O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), defendeu nesta quinta-feira, 17, em São Paulo, uma mudança legislativa que proteja a imagem dos ex-presidentes da República. Ele deu a sugestão após ser questionado sobre as investigações que apuram possível venda ilegal de joias por auxiliares de Jair Bolsonaro. Os objetos foram dados de presente a Bolsonaro, mas pertencem ao Estado brasileiro.
“A gente tem que ter uma legislação que não proteja nada de errado, mas que dê uma certa qualidade de vida para qualquer ex-presidente quando deixe a Presidência da República. É assim nós Estados Unidos e nos países mais civilizados”, afirmou Lira durante o ato de filiação ao PP do secretário da Casa Civil de São Paulo, Arthur Lima.
Lira, no entanto, não quis dar detalhes da forma como essa legislação seria aplicada. Limitou-se a dizer que não se tratava de anistia a crimes
“Não tenho ideia. Só acho que o tratamento (que tem sido dado a Bolsonaro) não é o tratamento que seja dado à instituição presidente da República”, disse após lembrar imbróglios do atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, e dos ex-presidentes Michel Temer e Dilma Rousseff com a Justiça.
Lira defende direito de o PP ter ministérios, mas Ciro critica hipótese
Lira também afirmou que o PP tem tanto direito quanto qualquer outro partido de comandar ministérios no governo Lula.
“O governo que se elegeu não elegeu maioria no Congresso Nacional. Como ele vai governar? Não existe meio governo de coalizão ou meio ‘toma lá, dá cá'. Ou é governo de coalizão, ou é ‘toma lá, dá cá'”, disse.
Lira ressaltou, porém, que a decisão de o partido entrar ou não no governo cabe a Lula.
Presidente do partido, o senador Ciro Nogueira (PI), que estava no mesmo evento, foi no caminho contrário. Defendeu que o partido não dê apoio ao governo em troca de cargos e prometeu punição a quem aderir à base do petista.
“Essa forma de governar o país entregando cargos, principalmente estatais, deu errado. Vocês vão ver. Dentro de pouco tempo, vão aparecer os escândalos e, muito pior, o prejuízo para o povo brasileiro.”
Segundo o parlamentar, a divergência entre ele e Lira se deve ao papel institucional do presidente da Câmara. Ele também defendeu que o deputado federal André Fufuca (MA), cotado para assumir uma pasta no governo, será afastado das funções partidárias caso aceite o cargo.
“Nós não fomos votados ao lado deles. Nós não acreditamos neste governo, que cheira a naftalina. Só pensa no passado, só pensa para trás.”
Também afirmou que haverá uma cartilha com pautas inegociáveis para o PP, a exemplo da oposição ao aborto, à descriminalização das drogas e a mudanças na reforma trabalhista.
“Eles serão obrigados a votar de acordo com a determinação da nossa executiva.”