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Cem anos em dez partidas

No ano passado, o Palmeiras liderava o Campeonato Brasileiro a dez rodadas do final e só tinha perdido quatro partidas até então. Era difícil prever que pudesse perder outras quatro e jogar fora sua vantagem na liderança. Mas foi o que aconteceu. Na época, a diretoria colocou a culpa no técnico tricampeão, Muricy Ramalho, que não montara aquela equipe e que tinha recém-conseguido boas vitórias fora de casa. A inadequação de Muricy à cultura interna e vice-versa certamente pesou, mas o que pesou mais foi a ausência de alguns jogadores fundamentais, como Cleiton Xavier e Marcos, e a oscilação técnica de outros, como Diego Souza e Vagner Love, justamente nesse período de maior cobrança. Enquanto isso, o Flamengo pacificado com a permanência do treinador, Andrade, e os investimentos para atuar com Adriano e Petkovic no ataque, no segundo turno, ascendeu até o topo e o título.

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Por danielpiza
Atualização:

Estará acontecendo o mesmo com o Corinthians agora? O time nem chegou a abrir muitos pontos na liderança, a qual ficou com o Fluminense por diversas rodadas, mas houve um momento - da 19ª à 24ª rodada - em que parecia o principal candidato ao título, com Elias mais adiantado, protegido por Ralf e Jucilei, boas opções no banco como Paulinho e até Danilo e um atacante fazendo gols em quase todos os jogos, Iarley. Aí houve a contusão da afinada dupla de zaga, Chicão e William, e do multitarefas Jorge Henrique. Bruno César, artilheiro do time, caiu de produção, seguido logo depois por Iarley. Alessandro e Roberto Carlos sentiram a idade, e referências do ataque como Dentinho e Ronaldo não voltaram nunca. Resultado? Nas últimas cinco rodadas, três derrotas e dois empates.

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Antes de passar vergonha diante do "rebaixando" Atlético-GO no Pacaembu, a torcida mais fanática, como sempre tolamente, foi ao clube fazer pressão sobre os jogadores. Para variar, quem pagou o preço foi o técnico, Adilson Batista - mesmo que tenha deixado o time mais exposto, menos compacto, e deslocado Bruno César da posição onde rende melhor. Mais uma vez, os desfalques e os desgastes foram mais determinantes. O estrago só não foi maior porque o Fluminense também decaiu, com duas derrotas nos últimos dois jogos, igualmente vergado por lesões. Hoje, contra o Vasco, o Corinthians tem uma chance - talvez a última - de mostrar que não passou pelo mesmo "tilt" do Palmeiras no ano passado. Com esse jogo, vai igualar o número de partidas de Cruzeiro e Fluminense. Se vencer, fica em segundo lugar, atrás do Cruzeiro, com quem ainda tem confronto direto. A zaga titular está de volta, Elias também, etc. O próximo adversário é o Guarani; Ronaldo deve estar em campo. Mas...

Mas ainda não há técnico e boa parte do elenco parece estar no limite de suas forças. Para se superar, o Corinthians só pode pensar de um modo: nas dez próximas partidas, cem anos estarão em jogo.

SELEÇÃO

Irã e Ucrânia foram testes bem mais tranquilos do que o primeiro enfrentado pela jovem equipe de Mano Menezes, contra os EUA. A Ucrânia ainda deu trabalho, com gol mal anulado e marcação mais coesa, mas ela e o Irã são tecnicamente tão inferiores que a vitória em geral é uma questão de tempo. Mesmo assim, nada justifica que já estejam acusando a seleção de não jogar para frente, como a de Dunga na Copa da África do Sul. Há enorme diferença no meio-campo, com volantes mais leves e objetivos como Lucas, Ramires e Elias, e na lateral esquerda, com André Santos. Mesmo sem Ganso e Neymar, a criação por conta de Daniel Alves e Robinho funcionou a contento, e o ataque com Pato e/ou Nilmar vive boa fase. Mas o que não dá para negar é que em breve será necessário sair da etapa experimental e convocar alguns mais experientes. Muita leveza, contra adversários como a Argentina, pode pesar bastante.

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("Boleiros")

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