O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), afirmou que a empresa Transwolff não vai mais administrar o sistema de ônibus aquáticos na represa Billings, na zona sul de São Paulo. O anúncio foi feito na quarta-feira, 17, oito dias depois de a Justiça determinar a intervenção na empresa, alvo da Operação Fim da Linha, e o afastamento de sua direção em razão da acusação de que seus acionistas participarem de uma organização criminosa que lavava dinheiro do Primeiro Comando da Capital (PCC).
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“A gente optou por não fazer mais o transporte hidroviário com a empresa Transwolff. Porque estava com a Transwolff? Porque a Transwolff ganhou a licitação daquele território. Então naturalmente passou para eles. Como se a gente fizer uma linha de ônibus nessa área, quem vai operar é a Transwolff. É por região.”, disse Nunes. Mas, segundo o prefeito, em razão das investigações que estão envolvendo a Transwolff e a UPBus, ele decidiu “operar o aquático pela Prefeitura”.
Nunes afirmou que a Procuradoria do Município está verificando qual o caminho legal será adotado para que o Município assuma a operação do sistema. “Vou fazer uma requisição administrativa, requerendo o bem (os ônibus aquáticos)? É uma prerrogativa do prefeito. Ou se a gente vai fazer a desapropriação.” De acordo com ele, de toda forma, a Prefeitura de São Paulo é quem vai operar esse modal de transporte. “Eu quero inaugurar o mais rápido possível.”
O prefeito também defendeu o papel da administração na assinatura e manutenção dos contratos com as empresas investigadas. Ele disse que a Transwolff e a UPBus entraram no sistema por meio de contratos emergenciais em 2015 e depois venceram a licitação feita em 2019, antes de sua gestão. “Todos o itens apresentados (exigidos na licitação) foram atendidos pelas empresas, inclusive as certidão da Receita Federal, que participou da Operação (Fim da Linha).”
Nunes lembrou a decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), que liberou o transporte na represa. “Tivemos uma decisão importante do Tribunal de Justiça no domingo, suspendendo a decisão que impedia o serviço.” para ele, prevaleceu o bom senso. No dia 14, o TJ-SP liberou a inauguração do novo modal, o Aquático SP – primeiro transporte hidroviário de São Paulo, que vai operar na represa Billings.
Em março, a Justiça havia barrado o início das viagens diante de possíveis riscos ambientais, a pedido do Ministério Público do Estado (MPE). A liberação do início do serviço havia sido solicitada pela SPTrans. De acordo com a Prefeitura, estudos comprovariam a segurança do ônibus aquático para a represa. Havia ainda parecer técnico favorável da Companhia Ambiental do Estado (Cetesb).
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A linha de ônibus aquático ligará a região de Mar Paulista, em Pedreira, ao Cantinho do Céu, no Grajaú, com a promessa de agilizar o transporte para cerca de 385 mil moradores. O modal deve facilitar o acesso ao Terminal Santo Amaro, um dos gargalos do trânsito. O veículo aquático vinha sendo testado pela gestão Nunes e tinha inauguração planejada para o fim de março, após sucessivos adiamentos, desde 2023.
A direção da Transwolff é suspeita de envolvimento com o PCC. Segundo a denúncia do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), a empresa dirigida por Luiz Carlos Efigênio Pacheco, o “Pandora”, lavou R$ 54 milhões vindos das atividades criminosas da facção. Desde então, a empresa tem informado que não se manifesta, uma vez que a empresa está sob intervenção da administração municipal.
Já a defesa de Pacheco afirmou que o valor injetado na empresa “jamais foi oriundo de organização criminosa”. É o que disse o advogado Roberto Vasco Teixeira Leite, que o defende. Segundo ele, os recursos são “oriundos de capital próprio” e de empréstimos feitos por pessoas jurídicas de uma holding. “Referidos recursos foram utilizados para aquisição dos ativos necessários para a operação”, afirmou. “Pacheco nunca foi membro de organização criminosa.” Pandora está preso e responde a processo com outros nove réus sob as acusações de organização criminosa, lavagem de dinheiro, apropriação indébita e extorsão.
A Transwolff é uma das três maiores empresas de ônibus de São Paulo. Ela tem 1.111 veículos e transporta em média 15 milhões de passageiros por mês. Em 2023, a empresa recebeu R$ 748 milhões em repasses feitos pela Prefeitura de São Paulo.