Franca pode repetir cenário da capital com PT apoiando PSOL contra prefeito do MDB


Segundo dirigentes partidários, formação de uma aliança entre PT e PSOL pode assegurar uma vaga no segundo turno

Por Zeca Ferreira
Atualização:

Partidos de esquerda planejam formar uma frente única na disputa pela Prefeitura de Franca, localizada a 395 km da cidade de São Paulo, nas eleições municipais de 2024. Segundo dirigentes partidários, a formação de uma aliança entre o PT e o PSOL pode assegurar uma vaga no segundo turno contra o prefeito da cidade e candidato à reeleição, Alexandre Ferreira (MDB). O emedebista lidera as pesquisas de intenção de voto, enquanto candidatos de esquerda aparecem a partir da terceira posição.

O deputado estadual Guilherme Cortez (PSOL) é um dos mais cotados para liderar a possível frente única na corrida pela Prefeitura. Caso isso ocorra, o cenário eleitoral em Franca terá elementos similares aos da capital paulista, no qual um candidato do PSOL é apoiado pelo PT contra um prefeito do MDB que busca a reeleição. Porém, as semelhanças param por aí. Diferente de São Paulo, onde Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Fernando Haddad (PT) venceram nas eleições do ano passado, Franca é uma cidade de direita, mostram as estatísticas eleitorais.

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Franca pode repetir elementos da capital paulista durante eleições municipais em 2024 Foto: Prefeitura de Franca

Com 353 mil habitantes e orçamento de R$ 1,3 bilhão, Franca elegeu apenas um prefeito de esquerda desde 2000, com a vitória de Gilmar Dominici (PT) naquele ano. De lá para cá, a cidade foi governada somente por partidos de direita, com destaque aos 12 anos sob a administração do PSDB. O resultado das eleições gerais de 2022 reforça a vocação mais à direita da cidade, com Jair Bolsonaro (PL) e Tarcísio de Freitas (Republicanos) registrando 64% e 63% dos votos válidos, respectivamente.

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Cláudio Couto, cientista político e professor da Fundação Getulio Vargas (FGV), conta que a tendência mais à direita observada em Franca é explicada, em parte, pela força do agronegócio na região, que é um setor tradicionalmente conservador. Além disso, esclarece que o declínio da indústria de sapatos na cidade é outro fator que colabora com esse fenômeno. “É comum que regiões que perderam relevância econômica sofram uma guinada conservadora. Franca era a capital do couro, mas sofreu muito com a China”.

Esquerda aposta em frente única para quebrar hegemonia

Apesar de um histórico desfavorável à esquerda em Franca, Guilherme Cortez avalia que o campo progressista está avançando na cidade. Como exemplo, o parlamentar cita que, em 2020, foi o quarto vereador mais votado do município, embora não tenha sido eleito devido ao quociente partidário, e que, em 2022, foi eleito deputado estadual com 45 mil votos, sendo o primeiro parlamentar de esquerda a representar a região de Franca na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). “Esse processo simboliza um movimento da esquerda voltar a ocupar um terreno político na cidade”, afirma.

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“Nós defendemos que os partidos de esquerda formem uma frente única na eleição do ano que vem. Na nossa visão, essa frente é o caminho que vai oferecer as melhores condições para a esquerda disputar as eleições em pé de igualdade [com a direita]. Meu nome está à disposição desse projeto, mas a nossa prioridade é conseguir fazer isso não só a nível do PSOL, mas de todos esses partidos [como PT, PCdoB, PV e PDT]”, diz Cortez.

Embora o nome do deputado seja apontado como uma das opções para liderar essa frente única, ele não é consenso entre os partidos que estão negociando a aliança. Outros nomes cotados para encabeçar a chapa desse frente única são os de Gilson Pelizaro (PT), único vereador de esquerda da Câmara Municipal de Franca, e Rafael Bruxellas (PT), candidato do partido na eleição municipal de 2020 e que hoje atua com o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, em Brasília.

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Integrantes do PT esclarecem que o partido busca compor uma aliança ampla para 2024, porém ainda não determinou quem a representará. A meta do partido é alcançar o segundo turno e fortalecer a Câmara com candidatos representativos.

