‘Foi um grave erro o TSE convocar as Forças Armadas’, diz ex-ministro da Defesa Aldo Rebelo


Candidato ao Senado pelo PDT, após abandonar o PCdoB, Rebelo teve papel de destaque no governo Lula; ele questiona a inclusão dos militares na fiscalização do sistema eleitoral e não poupa críticas ao ex-presidente: ‘O Lula de hoje é uma incógnita’

Por Pedro Venceslau
Atualização:

Depois de presidir a Câmara dos Deputados e ocupar vários ministérios na gestão de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) - Defesa, Esporte e Ciência e Tecnologia - Aldo Rebelo deixou o PCdoB e entrou no PDT, partido pelo qual vai disputar uma cadeira no Senado por São Paulo.

Na última pesquisa divulgada pela Quaest, ele aparece com 3% das intenções de voto, atrás de Márcio França (PSB), com 29%, Marcos Pontes (PL), com 12%, e Janaína Paschoal (PRTB), com 10%.

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Nesta entrevista ao Estadão, parte da série com os principais concorrentes ao Senado, Rebelo, que também foi líder do governo petista na Câmara, adotou um tom crítico a Lula, a quem define hoje como uma “incógnita”: “Você não sabe exatamente o que vem do governo dele. Mesmo em 2003, o grupo que foi conduzir a economia não foi o mesmo que participou dos debates e da formulação do programa econômico”.

Na contramão de boa parte dos partidos de esquerda, Rebelo disse que a agenda identitária “é uma tragédia que divide o povo”. Na condição de ex-ministro da Defesa e de quem mantém boa interlocução com os militares, ele define como uma “comédia de erros” o papel que as Forças Armadas exercem hoje junto à Justiça Eleitoral. “O primeiro grave erro foi o TSE convocar as Forças Armadas. Além de convocar ainda pediu um parecer. Por que colocou o Exército no meio do debate?”, questionou. A seguir, os principais trechos da entrevista:

O senhor está no PDT do Ciro Gomes. Como avalia essa narrativa dura que ele adotou contra Lula e o PT?

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O Ciro tem uma crítica ao PT cuja origem está na eleição de 2018. As pesquisas indicavam que ele teria todas as condições de ganhar as eleições, mas o PT optou por um caminho próprio de lançar um candidato próprio (Fernando Haddad) que terminou derrotado. E criou-se no País essa situação. Além disso, ele se propõe a ser uma alternativa ao PT. Isso exige que Ciro construa uma opinião muito crítica. No plano econômico há uma posição de conciliação do PT com o sistema financeiro. Ciro também tem uma posição muito crítica em relação à corrupção e à ideia de que a eleição é de rejeições.

O candidato do PDT ao Senado em São Paulo, Aldo Rebelo: "O Brasil hoje com essa agenda de 2003 é uma promessa de crise social, econômica e política". Foto: Marcelo Chello/Estadão

O sr. concorda com essas críticas?

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Não na forma, mas em relação à economia eu concordo no conteúdo. No Brasil, você pode construir uma aliança vitoriosa entregando a economia à Faria Lima, as áreas sociais do governo aos grupos identitários e a Amazônia às ONGs, mas isso torna o País ingovernável.

O ex-presidente Lula defende essa agenda?

O Lula, quando venceu a primeira vez, fez um governo de conciliação. Colocou o Henrique Meirelles no Banco Central, o (Antonio) Palocci fez uma agenda próxima à do mercado, e o meio ambiente ele entregou às ONGs. Isso naquela situação tornou o País governável. Mas a situação hoje é muito distinta daquela. O Brasil hoje com essa agenda de 2003 é uma promessa de crise social, econômica e política.

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Confira destaques da entrevista:

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Nesta entrevista ao Estadão, Rebelo adotou um tom crítico a Lula, que para ele hoje é uma "incógnita", e na contramão dos partidos de esquerda disse que a agend

O sr. acha então que o Lula de hoje está fazendo uma agenda para a Faria Lima?

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O Lula de hoje é uma incógnita. Você não sabe exatamente o que virá do governo dele. Mesmo em 2003, o grupo que foi conduzir a economia não foi o mesmo que participou dos debates e da formulação do programa econômico. Há quem diga até que o próprio Meirelles foi uma alternativa ao nome do Banco Central que vinha do governo Fernando Henrique e não teria aceitado o convite. Há evidentemente uma aproximação (do Lula) com esse setor das finanças e da Faria Lima. Isso é muito negativo. Temos de conviver com essa agenda, mas não podemos entregar a ponte de comando do navio a esse setor da economia.

Como o sr. avalia as críticas de parte da esquerda ao Ciro e ao PDT por dividir esse campo em vez de compor uma frente ampla contra Jair Bolsonaro?

