O segundo dia de competição da Olimpíada de Pequim ficou marcado para o Brasil pelas lágrimas de frustração do judoca João Derly, bicampeão mundial que fracassou na busca por uma medalha olímpica, e pelo choro de alegria das ginastas brasileiras, que alcançaram um feito inédito para o país. A equipe feminina de ginástica artística do Brasil superou a dor e, liderada por Jade Barbosa e Daiane dos Santos, encerrou a fase de classificação da Olimpíada de Pequim com vaga garantida em quatro finais. O grupo formado por Jade, Daiane, Ana Cláudia Silva, Daniele Hypólito, Laís Souza e Ethiene Franco terminou a disputa por equipes em sétimo lugar e conquistou a façanha inédita para o Brasil de ficar entre as oito finalistas. O desempenho também rendeu a Jade Barbosa um lugar na final individual geral e na disputa pela medalha no salto sobre o cavalo. No solo, Daiane dos Santos será a representante brasileira entre as oito finalistas. Revelação Além de Jade, que foi a 12ª melhor ginasta do dia, o Brasil terá ainda uma segunda representante entre as 24 finalistas da disputa individual geral: a revelação Ana Cláudia Silva, de 16 anos. Apesar de ter terminado em 28º lugar na classificação, Ana Paula se beneficiou do regulamento que permite apenas duas ginastas por país na final. Com isso, uma chinesa, uma americana, duas russas e uma romena ficaram de fora, e a brasileira se tornou a 23ª classificada. Os bons resultados do Brasil no Ginásio Nacional de Pequim já haviam começado no dia anterior, quando Diego Hypólito se classificou para a final masculina do solo com a melhor pontuação da fase classificatória. Na disputa feminina, os melhores desempenhos da equipe brasileira foram registrados no salto sobre o cavalo e no solo, aparelhos em que o Brasil classificou Jade e Daiane para a final e alcançou a quinta melhor pontuação. Na classificação geral, Jade foi a sétima melhor no salto e Daiane, a quinta no solo. Nos outros dois aparelhos, trave e barras assimétricas, as ginastas brasileiras cometeram mais erros e acabaram fora da disputa por medalhas. O pior desempenho da equipe foi na trave, que chegou a provocar as primeiras lágrimas da noite em Jade, chateada com a queda que sofreu logo no início de sua apresentação. Nas barras assimétricas, Ana Cláudia Silva também esboçou um choro ao cortar a mão, mas voltou ao sorrir ao conseguir uma pontuação melhor do que esperava depois de cair na saída do aparelho. Judô No ginásio da Universidade de Ciência e Tecnologia de Pequim, as cenas de emoção foram bem menos felizes para o esporte brasileiro. Depois de vencer o sul-coreano Kim Joojin em uma luta muito difícil, o judoca gaúcho João Derly acabou derrotado pelo português Pedro Dias e ficou fora da disputa por medalhas. "A lição que ficou é que preciso me impor no jogo. Eu estava um pouco acuado, não sei por quê", disse Derly. "Isso acabou me prejudicando." Enquanto falava do sentimento de "frustração" que vivia, o bicampeão mundial da categoria meio-leve (até 66 kg) chegou às lágrimas ao lembrar do apoio que recebeu de fãs, amigos e familiares. "É tanta coisa que a gente faz, tanta dedicação, tem vezes que a gente chora sozinho", contou o judoca. "Treinei muito duro no Brasil." "Se Deus quiser, estarei em Londres 2012", acrescentou. "Não vou desistir de lutar por uma medalha olímpica." BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.
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