A prefeitura de Ilhabela, no litoral norte de São Paulo, iniciou os testes do projeto Aquabus, um sistema de transporte marítimo que vai ligar as praias da cidade. Três embarcações do tipo catamarã serão usadas para transportar os passageiros.
- O serviço, segundo o município, vai funcionar integrado ao transporte coletivo por ônibus e permitirá o uso do bilhete único. O aquabus não vai interferir na travessia de balsas do município, atualmente operada pelo governo estadual.
O sistema deve começar a operar com duas embarcações que já passaram pelos testes – o terceiro aquabus ainda está finalizando essa fase. Ainda não há data prevista para o início das operações, mas as tarifas já estão definidas, pois serão as mesmas do ônibus. Quem tem o cartão do bilhete único vai pagar R$ 2,10. Já para os passageiros sem o cartão vai valer a tarifa cheia, de R$ 5.
O aquabus deve operar inicialmente entre os píeres da Praia Grande, Barra Velha, Perequê , Engenho D’Água, Vila e Ponte Azeda, além de atender o Centro Histórico.
Outras praias podem ser incluídas no percurso à medida que passarem a dispor de píer para atracação e embarque. Em algumas dessas praias, o acesso por terra é restrito. O percurso completo vai do bairro do Curral, na zona sul, ao bairro da Salga, no extremo norte da ilha.
O plano prevê transformar o aquabus em atração turística, fazendo com que os moradores locais e os visitantes prefiram deixar o carro em casa ao circularem pela ilha. “Com a integração, esperamos que as pessoas usem mais o serviço de ônibus e os aquabus, o que pode aliviar o trânsito, principalmente na temporada”, disse o prefeito Toninho Colucci (PL).
Cada embarcação tem capacidade para 57 passageiros, dispõe de ar condicionado e televisores e, quando em plena operação, juntas devem transportar até 1,5 mil passageiros por dia. Conforme a prefeitura, o sistema será acessível às pessoas com deficiência e mobilidade reduzida.
As duas primeiras embarcações foram batizadas com os nomes de caiçaras que trabalharam no antigo sistema de travessia entre São Sebastião e Ilhabela: Elpidio Sampaio e Edgar Lucio. A terceira, ganhou o nome de Zé de Alício, fundador de escola de samba e atuante nas comunidades locais.
Projeto foi pensado em 2012
O projeto do aquabus foi desenvolvido em 2012, na primeira gestão do atual prefeito Colucci, mas a compra dos barcos só aconteceu em 2015, final da segunda gestão, pelo valor de R$ 4,5 milhões na época. Sem píeres adaptados para o embarque dos passageiros, as embarcações nunca entraram em operação.
Em 2019, o prefeito Márcio Tenório, que sucedeu Colucci, sugeriu a cessão dos barcos à Dersa – Desenvolvimento Rodoviário S.A., para possível aproveitamento na travessia Ilhabela-São Sebastião, mas isso não aconteceu.
A marina onde as três embarcações estavam atracadas, no Rio Juqueriquerê, em Caraguatatuba, acionou a prefeitura para a retirada dos barcos por falta de pagamento. Em 2022, já na terceira gestão de Colucci, um acordo com redução de 50% no valor cobrado pela marina permitiu a recuperação das embarcações.
A reportagem entrou em contato com a assessoria do ex-prefeito e aguarda retorno.
Na capital, inauguração não está definida após operação que mirou o PCC
Em São Paulo, um projeto da prefeitura de transporte hidroviário por meio de aquabus na Represa Billings, na zona sul da capital paulista, chegou a ser suspenso por decisão judicial. A suspensão saiu às vésperas da inauguração do projeto, chamado Aquático-SP, marcada para o dia 27 de março. O Ministério Público de São Paulo alegava falta de estudos de impacto ambiental.
O município entrou com recurso e, no último dia 15, a Justiça liberou o projeto, que havia recebido licença da Cetesb, agência ambiental do Estado de São Paulo. Nesta segunda-feira, 29, a Prefeitura informou que a data de inauguração do serviço ainda não está definida. Segundo o município, o Aquatico-SP irá beneficiar cerca de 380 mil moradores das regiões do Grajaú, Pedreira e Cocaia.
Em meio à disputa judicial, o modal se viu envolvido em outro problema. O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), afirmou que a empresa Transwolff não iria mais administrar o sistema. O anúncio foi feito oito dias depois de a Justiça determinar a intervenção na empresa, alvo da Operação Fim da Linha, e o afastamento de sua direção em razão da acusação de que seus acionistas participarem de uma organização criminosa que lavava dinheiro do Primeiro Comando da Capital (PCC).
“A gente optou por não fazer mais o transporte hidroviário com a empresa Transwolff. Porque estava com a Transwolff? Porque a Transwolff ganhou a licitação daquele território. Então naturalmente passou para eles. Como se a gente fizer uma linha de ônibus nessa área, quem vai operar é a Transwolff. É por região.”, disse Nunes. Mas, segundo o prefeito, em razão das investigações que estão envolvendo a Transwolff e a UPBus, ele decidiu “operar o aquático pela Prefeitura”.
Nunes afirmou que a Procuradoria do Município está verificando qual o caminho legal será adotado para que o Município assuma a operação do sistema. /COLABOROU MARCELO GODOY