Dividir o quê? Estamos distantes da eleição. Com o pretexto de que é preciso unir as chamadas forças progressistas, querem tirar do debate o pensamento mais original e contestador, que é o do Ciro. Além de arrogante e autoritário, isso é extremamente nocivo para a sociedade.

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Como o sr. avalia a ascensão da agenda identitária na política brasileira?

Como uma tragédia que tem dividido os pobres, o povo e o País. Na minha juventude entrei em um partido de esquerda que tinha ideologia. Não existe mais a ideologia, o que existe é a biologia. Ideologia é mudar a sociedade para todos. O País está dividido entre pretos e brancos, homens e mulheres e orientação sexual. Ou seja: pelos critérios dos indivíduos e não dos interesses coletivos. Nas batalhas identitárias, os direitos individuais são mais importantes que os coletivos.

Por isso deixou o PCdoB?

Essa foi uma das razões. Eu estava lá desde a minha juventude. Eu via que havia uma crescente tensão em torno dessa agenda com a qual eu não tinha identidade.

O sr. foi ministro da Defesa do presidente Lula. Como avalia a relação que o presidente Jair Bolsonaro tem com as Forças Armadas e o papel que ela cumpre na administração federal? Como era na sua época?

A relação do presidente Bolsonaro com as Forças Armadas desde quando era deputado era carregada de ambiguidade, unidade e conflito. Ele era muito querido pelos soldados, praças, sargentos e taifeiros. Exercia uma espécie de sindicalismo. Mas a relação com a hierarquia era muito complicada. O sindicalismo nas Forças Armadas é incompatível com a hierarquia e disciplina. Depois que Bolsonaro assumiu a função de presidente, ele tentou usufruir do prestígio das Forças Armadas. Não vejo problema em levar militares para o governo. Ele levou gente muito competente, como Silva e Luna, general que foi secretário-geral do Ministério da Defesa no meu tempo. O almirante Bento (Albuquerque) para Minas e Energia, que é um servidor público de alta qualidade. O problema foi tentar usar esse prestígio para fins políticos. Ele chegou a demitir sem razão aparente os três comandantes das Forças Armadas.

Aldo Rebelo (o segundo da esquerda para a direita), à época à frente da liderança do governo na Câmara, se reúne com líderes de partidos aliados, a cúpula do Congresso e o presidente Lula, no Palácio do Planalto, em março de 2003. Foto: Ed Ferreira/AE

O que achou da entrada dos militares no debate sobre urnas eletrônicas?

Não tem inocente nessa narrativa. Por que o TSE foi convidar as Forças Armadas para se meter em um assunto que não é da sua esfera? Isso nunca foi assunto do Executivo. O primeiro grave erro foi o TSE convocar as Forças Armadas. Além de convocar ainda pediu um parecer. Por que colocou o Exército no meio do debate? Se você convidar o Ministério da Defesa está convidando o presidente da República, que é um desafeto da urna eletrônica. Essa comédia de erros começa com o TSE e encontra um coadjuvante à altura, que é a Defesa.

Vê risco de golpe ou uma situação como a que houve no Capitólio nos EUA?

Não vejo, sinceramente. Quem está interessado em dar um golpe no Brasil? As Forças Armadas? Os meios empresariais? A mídia? A CNBB? A Embaixada Americana? Estou falando de quem apoiou o golpe de 1964. Nenhum deles apoia hoje.

Se for eleito, vai fazer oposição sistemática a Lula ou a Bolsonaro?

Não faço oposição sistemática a ninguém. Não fiz a FHC, Itamar e Collor.

Existem convergências no discurso do Bolsonaro sobre a Amazônia e o seu?

Claro que sim. A defesa da soberania da Amazônia. Infelizmente as forças progressistas relativizam muito. Tem gente que defende a internacionalização da Amazônia. Tem uma tal de internacional progressista que desembarcou no Brasil. O presidente Bolsonaro percebeu que o discurso de defesa da Amazônia diz respeito aos nacionalistas do Brasil.

O sr. vê mais algum ponto positivo em relação ao Bolsonaro?

Tem de perguntar para o eleitor. Você acha que o presidente tem esse apoio pelo que tem de negativo? O povo não apoia nada de negativo. O Bolsonaro tem esse apoio porque é associado à defesa da família, das cores nacionais, da bandeira, do nacionalismo, verde amarelo e da religião. E o Lula é associado à proteção dos mais pobres.

Bolsonaro usa a bandeira e as cores do Brasil para fazer campanha. Como nacionalista, o que o sr. acha disso?

Uma tragédia. Acho criminoso um presidente da República usar a data magna do País, que é o 7 de setembro, como um comício da sua facção política. E no outro dia bate continência para a bandeira americana.

Quais serão suas bandeiras e a sua agenda se vencer a eleição para o Senado?

A agenda de São Paulo é a agenda do Brasil. O problema da desindustrialização é do Brasil, mas é de São Paulo. A reforma tributária diz respeito principalmente ao Estado que mais arrecada e paga impostos.