Busca pelo segundo turno

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Para chegar no segundo turno, o candidato da esquerda precisará bater a empresária Flávia Lancha (PSD), que aparece como segunda colocada nas pesquisas de intenção de voto. De acordo com um levantamento do instituto Paraná Pesquisas feito em agosto, Flávia tem 15,5% das intenções de votos, seguida pelo prefeito Alexandre Ferreira (34,7%). Os petistas Rafael Bruxelas e Gilson Pelizaro têm 5,8% e 5,1%, cada um. O deputado Guilherme Cortez não foi considerado nessa pesquisa, porém aparece em terceiro lugar, com 5,4%, em outro levantamento elaborado pelo Instituto Ágili.

Neste contexto, a avaliação dos partidos de esquerda é de que, com a formação de uma frente única, o bloco vai conseguir ultrapassar Flávia e garantir um lugar na segunda etapa da eleição. Eles ainda consideram que, apesar do piso alto, entre 14% e 15% dos votos, a empresária não será capaz de vencer o atual prefeito. Uma vez no segundo turno, a frente única planeja polarizar com Ferreira, que perdeu parte de sua base de apoio desde a última eleição, sobretudo entre empresários da cidade e aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Do outro lado, o Paraná Pesquisas mostra que a administração do prefeito é aprovada por 65,6% da população.

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Natural de Franca, Alexandre Ferreira é servidor público na cidade desde 1992, além disso foi secretário da Saúde e diretor da Vigilância Sanitária no município. Em 2012, foi eleito prefeito pelo PSDB com quase 60% dos votos válidos. Porém, não disputou a reeleição, já que o partido optou pelo também ex-prefeito Sidnei Rocha, que foi derrotado no segundo turno. Após o episódio, ele deixou o partido. Em 2018, foi candidato a deputado federal pelo Solidariedade, mas não se elegeu, e se transferiu para o MDB, legenda pela qual disputou e venceu a eleição de 2020.

Atualmente, o prefeito de Franca está em busca do apoio dos bolsonaristas, embora evite uma associação direta com a imagem do ex-presidente. Ao mesmo tempo, ele compartilha com frequência fotos ao lado do governador do Estado, Tarcísio de Freitas, em busca de apoio para a eleição do próximo ano. Além disso, parte de sua estratégia política visa reduzir o número de candidaturas nas eleições, a fim de conquistar a vitória no primeiro turno.

Partidos de esquerda planejam formar uma frente única na disputa pela Prefeitura de Franca, localizada a 395 km da cidade de São Paulo, nas eleições municipais de 2024. Segundo dirigentes partidários, a formação de uma aliança entre o PT e o PSOL pode assegurar uma vaga no segundo turno contra o prefeito da cidade e candidato à reeleição, Alexandre Ferreira (MDB). O emedebista lidera as pesquisas de intenção de voto, enquanto candidatos de esquerda aparecem a partir da terceira posição.

O deputado estadual Guilherme Cortez (PSOL) é um dos mais cotados para liderar a possível frente única na corrida pela Prefeitura. Caso isso ocorra, o cenário eleitoral em Franca terá elementos similares aos da capital paulista, no qual um candidato do PSOL é apoiado pelo PT contra um prefeito do MDB que busca a reeleição. Porém, as semelhanças param por aí. Diferente de São Paulo, onde Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Fernando Haddad (PT) venceram nas eleições do ano passado, Franca é uma cidade de direita, mostram as estatísticas eleitorais.

Franca pode repetir elementos da capital paulista durante eleições municipais em 2024 Foto: Prefeitura de Franca

Com 353 mil habitantes e orçamento de R$ 1,3 bilhão, Franca elegeu apenas um prefeito de esquerda desde 2000, com a vitória de Gilmar Dominici (PT) naquele ano. De lá para cá, a cidade foi governada somente por partidos de direita, com destaque aos 12 anos sob a administração do PSDB. O resultado das eleições gerais de 2022 reforça a vocação mais à direita da cidade, com Jair Bolsonaro (PL) e Tarcísio de Freitas (Republicanos) registrando 64% e 63% dos votos válidos, respectivamente.

