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Em quatro meses, um prefeito do PT morto, outro ameaçado

Por Agencia Estado
Atualização:

Nos últimos quatro meses, no Estado de São Paulo, um prefeito do PT - o de Campinas, segunda maior cidade paulista - foi assassinado e outro - o de Embu, pequena cidade da região metropolitana da capital - sofreu um ataque a bomba em sua casa. O prefeito de Campinas, Antonio da Costa Santos, o Toninho do PT, foi morto no final da noite de 10 de setembro passado - a véspera dos ataques terroristas ao World Trade Center e ao Pentágono. Passados quatro meses, o crime permanece sem solução. Sequer se sabe se foi um crime político ou comum. Na quinta-feira passada, dia 17, a polícia de Campinas ouviu, durante três horas, o depoimento de mais um dos acusados de matar o prefeito de Campinas, Antonio da Costa Santos, o Toninho do PT. Anderson Rogerio David, de 20 anos, o "Boca", voltou a negar participação no delito, dizendo que estava na casa de sua sogra, na noite do crime. " Sou injustiçado", afirmou. Os policiais do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) que passaram a investigar o caso, após o Ministério Público considerar insuficientes as provas obtidas pela polícia de Campinas, perguntaram a Boca se ele saberia quem poderia ter assassinado o prefeito, e questionaram-no sobre se algum policial estaria envolvido. O suspeito disse não saber nada sobre o delito. Preso no fim do ano passado, Boca confessara ter sido um dos autores do homicídios. Depois, voltou atrás e afirmou que havia sido pressionado para confessar. "Depois que fiz 18 anos eu parei de roubar", disse o suspeito. Sua advogada, Romilda Maria da Costa Dias do Vale, afirmou que deve entrar na Justiça com um pedido de indenização contra o Estado pelos danos impostos ao seu cliente. Durante a tarde de hoje, policiais do DHPP e promotores reuniram-se com a prefeita da cidade, Izalene Tiene (PT), para informar os rumos das investigações. Para a polícia, dificilmente a apuração apontará autores diferentes dos já constatados pela inquérito feito na delegacia seccional da cidade. Além de Boca, já foram ouvidos, nesta nova fase, outros dois suspeitos do crime: Globerson Silva e Flávio Claro. O quarto acusado do delito, A.S.C., de que época dos fatos tinha 17 anos e agora já tem 18, ainda será ouvido pelos policiais. O ataque à casa do prefeito do Embu No dia 28 de novembro, pouco depois das 4 horas da madrugada, uma bomba explodiu na casa do prefeito do Embu das Artes, Geraldo Cruz. A bomba teria sido lançada na varanda superior do sobrado e destruiu a porta do quarto onde o prefeito dormia com a esposa, além de derrubar parte da laje da garagem da casa. O casal sofreu ferimentos leves, ao ser atingido pelos estilhaços, mas a explosão não teve consequências mais graves. Geraldo vinha tendo uma atuação política polêmica desde 1999, quando era vereador pelo PT e fez denúncias contra o ex-prefeito e outros veradores daquele município, o que resultou no afastamento de 18 de seus pares. Desde então passou a sofrer ameaças de morte e, durante um período, recebeu proteção policial. Eleito no ano passado, desde que assumiu a Prefeitura tem descontentado o que chama de "grupos priveligiados pela gestão anterior", entre eles perureiros e taxistas. "Meu antecessor vendia placas de táxis, inclusive para profissionais de São Paulo. Aqui havia casas que tinham até 26 táxis. Iniciamos um processo que resultou no cancelamento de 157 táxis", explicava Geraldo. A limitação do número de peruas que poderão realizar o trabalho de lotações também incomodou a grande quantidade de clandestinos daquela cidade. Ele não acusava diretamente os taxistas nem os perueiros das ameaças que vem recebendo por carta ou de outras maneiras, nem tampouco do atentado sofrido nesta madrugada. Mas, como estes faziam parte dos grupos descontentes com sua administração, ele suspeitava de que pudessem ter alguma relação com esses fatos. Logo depois do atentado, o diretório estadual do recomendou aos prefeitos do partido que reforçassem sua segurança. No mesmo dia do ataque à casa do prefeito de Embu, o secretário de governo da Prefeitura, Paulo Gianazzi, também teve sua casa atingida por uma bomba durante a madrugada, segundo informou o presidente estadual do PT, Paulo Frateschi.

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