Defende uma reforma tributária?

Claro que sim. Quando eu era líder do governo Lula fechamos um acordo, mas, por irresponsabilidade de alguns, essa reforma não pode ser votada na sua etapa final. Nós redistribuímos o ICMS, que é o imposto da discórdia.

Depois de presidir a Câmara dos Deputados e ocupar vários ministérios na gestão de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) - Defesa, Esporte e Ciência e Tecnologia - Aldo Rebelo deixou o PCdoB e entrou no PDT, partido pelo qual vai disputar uma cadeira no Senado por São Paulo.

Na última pesquisa divulgada pela Quaest, ele aparece com 3% das intenções de voto, atrás de Márcio França (PSB), com 29%, Marcos Pontes (PL), com 12%, e Janaína Paschoal (PRTB), com 10%.

Nesta entrevista ao Estadão, parte da série com os principais concorrentes ao Senado, Rebelo, que também foi líder do governo petista na Câmara, adotou um tom crítico a Lula, a quem define hoje como uma “incógnita”: “Você não sabe exatamente o que vem do governo dele. Mesmo em 2003, o grupo que foi conduzir a economia não foi o mesmo que participou dos debates e da formulação do programa econômico”.

Na contramão de boa parte dos partidos de esquerda, Rebelo disse que a agenda identitária “é uma tragédia que divide o povo”. Na condição de ex-ministro da Defesa e de quem mantém boa interlocução com os militares, ele define como uma “comédia de erros” o papel que as Forças Armadas exercem hoje junto à Justiça Eleitoral. “O primeiro grave erro foi o TSE convocar as Forças Armadas. Além de convocar ainda pediu um parecer. Por que colocou o Exército no meio do debate?”, questionou. A seguir, os principais trechos da entrevista:

O senhor está no PDT do Ciro Gomes. Como avalia essa narrativa dura que ele adotou contra Lula e o PT?

O Ciro tem uma crítica ao PT cuja origem está na eleição de 2018. As pesquisas indicavam que ele teria todas as condições de ganhar as eleições, mas o PT optou por um caminho próprio de lançar um candidato próprio (Fernando Haddad) que terminou derrotado. E criou-se no País essa situação. Além disso, ele se propõe a ser uma alternativa ao PT. Isso exige que Ciro construa uma opinião muito crítica. No plano econômico há uma posição de conciliação do PT com o sistema financeiro. Ciro também tem uma posição muito crítica em relação à corrupção e à ideia de que a eleição é de rejeições.

O candidato do PDT ao Senado em São Paulo, Aldo Rebelo: "O Brasil hoje com essa agenda de 2003 é uma promessa de crise social, econômica e política". Foto: Marcelo Chello/Estadão

O sr. concorda com essas críticas?

Não na forma, mas em relação à economia eu concordo no conteúdo. No Brasil, você pode construir uma aliança vitoriosa entregando a economia à Faria Lima, as áreas sociais do governo aos grupos identitários e a Amazônia às ONGs, mas isso torna o País ingovernável.

O ex-presidente Lula defende essa agenda?

O Lula, quando venceu a primeira vez, fez um governo de conciliação. Colocou o Henrique Meirelles no Banco Central, o (Antonio) Palocci fez uma agenda próxima à do mercado, e o meio ambiente ele entregou às ONGs. Isso naquela situação tornou o País governável. Mas a situação hoje é muito distinta daquela. O Brasil hoje com essa agenda de 2003 é uma promessa de crise social, econômica e política.

Confira destaques da entrevista:

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Nesta entrevista ao Estadão, Rebelo adotou um tom crítico a Lula, que para ele hoje é uma "incógnita", e na contramão dos partidos de esquerda disse que a agend

O sr. acha então que o Lula de hoje está fazendo uma agenda para a Faria Lima?

O Lula de hoje é uma incógnita. Você não sabe exatamente o que virá do governo dele. Mesmo em 2003, o grupo que foi conduzir a economia não foi o mesmo que participou dos debates e da formulação do programa econômico. Há quem diga até que o próprio Meirelles foi uma alternativa ao nome do Banco Central que vinha do governo Fernando Henrique e não teria aceitado o convite. Há evidentemente uma aproximação (do Lula) com esse setor das finanças e da Faria Lima. Isso é muito negativo. Temos de conviver com essa agenda, mas não podemos entregar a ponte de comando do navio a esse setor da economia.

Como o sr. avalia as críticas de parte da esquerda ao Ciro e ao PDT por dividir esse campo em vez de compor uma frente ampla contra Jair Bolsonaro?

Dividir o quê? Estamos distantes da eleição. Com o pretexto de que é preciso unir as chamadas forças progressistas, querem tirar do debate o pensamento mais original e contestador, que é o do Ciro. Além de arrogante e autoritário, isso é extremamente nocivo para a sociedade.

