Criança de 10 anos morre baleada a caminho da escola em Maricá, no Rio de Janeiro

Disparo que atingiu Dijalma de Azevedo pode ter sido efetuado durante um confronto entre policiais militares e criminosos na região. Caso é investigado

PUBLICIDADE

Foto do author Caio Possati
Por Caio Possati
Atualização:

Um menino de 10 anos morreu nesta quarta-feira, 12, durante um confronto entre policiais militares e criminosos na cidade de Maricá, no Rio de Janeiro. A criança, identificada como Dijalma de Azevedo, estava a caminho da Escola Municipal Professor Darcy Ribeiro, quando foi atingida pelos disparos. Outras duas mulheres também se feriram e foram encaminhadas para o Hospital Dr. Ernesto Che Guevara com o quadro de saúde estável.

Não há ainda a confirmação de quem teria efetuado o tiro que vitimou a criança. A Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí (DHNSG) informou que instaurou inquérito para investigar a morte de Dijalma. “Testemunhas serão chamadas para prestar depoimento e demais diligências serão realizadas para identificar a autoria do disparo que atingiu a vítima e esclarecer o caso”, informou a Polícia Civil do Rio de Janeiro, em nota.

O jovem Dijalma de Azevedo estava a caminho da escola, a E.M. Prof. Darcy Ribeiro, quando foi atingida por um disparo e morreu no local. Foto: Google Street View - 2016

PUBLICIDADE

Na versão da Polícia Militar, equipes do 12.º Batalhão, de Niterói, foram atacadas por criminosos armados quando faziam o policiamento na Estrada do Bosque Fundo, no bairro Inoã, próximo a um condomínio do Minha Casa Minha Vida. Segundo a PM, uma viatura também foi atingida pelos disparos, e os supostos autores dos tiros conseguiram fugir. “Após confronto, os policiais encontraram um menor de idade atingido e já sem vida”, informou a polícia, também por meio de comunicado.

Ainda segundo a PM, os agentes que participaram da ocorrência estavam com câmeras operacionais, e afirmou que as imagens gravadas foram “enviadas à Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí”. A Corregedoria Geral de Polícia Militar também segue acompanhando o caso.

Em protesto contra a morte da criança, moradores da região atearam fogo em objetos e fizeram interdição de vias. A mobilização foi dispersada por agentes da polícia militar.

Dijalma de Azevedo foi a oitava criança a morrer por arma de fogo no Estado do Rio de Janeiro em 2023 - média de mais de uma por mês. O dado é da Organização Não Governamental Rio de Paz, responsável por um levantamento da quantidade de jovens de até 14 anos que morrem em território fluminense por circunstâncias semelhantes a Dijalma.

Segundo os dados da ONG, 99 crianças e adolescentes foram vítimas de bala perdida no Rio de Janeiro. A maioria negra e da favela, afirma Rio de Paz em nota divulgada nesta quarta.

Publicidade

“Mostre-nos em qual nação livre e desenvolvida há confronto entre policiais e bandidos justamente em local e hora que crianças estão se dirigindo para a escola”, questiona Antonio Carlos Costa, fundador da ONG. “Percebe-se na cultura das operações policiais do Rio de Janeiro uma histórica obsessão com a prisão e morte de bandidos em detrimento da segurança da população”, completou.

Por motivos de segurança, a Secretaria de Educação do município suspendeu as aulas nas duas escolas da região onde aconteceu o conflito.

A prefeitura de Maricá afirmou que disponibilizou uma equipe de psicólogos e psicopedagogos para atender a família de Dijalma, e disse também equipes das secretarias de Direitos Humanos e Assistência Social foram ao local prestar apoio aos parentes da vítima logo após o ocorrido.

“Não vamos deixar que esse crime fique impune, nem que tragédias como essa, incomuns na nossa cidade, sejam naturalizadas”, disse o prefeito de Maricá, Fabiano Horta.

“A Prefeitura de Maricá lamenta profundamente a morte do aluno Dijalma de Azevedo, de 10 anos, ocorrida de forma violenta na manhã desta quarta-feira, 12/07, devido a um tiroteio entre bandidos e policiais no conjunto habitacional Minha Casa, Minha Vida, em Inoã, no momento em que Dijalma saía de casa para ir à Escola Municipal Professor Darcy Ribeiro”, disse a administração em nota.

O município declarou estar de luto pela morte de Dijalma.

.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.