Dilma negocia apoio de Geddel na Bahia

Candidata do PT à Presidência e ex-ministro tiveram ontem, em Brasília, encontro intermediado pelo deputado Michel Temer

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Por Marcelo de Moraes
Atualização:

Os governistas deflagraram ontem a Operação Bahia, para impedir que integrantes da base de apoio do presidente Lula no Estado troquem a campanha da petista Dilma Rousseff pela do tucano José Serra. Ontem, Dilma se reuniu de manhã com o ex-ministro da Integração Nacional Geddel Vieira Lima (PMDB), derrotado na corrida pelo governo baiano, que ficou muito insatisfeito com a falta de apoio da ex-ministra e de Lula à sua campanha.Hoje, Dilma deverá se reunir também com o senador baiano Cesar Borges (PR), que não foi reeleito e também ficou contrariado com a falta de apoio do governo federal.Geddel foi levado ao encontro de ontem pelo presidente da Câmara e candidato a vice-presidente de Dilma, Michel Temer (PMDB-SP), que percebeu o risco de perder o aliado para campanha de Serra. Numa conversa na terça-feira, Temer viu que era real a possibilidade de Geddel deixar de lado o apoio dado a Dilma no primeiro turno e até passar a apoiar Serra, de quem é amigo, no segundo turno.A queixa do ex-ministro para Temer foi a de que Dilma e Lula não mantiveram o acordo de manter dois palanques no Estado, dividindo igualmente seu apoio para ele e para o governador Jaques Wagner, do PT. Na reta final da campanha, esse apoio se concentrou em Wagner, líder das pesquisas, que venceu no primeiro turno.Perto do dia da eleição, Dilma chegou a declarar que, como apenas Wagner tinha chances de se eleger, seu apoio passaria a se concentrar nele. Geddel não escondeu seu aborrecimento com a história.Esse clima piorou depois que as urnas mostraram a vitória de Wagner, com Geddel chegando em terceiro lugar e com Cesar Borges perdendo a reeleição para Walter Pinheiro, do PT, e Lídice da Matta, do PSB. Geddel chegou a tirar de seu site as fotos que mantinha de Dilma.Temer identificou que a possível dissidência poderia ter um elevado custo para Dilma no segundo turno baiano. Geddel terminou em terceiro lugar, mas conseguiu um patrimônio expressivo nas urnas, recebendo 1 milhão de votos na disputa (15,56% dos votos válidos). Borges somou até mais na corrida pelo Senado, recebendo 1,5 milhão de votos.Depois de conversar com Geddel no dia anterior, Temer recebeu o sinal verde para acertar a conversa com Dilma. O encontro acabou acontecendo de manhã, no local onde a ex-ministra grava seus programas e praticamente pavimentou o caminho de acordo entre os dois lados, embora o ex-ministro tenha dito que precisa consultar as bases para saber que candidato apoiará.Geddel mantém influência no Ministério da Integração Nacional, cujo titular, João Santana Filho, é seu afilhado políticoApesar disso, Geddel já ajudou Temer a abrir diálogo com Cesar Borges, que pretendia ocupar a tribuna do Senado para discursar contra o comportamento do governo em relação à sua campanha. Hoje, ele, Borges e Temer podem acertar a consolidação da Operação Bahia para tentar conter uma fuga de votos para a campanha tucana.

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