Como o sr. avalia a ascensão da agenda identitária na política brasileira?

Como uma tragédia que tem dividido os pobres, o povo e o País. Na minha juventude entrei em um partido de esquerda que tinha ideologia. Não existe mais a ideologia, o que existe é a biologia. Ideologia é mudar a sociedade para todos. O País está dividido entre pretos e brancos, homens e mulheres e orientação sexual. Ou seja: pelos critérios dos indivíduos e não dos interesses coletivos. Nas batalhas identitárias, os direitos individuais são mais importantes que os coletivos.

Por isso deixou o PCdoB?

Essa foi uma das razões. Eu estava lá desde a minha juventude. Eu via que havia uma crescente tensão em torno dessa agenda com a qual eu não tinha identidade.

O sr. foi ministro da Defesa do presidente Lula. Como avalia a relação que o presidente Jair Bolsonaro tem com as Forças Armadas e o papel que ela cumpre na administração federal? Como era na sua época?

A relação do presidente Bolsonaro com as Forças Armadas desde quando era deputado era carregada de ambiguidade, unidade e conflito. Ele era muito querido pelos soldados, praças, sargentos e taifeiros. Exercia uma espécie de sindicalismo. Mas a relação com a hierarquia era muito complicada. O sindicalismo nas Forças Armadas é incompatível com a hierarquia e disciplina. Depois que Bolsonaro assumiu a função de presidente, ele tentou usufruir do prestígio das Forças Armadas. Não vejo problema em levar militares para o governo. Ele levou gente muito competente, como Silva e Luna, general que foi secretário-geral do Ministério da Defesa no meu tempo. O almirante Bento (Albuquerque) para Minas e Energia, que é um servidor público de alta qualidade. O problema foi tentar usar esse prestígio para fins políticos. Ele chegou a demitir sem razão aparente os três comandantes das Forças Armadas.

Aldo Rebelo (o segundo da esquerda para a direita), à época à frente da liderança do governo na Câmara, se reúne com líderes de partidos aliados, a cúpula do Congresso e o presidente Lula, no Palácio do Planalto, em março de 2003. Foto: Ed Ferreira/AE

O que achou da entrada dos militares no debate sobre urnas eletrônicas?

Não tem inocente nessa narrativa. Por que o TSE foi convidar as Forças Armadas para se meter em um assunto que não é da sua esfera? Isso nunca foi assunto do Executivo. O primeiro grave erro foi o TSE convocar as Forças Armadas. Além de convocar ainda pediu um parecer. Por que colocou o Exército no meio do debate? Se você convidar o Ministério da Defesa está convidando o presidente da República, que é um desafeto da urna eletrônica. Essa comédia de erros começa com o TSE e encontra um coadjuvante à altura, que é a Defesa.

Vê risco de golpe ou uma situação como a que houve no Capitólio nos EUA?

Não vejo, sinceramente. Quem está interessado em dar um golpe no Brasil? As Forças Armadas? Os meios empresariais? A mídia? A CNBB? A Embaixada Americana? Estou falando de quem apoiou o golpe de 1964. Nenhum deles apoia hoje.

Se for eleito, vai fazer oposição sistemática a Lula ou a Bolsonaro?

Não faço oposição sistemática a ninguém. Não fiz a FHC, Itamar e Collor.

Existem convergências no discurso do Bolsonaro sobre a Amazônia e o seu?

Claro que sim. A defesa da soberania da Amazônia. Infelizmente as forças progressistas relativizam muito. Tem gente que defende a internacionalização da Amazônia. Tem uma tal de internacional progressista que desembarcou no Brasil. O presidente Bolsonaro percebeu que o discurso de defesa da Amazônia diz respeito aos nacionalistas do Brasil.

O sr. vê mais algum ponto positivo em relação ao Bolsonaro?

Tem de perguntar para o eleitor. Você acha que o presidente tem esse apoio pelo que tem de negativo? O povo não apoia nada de negativo. O Bolsonaro tem esse apoio porque é associado à defesa da família, das cores nacionais, da bandeira, do nacionalismo, verde amarelo e da religião. E o Lula é associado à proteção dos mais pobres.

Bolsonaro usa a bandeira e as cores do Brasil para fazer campanha. Como nacionalista, o que o sr. acha disso?

Uma tragédia. Acho criminoso um presidente da República usar a data magna do País, que é o 7 de setembro, como um comício da sua facção política. E no outro dia bate continência para a bandeira americana.

Quais serão suas bandeiras e a sua agenda se vencer a eleição para o Senado?

A agenda de São Paulo é a agenda do Brasil. O problema da desindustrialização é do Brasil, mas é de São Paulo. A reforma tributária diz respeito principalmente ao Estado que mais arrecada e paga impostos.

Defende uma reforma tributária?