Cláudio Couto, cientista político e professor da Fundação Getulio Vargas (FGV), conta que a tendência mais à direita observada em Franca é explicada, em parte, pela força do agronegócio na região, que é um setor tradicionalmente conservador. Além disso, esclarece que o declínio da indústria de sapatos na cidade é outro fator que colabora com esse fenômeno. “É comum que regiões que perderam relevância econômica sofram uma guinada conservadora. Franca era a capital do couro, mas sofreu muito com a China”.

Esquerda aposta em frente única para quebrar hegemonia

Apesar de um histórico desfavorável à esquerda em Franca, Guilherme Cortez avalia que o campo progressista está avançando na cidade. Como exemplo, o parlamentar cita que, em 2020, foi o quarto vereador mais votado do município, embora não tenha sido eleito devido ao quociente partidário, e que, em 2022, foi eleito deputado estadual com 45 mil votos, sendo o primeiro parlamentar de esquerda a representar a região de Franca na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). “Esse processo simboliza um movimento da esquerda voltar a ocupar um terreno político na cidade”, afirma.

“Nós defendemos que os partidos de esquerda formem uma frente única na eleição do ano que vem. Na nossa visão, essa frente é o caminho que vai oferecer as melhores condições para a esquerda disputar as eleições em pé de igualdade [com a direita]. Meu nome está à disposição desse projeto, mas a nossa prioridade é conseguir fazer isso não só a nível do PSOL, mas de todos esses partidos [como PT, PCdoB, PV e PDT]”, diz Cortez.

Embora o nome do deputado seja apontado como uma das opções para liderar essa frente única, ele não é consenso entre os partidos que estão negociando a aliança. Outros nomes cotados para encabeçar a chapa desse frente única são os de Gilson Pelizaro (PT), único vereador de esquerda da Câmara Municipal de Franca, e Rafael Bruxellas (PT), candidato do partido na eleição municipal de 2020 e que hoje atua com o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, em Brasília.

Integrantes do PT esclarecem que o partido busca compor uma aliança ampla para 2024, porém ainda não determinou quem a representará. A meta do partido é alcançar o segundo turno e fortalecer a Câmara com candidatos representativos.

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Para chegar no segundo turno, o candidato da esquerda precisará bater a empresária Flávia Lancha (PSD), que aparece como segunda colocada nas pesquisas de intenção de voto. De acordo com um levantamento do instituto Paraná Pesquisas feito em agosto, Flávia tem 15,5% das intenções de votos, seguida pelo prefeito Alexandre Ferreira (34,7%). Os petistas Rafael Bruxelas e Gilson Pelizaro têm 5,8% e 5,1%, cada um. O deputado Guilherme Cortez não foi considerado nessa pesquisa, porém aparece em terceiro lugar, com 5,4%, em outro levantamento elaborado pelo Instituto Ágili.

Neste contexto, a avaliação dos partidos de esquerda é de que, com a formação de uma frente única, o bloco vai conseguir ultrapassar Flávia e garantir um lugar na segunda etapa da eleição. Eles ainda consideram que, apesar do piso alto, entre 14% e 15% dos votos, a empresária não será capaz de vencer o atual prefeito. Uma vez no segundo turno, a frente única planeja polarizar com Ferreira, que perdeu parte de sua base de apoio desde a última eleição, sobretudo entre empresários da cidade e aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Do outro lado, o Paraná Pesquisas mostra que a administração do prefeito é aprovada por 65,6% da população.

Natural de Franca, Alexandre Ferreira é servidor público na cidade desde 1992, além disso foi secretário da Saúde e diretor da Vigilância Sanitária no município. Em 2012, foi eleito prefeito pelo PSDB com quase 60% dos votos válidos. Porém, não disputou a reeleição, já que o partido optou pelo também ex-prefeito Sidnei Rocha, que foi derrotado no segundo turno. Após o episódio, ele deixou o partido. Em 2018, foi candidato a deputado federal pelo Solidariedade, mas não se elegeu, e se transferiu para o MDB, legenda pela qual disputou e venceu a eleição de 2020.

Atualmente, o prefeito de Franca está em busca do apoio dos bolsonaristas, embora evite uma associação direta com a imagem do ex-presidente. Ao mesmo tempo, ele compartilha com frequência fotos ao lado do governador do Estado, Tarcísio de Freitas, em busca de apoio para a eleição do próximo ano. Além disso, parte de sua estratégia política visa reduzir o número de candidaturas nas eleições, a fim de conquistar a vitória no primeiro turno.

