Expectativa de vida volta a subir e chega a 75,5 anos após queda causada pela covid, diz IBGE

No ano mais mortal da pandemia, esperança de vida ao nascer chegou a cair para 3,4 anos; mulheres vivem mais do que os homens

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Por Daniela Amorim (Broadcast)
Atualização:

RIO – A explosão na mortalidade da população nos anos de pandemia reduziu abruptamente a expectativa de vida do brasileiro, após anos seguidos de avanço gradual. A esperança de vida ao nascer desceu de 76,2 anos em 2019, no pré-crise sanitária, para 74,8 anos em 2020, caindo a um piso de 72,8 anos em 2021, recuperando-se apenas parcialmente para 75,5 anos em 2022.

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Os dados são das Tábuas Completas de Mortalidade 2022, divulgadas nesta quarta-feira, 29, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O levantamento atual incorpora dados preliminares do Censo Demográfico 2022 e informações atualizadas de registros de óbitos no País.

Em 2021, ano mais mortal da pandemia, a expectativa de vida caiu 3,6 anos entre os homens (para 69,2 anos) em relação a 2019, no pré-covid, e 3,2 anos para as mulheres (para 76,5 anos). Na média da população, a perda foi de 3,4 anos de esperança de vida entre 2019 e 2021.

As projeções para a população futura do País - calçadas nos contingentes populacionais do Censo 2010 e revistas em 2018 - apontavam que o brasileiro teria uma expectativa de vida ao nascer de 77,2 anos em 2022, ou seja, 1,7 ano maior do que o constatado agora, em que é sentido o efeito da covid.

“Com os anos de pandemia, fica claro o aumento das mortes e o efeito que isso tem contrário: quanto mais mortes você tem, menor é a esperança de vida ao nascer de uma população”, apontou Izabel Guimarães Marri, técnica responsável pela pesquisa do IBGE.

Tendência no Brasil e no mundo é de aumento do número de idosos nas próximas décadas Foto: Charles Platiau/Reuters

Pico de 1,8 milhão de mortes

Segundo o IBGE, o envelhecimento da população já vinha resultando em aumento gradual nos registros de óbitos no Brasil, passando de menos de 1 milhão de mortes registradas no ano 2000 para cerca de 1,349 milhão em 2019.

“No caso brasileiro, espera-se aumento no número de óbitos registrados ao longo das décadas, tanto pelo envelhecimento da estrutura etária da população, quanto pela melhoria na cobertura dos óbitos registrados”, diz o instituto.

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No entanto, o número absoluto de óbitos registrados saltou a 1,556 milhão em 2020, subindo ainda a um ápice de 1,832 milhão em 2021. Em 2022, foram registrados 1,542 milhão de óbitos, “valores ainda elevados em relação à tendência histórica pré-pandemia”.

Segundo Izabel, se a crise que gerou o pico de óbitos for controlada sem efeitos duradouros nos próximos anos e a tendência é que haja retorno do crescimento da esperança de vida do brasileiro ao longo do tempo.

“Na prática, ninguém acha que a gente vai viver por um longo período essas taxas de mortalidade em todas as idades observadas em ano de pandemia”, pondera Gabriel Mendes, pesquisador do IBGE.

Mortalidade infantil

O IBGE divulga, anualmente, as Tábuas Completas de Mortalidade para o total da população brasileira, com data de referência em 1º de julho do ano anterior, em cumprimento à legislação. As informações sobre a expectativa de vida do brasileiro são usadas como um dos parâmetros para determinar o fator previdenciário, no cálculo das aposentadorias do Regime Geral de Previdência Social.

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O IBGE divulgou ainda a taxa de mortalidade infantil, que aponta para 12,9 óbitos de crianças de 0 a um ano de idade incompleto a cada mil nascidas vivas em 2022. A mortalidade infantil foi de 11,7 por cada mil meninas de 0 a um ano incompleto, e de 13,9 meninos em cada mil.

Embora a covid-19 tenha provocado mais óbitos entre idosos do que entre jovens, a esperança de vida é afetada em todas as faixas etárias, incluindo o indicador de taxa de mortalidade infantil. Os resultados mais detalhados, com informações por Unidades da Federação, ainda dependem da divulgação de novas informações do Censo Demográfico 2022, comunicou o IBGE.

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