Claro que sim. Quando eu era líder do governo Lula fechamos um acordo, mas, por irresponsabilidade de alguns, essa reforma não pode ser votada na sua etapa final. Nós redistribuímos o ICMS, que é o imposto da discórdia.

Depois de presidir a Câmara dos Deputados e ocupar vários ministérios na gestão de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) - Defesa, Esporte e Ciência e Tecnologia - Aldo Rebelo deixou o PCdoB e entrou no PDT, partido pelo qual vai disputar uma cadeira no Senado por São Paulo.

Na última pesquisa divulgada pela Quaest, ele aparece com 3% das intenções de voto, atrás de Márcio França (PSB), com 29%, Marcos Pontes (PL), com 12%, e Janaína Paschoal (PRTB), com 10%.

Nesta entrevista ao Estadão, parte da série com os principais concorrentes ao Senado, Rebelo, que também foi líder do governo petista na Câmara, adotou um tom crítico a Lula, a quem define hoje como uma “incógnita”: “Você não sabe exatamente o que vem do governo dele. Mesmo em 2003, o grupo que foi conduzir a economia não foi o mesmo que participou dos debates e da formulação do programa econômico”.

Na contramão de boa parte dos partidos de esquerda, Rebelo disse que a agenda identitária “é uma tragédia que divide o povo”. Na condição de ex-ministro da Defesa e de quem mantém boa interlocução com os militares, ele define como uma “comédia de erros” o papel que as Forças Armadas exercem hoje junto à Justiça Eleitoral. “O primeiro grave erro foi o TSE convocar as Forças Armadas. Além de convocar ainda pediu um parecer. Por que colocou o Exército no meio do debate?”, questionou. A seguir, os principais trechos da entrevista:

O senhor está no PDT do Ciro Gomes. Como avalia essa narrativa dura que ele adotou contra Lula e o PT?

O Ciro tem uma crítica ao PT cuja origem está na eleição de 2018. As pesquisas indicavam que ele teria todas as condições de ganhar as eleições, mas o PT optou por um caminho próprio de lançar um candidato próprio (Fernando Haddad) que terminou derrotado. E criou-se no País essa situação. Além disso, ele se propõe a ser uma alternativa ao PT. Isso exige que Ciro construa uma opinião muito crítica. No plano econômico há uma posição de conciliação do PT com o sistema financeiro. Ciro também tem uma posição muito crítica em relação à corrupção e à ideia de que a eleição é de rejeições.

O candidato do PDT ao Senado em São Paulo, Aldo Rebelo: "O Brasil hoje com essa agenda de 2003 é uma promessa de crise social, econômica e política". Foto: Marcelo Chello/Estadão

O sr. concorda com essas críticas?

Não na forma, mas em relação à economia eu concordo no conteúdo. No Brasil, você pode construir uma aliança vitoriosa entregando a economia à Faria Lima, as áreas sociais do governo aos grupos identitários e a Amazônia às ONGs, mas isso torna o País ingovernável.

O ex-presidente Lula defende essa agenda?

O Lula, quando venceu a primeira vez, fez um governo de conciliação. Colocou o Henrique Meirelles no Banco Central, o (Antonio) Palocci fez uma agenda próxima à do mercado, e o meio ambiente ele entregou às ONGs. Isso naquela situação tornou o País governável. Mas a situação hoje é muito distinta daquela. O Brasil hoje com essa agenda de 2003 é uma promessa de crise social, econômica e política.

Confira destaques da entrevista:

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Nesta entrevista ao Estadão, Rebelo adotou um tom crítico a Lula, que para ele hoje é uma "incógnita", e na contramão dos partidos de esquerda disse que a agend

O sr. acha então que o Lula de hoje está fazendo uma agenda para a Faria Lima?

O Lula de hoje é uma incógnita. Você não sabe exatamente o que virá do governo dele. Mesmo em 2003, o grupo que foi conduzir a economia não foi o mesmo que participou dos debates e da formulação do programa econômico. Há quem diga até que o próprio Meirelles foi uma alternativa ao nome do Banco Central que vinha do governo Fernando Henrique e não teria aceitado o convite. Há evidentemente uma aproximação (do Lula) com esse setor das finanças e da Faria Lima. Isso é muito negativo. Temos de conviver com essa agenda, mas não podemos entregar a ponte de comando do navio a esse setor da economia.

Como o sr. avalia as críticas de parte da esquerda ao Ciro e ao PDT por dividir esse campo em vez de compor uma frente ampla contra Jair Bolsonaro?

Dividir o quê? Estamos distantes da eleição. Com o pretexto de que é preciso unir as chamadas forças progressistas, querem tirar do debate o pensamento mais original e contestador, que é o do Ciro. Além de arrogante e autoritário, isso é extremamente nocivo para a sociedade.

Como o sr. avalia a ascensão da agenda identitária na política brasileira?