Partidos de esquerda planejam formar uma frente única na disputa pela Prefeitura de Franca, localizada a 395 km da cidade de São Paulo, nas eleições municipais de 2024. Segundo dirigentes partidários, a formação de uma aliança entre o PT e o PSOL pode assegurar uma vaga no segundo turno contra o prefeito da cidade e candidato à reeleição, Alexandre Ferreira (MDB). O emedebista lidera as pesquisas de intenção de voto, enquanto candidatos de esquerda aparecem a partir da terceira posição.

O deputado estadual Guilherme Cortez (PSOL) é um dos mais cotados para liderar a possível frente única na corrida pela Prefeitura. Caso isso ocorra, o cenário eleitoral em Franca terá elementos similares aos da capital paulista, no qual um candidato do PSOL é apoiado pelo PT contra um prefeito do MDB que busca a reeleição. Porém, as semelhanças param por aí. Diferente de São Paulo, onde Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Fernando Haddad (PT) venceram nas eleições do ano passado, Franca é uma cidade de direita, mostram as estatísticas eleitorais.

Franca pode repetir elementos da capital paulista durante eleições municipais em 2024 Foto: Prefeitura de Franca

Com 353 mil habitantes e orçamento de R$ 1,3 bilhão, Franca elegeu apenas um prefeito de esquerda desde 2000, com a vitória de Gilmar Dominici (PT) naquele ano. De lá para cá, a cidade foi governada somente por partidos de direita, com destaque aos 12 anos sob a administração do PSDB. O resultado das eleições gerais de 2022 reforça a vocação mais à direita da cidade, com Jair Bolsonaro (PL) e Tarcísio de Freitas (Republicanos) registrando 64% e 63% dos votos válidos, respectivamente.

Cláudio Couto, cientista político e professor da Fundação Getulio Vargas (FGV), conta que a tendência mais à direita observada em Franca é explicada, em parte, pela força do agronegócio na região, que é um setor tradicionalmente conservador. Além disso, esclarece que o declínio da indústria de sapatos na cidade é outro fator que colabora com esse fenômeno. “É comum que regiões que perderam relevância econômica sofram uma guinada conservadora. Franca era a capital do couro, mas sofreu muito com a China”.

Esquerda aposta em frente única para quebrar hegemonia

Apesar de um histórico desfavorável à esquerda em Franca, Guilherme Cortez avalia que o campo progressista está avançando na cidade. Como exemplo, o parlamentar cita que, em 2020, foi o quarto vereador mais votado do município, embora não tenha sido eleito devido ao quociente partidário, e que, em 2022, foi eleito deputado estadual com 45 mil votos, sendo o primeiro parlamentar de esquerda a representar a região de Franca na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). “Esse processo simboliza um movimento da esquerda voltar a ocupar um terreno político na cidade”, afirma.

“Nós defendemos que os partidos de esquerda formem uma frente única na eleição do ano que vem. Na nossa visão, essa frente é o caminho que vai oferecer as melhores condições para a esquerda disputar as eleições em pé de igualdade [com a direita]. Meu nome está à disposição desse projeto, mas a nossa prioridade é conseguir fazer isso não só a nível do PSOL, mas de todos esses partidos [como PT, PCdoB, PV e PDT]”, diz Cortez.

Embora o nome do deputado seja apontado como uma das opções para liderar essa frente única, ele não é consenso entre os partidos que estão negociando a aliança. Outros nomes cotados para encabeçar a chapa desse frente única são os de Gilson Pelizaro (PT), único vereador de esquerda da Câmara Municipal de Franca, e Rafael Bruxellas (PT), candidato do partido na eleição municipal de 2020 e que hoje atua com o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, em Brasília.

Integrantes do PT esclarecem que o partido busca compor uma aliança ampla para 2024, porém ainda não determinou quem a representará. A meta do partido é alcançar o segundo turno e fortalecer a Câmara com candidatos representativos.

