, que goste da América do Sul”, disse Lula, durante seu programa semanal “Conversa com o Presidente” nas redes sociais. “Quero pedir ao povo argentino que na hora de votar pensem na Argentina. Mas pensem um pouco no tipo de América do Sul que querem criar, do Mercosul que querem criar. Juntos nós seremos fortes. Separados, nós somos fracos”.
Envolvimento na eleição
A declaração é o desdobramento mais recente de uma série de envolvimentos do Planalto na disputa eleitoral no país vizinho. Em agosto, Lula e o ministro da Economia, Fernando Haddad receberam Massa em Brasília. Na ocasião, Lula prometeu ajuda a Massa, segundo o candidato relatou, e despachou estrategistas de sua campanha e de confiança do PT a Buenos Aires.
Além disso, como revelou o Estadão na coluna da repórter Vera Rosa, Lula ajudou em uma operação para que o Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF) concedesse empréstimo de US$ 1 bilhão à Argentina. Com o dinheiro, o ministro Sergio Massa, candidato à Casa Rosada, conseguiu novo acordo para liberar recursos do FMI.
Atualmente trabalham na campanha do ministro da Economia Raul Rabelo e Otávio Antunes. Ambos colaboraram com a campanha do atual ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em 2018, à Presidência da República. Eles também atuaram em favor do PT em 2022. Rabelo na campanha presidencial de Lula, e Antunes na estadual de Haddad, em São Paulo.
Críticas de Milei
Milei fez duras críticas a Lula, a quem em uma recente entrevista chamou de “comunista” e “corrupto”. Ele afirmou que, caso seja eleito em 19 de novembro, não se reunirá com o presidente brasileiro. Também criticou o Mercosul, ao indicar que deve “ser eliminado” já que se trata de uma “união aduaneira defeituosa”.
No debate de domingo, Javier Milei e o peronista Sergio Massa, bateram boca acaloradamente sobre a relação com o Brasil no último debate antes das eleições presidenciais na Argentina, marcadas para o próximo domingo, 19. O debate é visto como fundamental para conquistar o eleitor indeciso.
A discussão foi motivada por uma fala do peronista e atual ministro da Economia, que acusou Milei de querer romper o diálogo com os dois principais parceiros comerciais argentinos, Brasil e China. “Criar problemas com Brasil e China vai terminar com menos empregos. Política exterior não pode ser regida por caprichos”, afirmou Massa.
“Sobre as mentiras de quem me acusa de dizer que não devemos comercializar com a China ou o Brasil, é falso. É uma questão do mercado privado e o Estado não tem porque se meter, porque cada vez que se mete gera corrupção”, afirmou Javier Milei, dizendo que seu adversário mentia. “Alberto Fernández também não falava com [o ex-presidente Jair] Bolsonaro”./ AFP