Ciclone no Rio Grande do Sul: nº de mortos chega a 11 e equipes procuram desaparecidos

Mais de 2,3 mil pessoas precisaram ser resgatadas pelo Corpo de Bombeiros; governo diz que prioridade é fazer buscas e atender população ilhada

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Por Priscila Mengue
Atualização:

A Defesa Civil do Rio Grande do Sul confirmou neste sábado, 17, o aumento para 11 no total de mortes relacionadas à passagem do ciclone extratropical pela costa do Estado. Equipes fazem buscas por ao menos oito desaparecidos. A prioridade neste momento é atender os moradores ilhados na região metropolitana de Porto Alegre, especialmente no Vale dos Sinos, e no litoral norte.

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Mais de 2,4 mil pessoas precisaram ser resgatadas pelo Corpo de Bombeiros de residências, unidades de saúde e outros espaços inundados, ilhados ou em risco. Segundo a corporação, foram atendidas mais de 1,5 mil ocorrências, com efetivo de 440 bombeiros voltados exclusivamente a esse tipo de operação.

De acordo com a Defesa Civil, mais de 2,3 mil desabrigados e 602 desalojados foram atendidos em ao menos 40 municípios. Além disso, foram registrados deslizamentos, enxurradas, inundações e quedas de pontes e outras ocorrências que dificultam o acesso a áreas atingidas. Algumas estruturas foram interditadas por risco de colapso.

As mortes foram registradas em Maquiné (3), São Leopoldo (2), Novo Hamburgo, Caraá, Bom Princípio, São Sebastião do Caí, Esteio e Gravataí.

Além disso, um barco pesqueiro naufragou no litoral de Santa Catarina na noite dessa sexta-feira, 16. As equipes da Marinha buscam ao menos oito desaparecidos.

A Defesa Civil do Estado emitiu alerta para risco de deslizamentos e inundações diante das cheias dos Rios Caí, Sinos, Gravataí e Guaíba. Moradores de diferentes cidades estão desabrigados, desalojados e ilhados. O funcionamento de serviços públicos, escolas e eventos também foi interrompido, suspenso ou afetado.

Mais de 120 mil residências seguiam sem fornecimento de energia elétrica até as 9 horas deste sábado, segundo a CEEE-Equatorial, responsável pelo serviço. Do total, 100 mil estão na Grande Porto Alegre e 20 mil no litoral norte.

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Na noite de sexta-feira, o governo Eduardo Leite (PSDB), visitou Maquiné e disse que a prioridade é “encontrar os desaparecidos e salvar pessoas que possam ainda estar ilhadas por causa das inundações”. “Paralelamente a isso, vamos avaliar os danos em pontes, estradas e moradias para que possamos atuar na recuperação destas estruturas”, completou em postagem em rede social.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) telefonou na sexta-feira para o governador gaúcho. O ministro da Integração e Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, prometeu a liberação de recursos federais para ajudar os Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina a recuperar as cidades atingidas. De acordo com o ministro, recursos que estavam disponíveis e não foram utilizados durante a pandemia de covid-19 serão redirecionados aos dois Estados.

Neste sábado, 17, acompanhado do ministro-chefe da Secretaria de Comunicação, Paulo Pimenta, e do governador Eduardo Leite, Góes fez um sobrevoo às regiões atingidas pelo ciclone no Rio Grande do Sul. Durante o sobrevoo a Caraá, uma das cidades mais atingidas, o ministro disse ao governador que a União ajudará a reconstruir cerca de 50 casas que ficaram destruídas com a passagem do ciclone. O próprio ministro relatou que a situação ainda era grave, com muitas áreas alagadas e estradas interrompidas.

Conforme Pimenta, o ministro Waldez Góes estava se deslocando para o Ceará quando recebeu determinação do presidente Lula para mudar o destino.

Rio Grande do Sul registrou inundações, deslizamentos e descargas elétricas em decorrência de passagem de ciclone extratropical Foto: Defesa Civil do RS/Divulgação

Em Maquiné, centenas de famílias foram abrigadas no salão paroquial após as chuvas chegarem a 233 mm em 12 horas, com ventos de mais de 100 km/h. Segundo Leite, os dois desaparecidos no município são moradores de uma mesma residência, atingida por um deslizamento. “Estamos dando toda a assistência”, disse, em anúncio na noite de sexta-feira.

O governador também comentou sobre um levantamento que será feito sobre as famílias vulneráveis atingidas e danos às plantações. Maquiné tem cerca de 6,7 mil habitantes.

O prefeito de Maquiné, João Marcos Bassani (PDT), afirmou que foi a maior enchente já registrada no município e que mais de 200 famílias foram afetadas. “Claro que havia os alertas, mas a dimensão não era esperada. E muitas famílias foram pegas de surpresas, pelo nível de água que subiu”, declarou.

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Na quinta-feira à noite, o prefeito fez um apelo para a população deixar as casas, o qual chamou a atenção nas redes sociais. “Estou pedindo, implorando: saiam”, dizia. / COLABOROU JOSÉ MARIA TOMAZELA

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