Busca pelo segundo turno

Para chegar no segundo turno, o candidato da esquerda precisará bater a empresária Flávia Lancha (PSD), que aparece como segunda colocada nas pesquisas de intenção de voto. De acordo com um levantamento do instituto Paraná Pesquisas feito em agosto, Flávia tem 15,5% das intenções de votos, seguida pelo prefeito Alexandre Ferreira (34,7%). Os petistas Rafael Bruxelas e Gilson Pelizaro têm 5,8% e 5,1%, cada um. O deputado Guilherme Cortez não foi considerado nessa pesquisa, porém aparece em terceiro lugar, com 5,4%, em outro levantamento elaborado pelo Instituto Ágili.

Neste contexto, a avaliação dos partidos de esquerda é de que, com a formação de uma frente única, o bloco vai conseguir ultrapassar Flávia e garantir um lugar na segunda etapa da eleição. Eles ainda consideram que, apesar do piso alto, entre 14% e 15% dos votos, a empresária não será capaz de vencer o atual prefeito. Uma vez no segundo turno, a frente única planeja polarizar com Ferreira, que perdeu parte de sua base de apoio desde a última eleição, sobretudo entre empresários da cidade e aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Do outro lado, o Paraná Pesquisas mostra que a administração do prefeito é aprovada por 65,6% da população.

Natural de Franca, Alexandre Ferreira é servidor público na cidade desde 1992, além disso foi secretário da Saúde e diretor da Vigilância Sanitária no município. Em 2012, foi eleito prefeito pelo PSDB com quase 60% dos votos válidos. Porém, não disputou a reeleição, já que o partido optou pelo também ex-prefeito Sidnei Rocha, que foi derrotado no segundo turno. Após o episódio, ele deixou o partido. Em 2018, foi candidato a deputado federal pelo Solidariedade, mas não se elegeu, e se transferiu para o MDB, legenda pela qual disputou e venceu a eleição de 2020.

Atualmente, o prefeito de Franca está em busca do apoio dos bolsonaristas, embora evite uma associação direta com a imagem do ex-presidente. Ao mesmo tempo, ele compartilha com frequência fotos ao lado do governador do Estado, Tarcísio de Freitas, em busca de apoio para a eleição do próximo ano. Além disso, parte de sua estratégia política visa reduzir o número de candidaturas nas eleições, a fim de conquistar a vitória no primeiro turno.

Partidos de esquerda planejam formar uma frente única na disputa pela Prefeitura de Franca, localizada a 395 km da cidade de São Paulo, nas eleições municipais de 2024. Segundo dirigentes partidários, a formação de uma aliança entre o PT e o PSOL pode assegurar uma vaga no segundo turno contra o prefeito da cidade e candidato à reeleição, Alexandre Ferreira (MDB). O emedebista lidera as pesquisas de intenção de voto, enquanto candidatos de esquerda aparecem a partir da terceira posição.

O deputado estadual Guilherme Cortez (PSOL) é um dos mais cotados para liderar a possível frente única na corrida pela Prefeitura. Caso isso ocorra, o cenário eleitoral em Franca terá elementos similares aos da capital paulista, no qual um candidato do PSOL é apoiado pelo PT contra um prefeito do MDB que busca a reeleição. Porém, as semelhanças param por aí. Diferente de São Paulo, onde Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Fernando Haddad (PT) venceram nas eleições do ano passado, Franca é uma cidade de direita, mostram as estatísticas eleitorais.

Franca pode repetir elementos da capital paulista durante eleições municipais em 2024 Foto: Prefeitura de Franca

Com 353 mil habitantes e orçamento de R$ 1,3 bilhão, Franca elegeu apenas um prefeito de esquerda desde 2000, com a vitória de Gilmar Dominici (PT) naquele ano. De lá para cá, a cidade foi governada somente por partidos de direita, com destaque aos 12 anos sob a administração do PSDB. O resultado das eleições gerais de 2022 reforça a vocação mais à direita da cidade, com Jair Bolsonaro (PL) e Tarcísio de Freitas (Republicanos) registrando 64% e 63% dos votos válidos, respectivamente.

Cláudio Couto, cientista político e professor da Fundação Getulio Vargas (FGV), conta que a tendência mais à direita observada em Franca é explicada, em parte, pela força do agronegócio na região, que é um setor tradicionalmente conservador. Além disso, esclarece que o declínio da indústria de sapatos na cidade é outro fator que colabora com esse fenômeno. “É comum que regiões que perderam relevância econômica sofram uma guinada conservadora. Franca era a capital do couro, mas sofreu muito com a China”.