Como uma tragédia que tem dividido os pobres, o povo e o País. Na minha juventude entrei em um partido de esquerda que tinha ideologia. Não existe mais a ideologia, o que existe é a biologia. Ideologia é mudar a sociedade para todos. O País está dividido entre pretos e brancos, homens e mulheres e orientação sexual. Ou seja: pelos critérios dos indivíduos e não dos interesses coletivos. Nas batalhas identitárias, os direitos individuais são mais importantes que os coletivos.

Por isso deixou o PCdoB?

Essa foi uma das razões. Eu estava lá desde a minha juventude. Eu via que havia uma crescente tensão em torno dessa agenda com a qual eu não tinha identidade.

O sr. foi ministro da Defesa do presidente Lula. Como avalia a relação que o presidente Jair Bolsonaro tem com as Forças Armadas e o papel que ela cumpre na administração federal? Como era na sua época?

A relação do presidente Bolsonaro com as Forças Armadas desde quando era deputado era carregada de ambiguidade, unidade e conflito. Ele era muito querido pelos soldados, praças, sargentos e taifeiros. Exercia uma espécie de sindicalismo. Mas a relação com a hierarquia era muito complicada. O sindicalismo nas Forças Armadas é incompatível com a hierarquia e disciplina. Depois que Bolsonaro assumiu a função de presidente, ele tentou usufruir do prestígio das Forças Armadas. Não vejo problema em levar militares para o governo. Ele levou gente muito competente, como Silva e Luna, general que foi secretário-geral do Ministério da Defesa no meu tempo. O almirante Bento (Albuquerque) para Minas e Energia, que é um servidor público de alta qualidade. O problema foi tentar usar esse prestígio para fins políticos. Ele chegou a demitir sem razão aparente os três comandantes das Forças Armadas.

Aldo Rebelo (o segundo da esquerda para a direita), à época à frente da liderança do governo na Câmara, se reúne com líderes de partidos aliados, a cúpula do Congresso e o presidente Lula, no Palácio do Planalto, em março de 2003. Foto: Ed Ferreira/AE

O que achou da entrada dos militares no debate sobre urnas eletrônicas?

Não tem inocente nessa narrativa. Por que o TSE foi convidar as Forças Armadas para se meter em um assunto que não é da sua esfera? Isso nunca foi assunto do Executivo. O primeiro grave erro foi o TSE convocar as Forças Armadas. Além de convocar ainda pediu um parecer. Por que colocou o Exército no meio do debate? Se você convidar o Ministério da Defesa está convidando o presidente da República, que é um desafeto da urna eletrônica. Essa comédia de erros começa com o TSE e encontra um coadjuvante à altura, que é a Defesa.

Vê risco de golpe ou uma situação como a que houve no Capitólio nos EUA?

Não vejo, sinceramente. Quem está interessado em dar um golpe no Brasil? As Forças Armadas? Os meios empresariais? A mídia? A CNBB? A Embaixada Americana? Estou falando de quem apoiou o golpe de 1964. Nenhum deles apoia hoje.

Se for eleito, vai fazer oposição sistemática a Lula ou a Bolsonaro?

Não faço oposição sistemática a ninguém. Não fiz a FHC, Itamar e Collor.

Existem convergências no discurso do Bolsonaro sobre a Amazônia e o seu?

Claro que sim. A defesa da soberania da Amazônia. Infelizmente as forças progressistas relativizam muito. Tem gente que defende a internacionalização da Amazônia. Tem uma tal de internacional progressista que desembarcou no Brasil. O presidente Bolsonaro percebeu que o discurso de defesa da Amazônia diz respeito aos nacionalistas do Brasil.

O sr. vê mais algum ponto positivo em relação ao Bolsonaro?

Tem de perguntar para o eleitor. Você acha que o presidente tem esse apoio pelo que tem de negativo? O povo não apoia nada de negativo. O Bolsonaro tem esse apoio porque é associado à defesa da família, das cores nacionais, da bandeira, do nacionalismo, verde amarelo e da religião. E o Lula é associado à proteção dos mais pobres.

Bolsonaro usa a bandeira e as cores do Brasil para fazer campanha. Como nacionalista, o que o sr. acha disso?

Uma tragédia. Acho criminoso um presidente da República usar a data magna do País, que é o 7 de setembro, como um comício da sua facção política. E no outro dia bate continência para a bandeira americana.

Quais serão suas bandeiras e a sua agenda se vencer a eleição para o Senado?

A agenda de São Paulo é a agenda do Brasil. O problema da desindustrialização é do Brasil, mas é de São Paulo. A reforma tributária diz respeito principalmente ao Estado que mais arrecada e paga impostos.

Defende uma reforma tributária?

Claro que sim. Quando eu era líder do governo Lula fechamos um acordo, mas, por irresponsabilidade de alguns, essa reforma não pode ser votada na sua etapa final. Nós redistribuímos o ICMS, que é o imposto da discórdia.

