A polícia matou na manhã desta quarta-feira um assaltante que vigiava o cativeiro onde estava um menino de 8 anos, seqüestrado horas antes, a caminho da escola. É o sétimo seqüestrador morto pela polícia, na Grande São Paulo, em dois meses. Para libertar o menino, os criminosos exigiam R$ 50 mil. "Seu marido tem dinheiro. Se não pagar, vamos mandar o garoto morto para sua casa", disse um dos seqüestradores a Denise de Mello, de 37 anos, seqüestrada com o filho e libertada para conseguir o dinheiro do resgate. O ladrão morto, segundo a polícia, fazia parte da quadrilha de seqüestradores conhecida como "gangue do palhaço" - seus integrantes têm nos braços tatuagens do rosto de um palhaço. Outras duas pessoas do grupo - um homem e uma mulher - trocaram tiros com os policiais e fugiram do cativeiro. A mulher, Walquíria Matosinhos Cavallin, de 22 anos, é suspeita de estar envolvida em vários seqüestros e assaltos. Denise, que trabalha como secretária, colocou os dois filhos, de 8 e 12 anos, em seu Pólo Classic 97 e saiu de casa, no Jardim Domitília, zona sul de SP, pouco antes das 7 horas, a caminho da escola. Depois de andar alguns quarteirões, o Pólo foi fechado por um Gol branco, ocupado por dois homens armados. Quando percebeu que seriam vítimas de um assalto, Denise mandou o filho de 12 anos fugir. O menino abriu a porta e correu. Ela e o outro filho, H., de 8 anos, que estava no banco de trás, foram ameaçados e obrigados a entrar no carro dos seqüestradores. Na Avenida Cupecê, em Cidade Ademar, os seqüestradores mandaram Denise descer e a orientaram a conseguir os R$ 50 mil "o mais rápido possível". Ela argumentou que o marido estava trabalhando no Rio, teria dificuldade em levantar o dinheiro e pediu que nada fizessem ao menino. "O filho é seu e o problema é seu", disse um dos seqüestradores. Enquanto o menino era levado para o cativeiro na Rua Bilbao, 80, Vila Joaniza, Denise telefonou para o marido, Celso Swartele de Melo, de 36 anos, funcionário de uma empresa de cobranças no Rio, e para a Polícia Militar, informando sobre o seqüestro. Duas horas depois, o Centro de Operações da PM recebeu um telefonema. Um menino com uniforme escolar fora visto sendo retirado de um Gol branco e chorando muito. "Ligamos um fato a outro e fomos verificar se o garoto era o seqüestrado", disse o tenente José Valentin, das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota). Os PMs foram recebidos a tiros. O menino foi encontrado num quarto. Um dos seqüestradores foi baleado e morreu no Pronto-Socorro do Jabaquara.
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