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Bolsonaro promete enviar projeto contra 'ideologia de gênero' após STF barrar lei municipal

Em 24 de abril, o STF julgou inconstitucional uma lei do município de Novo Gama (GO) que proibia a discussão de gênero nas escolas

Por Emilly Behnke
Atualização:

BRASÍLIA - Depois de o Supremo Tribunal Federal (STF) ter declarado inconstitucional, por unanimidade, uma lei municipal que vetava a discussão de gênero em escolas em Novo Gama (GO), o presidente Jair Bolsonaro prometeu enviar ao Congresso Nacional um projeto de lei federal com teor semelhante.

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Em 24 de abril, os 11 ministros da Corte votaram contra uma lei de Novo Gama sobre a chamada "ideologia de gênero". A expressão é usada por grupos conservadores e religiosos contrários ao debate sobre diversidade sexual e identidade de gênero.

Nesta terça-feira 12, pouco antes de participar de cerimônia de hasteamento da bandeira nacional em frente ao Palácio da Alvorada, em Brasília, Bolsonaro conversou com o padre Pedro Stepien, que é um apoiador do mandatário, e com um grupo de crianças trazidas pelo religioso. Todos estavam usando máscaras. 

A pedido de Stepien, as crianças passaram a ler mensagens para Bolsonaro, entre elas uma que dizia: "nós crianças não queremos ideologia de gênero".

O presidente da República, Jair Bolsonaro Foto: Evaristo Sá / AFP

"Sabemos que, por 11 a 0, o STF derrubou uma lei municipal que proibia ideologia de gênero. Já pedi ontem para o (major) Jorge (Oliveira), nosso ministro [da Secretaria-Geral], para que providenciasse uma lei, um projeto federal. E devemos apresentar hoje esse projeto com urgência constitucional", respondeu Bolsonaro.

O Supremo julgou uma ADPF (arguição de descumprimento de preceito fundamental), proposta pela PGR (Procuradoria-Geral da República), contra a lei municipal de 2015.

Pela lei derrubada na Corte, era proibido "material com informações de ideologia de gênero" nas escolas de Novo Gama.

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O combate a abordagens de gênero ganhou força no Brasil com o movimento chamado Escola Sem Partido e também por iniciativas legislativas ligadas a grupos bolsonaristas.

O relator da ação no Supremo, ministro Alexandre de Moraes, concordou com o entendimento da PGR de que a lei viola de modo "formal e material" princípios e dispositivos constitucionais. Segundo a PGR, a lei do município goiano feria, entre outros pontos, o direito à igualdade, a laicidade do Estado, a competência privativa da União para legislar sobre diretrizes e bases da educação nacional, o direito à liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento.

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