Depois de presidir a Câmara dos Deputados e ocupar vários ministérios na gestão de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) - Defesa, Esporte e Ciência e Tecnologia - Aldo Rebelo deixou o PCdoB e entrou no PDT, partido pelo qual vai disputar uma cadeira no Senado por São Paulo.

Na última pesquisa divulgada pela Quaest, ele aparece com 3% das intenções de voto, atrás de Márcio França (PSB), com 29%, Marcos Pontes (PL), com 12%, e Janaína Paschoal (PRTB), com 10%.

Nesta entrevista ao Estadão, parte da série com os principais concorrentes ao Senado, Rebelo, que também foi líder do governo petista na Câmara, adotou um tom crítico a Lula, a quem define hoje como uma “incógnita”: “Você não sabe exatamente o que vem do governo dele. Mesmo em 2003, o grupo que foi conduzir a economia não foi o mesmo que participou dos debates e da formulação do programa econômico”.

Na contramão de boa parte dos partidos de esquerda, Rebelo disse que a agenda identitária “é uma tragédia que divide o povo”. Na condição de ex-ministro da Defesa e de quem mantém boa interlocução com os militares, ele define como uma “comédia de erros” o papel que as Forças Armadas exercem hoje junto à Justiça Eleitoral. “O primeiro grave erro foi o TSE convocar as Forças Armadas. Além de convocar ainda pediu um parecer. Por que colocou o Exército no meio do debate?”, questionou. A seguir, os principais trechos da entrevista:

O senhor está no PDT do Ciro Gomes. Como avalia essa narrativa dura que ele adotou contra Lula e o PT?

O Ciro tem uma crítica ao PT cuja origem está na eleição de 2018. As pesquisas indicavam que ele teria todas as condições de ganhar as eleições, mas o PT optou por um caminho próprio de lançar um candidato próprio (Fernando Haddad) que terminou derrotado. E criou-se no País essa situação. Além disso, ele se propõe a ser uma alternativa ao PT. Isso exige que Ciro construa uma opinião muito crítica. No plano econômico há uma posição de conciliação do PT com o sistema financeiro. Ciro também tem uma posição muito crítica em relação à corrupção e à ideia de que a eleição é de rejeições.

O candidato do PDT ao Senado em São Paulo, Aldo Rebelo: "O Brasil hoje com essa agenda de 2003 é uma promessa de crise social, econômica e política". Foto: Marcelo Chello/Estadão

O sr. concorda com essas críticas?

Não na forma, mas em relação à economia eu concordo no conteúdo. No Brasil, você pode construir uma aliança vitoriosa entregando a economia à Faria Lima, as áreas sociais do governo aos grupos identitários e a Amazônia às ONGs, mas isso torna o País ingovernável.

O ex-presidente Lula defende essa agenda?

O Lula, quando venceu a primeira vez, fez um governo de conciliação. Colocou o Henrique Meirelles no Banco Central, o (Antonio) Palocci fez uma agenda próxima à do mercado, e o meio ambiente ele entregou às ONGs. Isso naquela situação tornou o País governável. Mas a situação hoje é muito distinta daquela. O Brasil hoje com essa agenda de 2003 é uma promessa de crise social, econômica e política.

Confira destaques da entrevista:

Seu navegador não suporta esse video.

Nesta entrevista ao Estadão, Rebelo adotou um tom crítico a Lula, que para ele hoje é uma "incógnita", e na contramão dos partidos de esquerda disse que a agend

O sr. acha então que o Lula de hoje está fazendo uma agenda para a Faria Lima?

O Lula de hoje é uma incógnita. Você não sabe exatamente o que virá do governo dele. Mesmo em 2003, o grupo que foi conduzir a economia não foi o mesmo que participou dos debates e da formulação do programa econômico. Há quem diga até que o próprio Meirelles foi uma alternativa ao nome do Banco Central que vinha do governo Fernando Henrique e não teria aceitado o convite. Há evidentemente uma aproximação (do Lula) com esse setor das finanças e da Faria Lima. Isso é muito negativo. Temos de conviver com essa agenda, mas não podemos entregar a ponte de comando do navio a esse setor da economia.

Como o sr. avalia as críticas de parte da esquerda ao Ciro e ao PDT por dividir esse campo em vez de compor uma frente ampla contra Jair Bolsonaro?

Dividir o quê? Estamos distantes da eleição. Com o pretexto de que é preciso unir as chamadas forças progressistas, querem tirar do debate o pensamento mais original e contestador, que é o do Ciro. Além de arrogante e autoritário, isso é extremamente nocivo para a sociedade.

Como o sr. avalia a ascensão da agenda identitária na política brasileira?