Esquerda aposta em frente única para quebrar hegemonia

Apesar de um histórico desfavorável à esquerda em Franca, Guilherme Cortez avalia que o campo progressista está avançando na cidade. Como exemplo, o parlamentar cita que, em 2020, foi o quarto vereador mais votado do município, embora não tenha sido eleito devido ao quociente partidário, e que, em 2022, foi eleito deputado estadual com 45 mil votos, sendo o primeiro parlamentar de esquerda a representar a região de Franca na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). “Esse processo simboliza um movimento da esquerda voltar a ocupar um terreno político na cidade”, afirma.

“Nós defendemos que os partidos de esquerda formem uma frente única na eleição do ano que vem. Na nossa visão, essa frente é o caminho que vai oferecer as melhores condições para a esquerda disputar as eleições em pé de igualdade [com a direita]. Meu nome está à disposição desse projeto, mas a nossa prioridade é conseguir fazer isso não só a nível do PSOL, mas de todos esses partidos [como PT, PCdoB, PV e PDT]”, diz Cortez.

Embora o nome do deputado seja apontado como uma das opções para liderar essa frente única, ele não é consenso entre os partidos que estão negociando a aliança. Outros nomes cotados para encabeçar a chapa desse frente única são os de Gilson Pelizaro (PT), único vereador de esquerda da Câmara Municipal de Franca, e Rafael Bruxellas (PT), candidato do partido na eleição municipal de 2020 e que hoje atua com o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, em Brasília.

Integrantes do PT esclarecem que o partido busca compor uma aliança ampla para 2024, porém ainda não determinou quem a representará. A meta do partido é alcançar o segundo turno e fortalecer a Câmara com candidatos representativos.

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Para chegar no segundo turno, o candidato da esquerda precisará bater a empresária Flávia Lancha (PSD), que aparece como segunda colocada nas pesquisas de intenção de voto. De acordo com um levantamento do instituto Paraná Pesquisas feito em agosto, Flávia tem 15,5% das intenções de votos, seguida pelo prefeito Alexandre Ferreira (34,7%). Os petistas Rafael Bruxelas e Gilson Pelizaro têm 5,8% e 5,1%, cada um. O deputado Guilherme Cortez não foi considerado nessa pesquisa, porém aparece em terceiro lugar, com 5,4%, em outro levantamento elaborado pelo Instituto Ágili.

Neste contexto, a avaliação dos partidos de esquerda é de que, com a formação de uma frente única, o bloco vai conseguir ultrapassar Flávia e garantir um lugar na segunda etapa da eleição. Eles ainda consideram que, apesar do piso alto, entre 14% e 15% dos votos, a empresária não será capaz de vencer o atual prefeito. Uma vez no segundo turno, a frente única planeja polarizar com Ferreira, que perdeu parte de sua base de apoio desde a última eleição, sobretudo entre empresários da cidade e aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Do outro lado, o Paraná Pesquisas mostra que a administração do prefeito é aprovada por 65,6% da população.

Natural de Franca, Alexandre Ferreira é servidor público na cidade desde 1992, além disso foi secretário da Saúde e diretor da Vigilância Sanitária no município. Em 2012, foi eleito prefeito pelo PSDB com quase 60% dos votos válidos. Porém, não disputou a reeleição, já que o partido optou pelo também ex-prefeito Sidnei Rocha, que foi derrotado no segundo turno. Após o episódio, ele deixou o partido. Em 2018, foi candidato a deputado federal pelo Solidariedade, mas não se elegeu, e se transferiu para o MDB, legenda pela qual disputou e venceu a eleição de 2020.

Atualmente, o prefeito de Franca está em busca do apoio dos bolsonaristas, embora evite uma associação direta com a imagem do ex-presidente. Ao mesmo tempo, ele compartilha com frequência fotos ao lado do governador do Estado, Tarcísio de Freitas, em busca de apoio para a eleição do próximo ano. Além disso, parte de sua estratégia política visa reduzir o número de candidaturas nas eleições, a fim de conquistar a vitória no primeiro turno.

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