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Podcast 'No Ritmo da Vida': #35 Atuação de Djamila Ribeiro

Por Laís Gottardo
Atualização:

Por conta de experiências sociais e profissionais, a filósofa e professora Djamila Ribeiro entendeu que é da coletividade que vem a transformação e que "sem o conhecimento a luta é vazia e sem mobilização não há transformação". Sobre como atuou neste sentido ao longo de sua vida, ela conversa com Antônio Penteado Mendonça.

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Em 2017, quando lançou sua coleção de livros de autores negros, "Feminismos Plurais", a convidada queria combater a dificuldade de acesso que percebeu durante seus estudos. Dois anos depois, Djamila lembra, foram 174 eventos de lançamentos e hoje são 14 títulos. "Para mim, era importante conversar com as pessoas porque são livros muito bons, em que há um convite. Se estamos falando com pessoas sem acesso à Educação, precisamos compreender que a linguagem é fundamental, então todos os autores tinham de entender isso", conta. E completa: "Fazíamos parcerias para distribuição gratuita em comunidades e em instituições sociais, para dizer: 'este livro é para você'". Após a iniciativa, Djamila já expandiu seu trabalho e lançou um selo literário e o Espaço Feminismos Plurais, com atendimento jurídico e psicológico gratuitos, biblioteca, acesso à internet e projetos a mulheres empreendedoras, entre outras ações. "Para mim era muito importante devolver para a sociedade e fazer as pessoas entenderem que continuo meu trabalho apesar de ter atingido um nível de conhecimento", diz a professora.

"Precisamos de mais políticas públicas na Educação", afirma Djamila, que já trabalhou na rede pública de Ensino. "Precisávamos trabalhar de maneira mais transversal a concepção de políticas públicas - habitação, saneamento básico... às vezes queria cobrar um aluno de ler Kant, mas como fazê-lo se ele não tinha o que comer em casa? Eu era professora, psicóloga e mãe", lembra.

Para Djamila, a realidade estrutural é a mais difícil de mudar - em um país que "não é pobre e, sim, desigual" - mas é possível, a partir do enfrentamento às desigualdades. "Em um País como o nosso, temos de taxar grandes fortunas, fazer a reforma tributária e produzir políticas de Estado não de governo", opina ela - que também atuou no governo municipal paulistano, na Secretaria de Direitos Humanos. "Eu tive acesso a políticas públicas de Educação e o ciclo do trabalho doméstico na minha família foi quebrado na minha geração. As pessoas precisam entender o quanto essas ações precisam ser ampliadas e discutidas", finaliza.

 

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