Como uma tragédia que tem dividido os pobres, o povo e o País. Na minha juventude entrei em um partido de esquerda que tinha ideologia. Não existe mais a ideologia, o que existe é a biologia. Ideologia é mudar a sociedade para todos. O País está dividido entre pretos e brancos, homens e mulheres e orientação sexual. Ou seja: pelos critérios dos indivíduos e não dos interesses coletivos. Nas batalhas identitárias, os direitos individuais são mais importantes que os coletivos.

Por isso deixou o PCdoB?

Essa foi uma das razões. Eu estava lá desde a minha juventude. Eu via que havia uma crescente tensão em torno dessa agenda com a qual eu não tinha identidade.

O sr. foi ministro da Defesa do presidente Lula. Como avalia a relação que o presidente Jair Bolsonaro tem com as Forças Armadas e o papel que ela cumpre na administração federal? Como era na sua época?

A relação do presidente Bolsonaro com as Forças Armadas desde quando era deputado era carregada de ambiguidade, unidade e conflito. Ele era muito querido pelos soldados, praças, sargentos e taifeiros. Exercia uma espécie de sindicalismo. Mas a relação com a hierarquia era muito complicada. O sindicalismo nas Forças Armadas é incompatível com a hierarquia e disciplina. Depois que Bolsonaro assumiu a função de presidente, ele tentou usufruir do prestígio das Forças Armadas. Não vejo problema em levar militares para o governo. Ele levou gente muito competente, como Silva e Luna, general que foi secretário-geral do Ministério da Defesa no meu tempo. O almirante Bento (Albuquerque) para Minas e Energia, que é um servidor público de alta qualidade. O problema foi tentar usar esse prestígio para fins políticos. Ele chegou a demitir sem razão aparente os três comandantes das Forças Armadas.

Aldo Rebelo (o segundo da esquerda para a direita), à época à frente da liderança do governo na Câmara, se reúne com líderes de partidos aliados, a cúpula do Congresso e o presidente Lula, no Palácio do Planalto, em março de 2003. Foto: Ed Ferreira/AE

O que achou da entrada dos militares no debate sobre urnas eletrônicas?

Não tem inocente nessa narrativa. Por que o TSE foi convidar as Forças Armadas para se meter em um assunto que não é da sua esfera? Isso nunca foi assunto do Executivo. O primeiro grave erro foi o TSE convocar as Forças Armadas. Além de convocar ainda pediu um parecer. Por que colocou o Exército no meio do debate? Se você convidar o Ministério da Defesa está convidando o presidente da República, que é um desafeto da urna eletrônica. Essa comédia de erros começa com o TSE e encontra um coadjuvante à altura, que é a Defesa.

Vê risco de golpe ou uma situação como a que houve no Capitólio nos EUA?

Não vejo, sinceramente. Quem está interessado em dar um golpe no Brasil? As Forças Armadas? Os meios empresariais? A mídia? A CNBB? A Embaixada Americana? Estou falando de quem apoiou o golpe de 1964. Nenhum deles apoia hoje.

Se for eleito, vai fazer oposição sistemática a Lula ou a Bolsonaro?

Não faço oposição sistemática a ninguém. Não fiz a FHC, Itamar e Collor.

Existem convergências no discurso do Bolsonaro sobre a Amazônia e o seu?

Claro que sim. A defesa da soberania da Amazônia. Infelizmente as forças progressistas relativizam muito. Tem gente que defende a internacionalização da Amazônia. Tem uma tal de internacional progressista que desembarcou no Brasil. O presidente Bolsonaro percebeu que o discurso de defesa da Amazônia diz respeito aos nacionalistas do Brasil.

O sr. vê mais algum ponto positivo em relação ao Bolsonaro?

Tem de perguntar para o eleitor. Você acha que o presidente tem esse apoio pelo que tem de negativo? O povo não apoia nada de negativo. O Bolsonaro tem esse apoio porque é associado à defesa da família, das cores nacionais, da bandeira, do nacionalismo, verde amarelo e da religião. E o Lula é associado à proteção dos mais pobres.

Bolsonaro usa a bandeira e as cores do Brasil para fazer campanha. Como nacionalista, o que o sr. acha disso?

Uma tragédia. Acho criminoso um presidente da República usar a data magna do País, que é o 7 de setembro, como um comício da sua facção política. E no outro dia bate continência para a bandeira americana.

Quais serão suas bandeiras e a sua agenda se vencer a eleição para o Senado?

A agenda de São Paulo é a agenda do Brasil. O problema da desindustrialização é do Brasil, mas é de São Paulo. A reforma tributária diz respeito principalmente ao Estado que mais arrecada e paga impostos.

Defende uma reforma tributária?

Claro que sim. Quando eu era líder do governo Lula fechamos um acordo, mas, por irresponsabilidade de alguns, essa reforma não pode ser votada na sua etapa final. Nós redistribuímos o ICMS, que é o imposto da discórdia.

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